Mundo | 28 de abril de 2015

Maior produtora de frangos de corte nos Estados Unidos deixará de utilizar antibióticos

Tyson Foods anunciou medidas para eliminar o uso até 2017
Maior produtora de frangos de corte nos Estados Unidos deixará de utilizar antibióticos

A empresa americana Tyson Foods, maior produtora de frangos dos Estados Unidos, deixará de usar antibióticos de uso humano em frangos. A empresa sediada no estado de Arkansas anunciou no dia 28 que planeja eliminar o uso de antibióticos em seus rebanhos até setembro de 2017.

Os antibióticos definidos como “clinicamente importantes” – assim denominados pela empresa – são aqueles que também são utilizados por pessoas. Estes medicamentos são usualmente utilizados ​​por produtores de carnes para tratar, prevenir doenças e promover o crescimento de animais nas fazendas.

Donnie Smith, diretor executivo da Tyson, disse em um comunicado de imprensa que a empresa já reduziu o uso de antibióticos em frangos de corte em mais de 80% desde 2011.

O anúncio de Tyson surge em meio a crescentes preocupações sobre superbactérias resistentes aos antibióticos em pessoas, problema ocasionado pelo uso generalizado destas drogas em animais de fazenda. Essa preocupação está levando cadeias de fast-food e consumidores a optarem por carne de animais criados sem antibióticos.

Em setembro passado, por exemplo, um  concorrente da Tyson Foods, a  Perdue, anunciou que 95% dos seus frangos foram criados sem antibióticos – ditos clinicamente importantes. Em março, a rede McDonalds – uma das clientes da Tyson – informou que iria servir somente frangos criados sem uso de antibióticos.

As vendas de frango sem este tipo de medicamento aumentaram 25%, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado com sede em Chicago, chamada IRI. Isso representa cerca de 11% das vendas totais de frango. As vendas de frango orgânico, que é, por definição, antibiótico-livre, aumentou 33% durante esse período.

Mesmo assim, as vendas de antibióticos para produtores de animais aumenta a cada ano, segundo divulgado pela agência reguladora de vigilância sanitária norte-americana, a FDA. Vendas no mercado interno e distribuição de medicamentos antimicrobianos, antibióticos, além de drogas como antivirais e antifúngicos, cresceram 20% entre 2009-2013.

A maioria dos anúncios dos produtores sobre a redução do uso de antibióticos trata quase que exclusivamente à produção de carne de frango. Smith, da Tyson Foods, diz que sua empresa está tentando eliminar os antibióticos “clinicamente importantes” na carne de porco, carne bovina e de peru, embora nenhum cronograma para a efetivação de novas medidas tenha sido anunciado.

A Tyson irá continuar a usar os ionóforos, uma classe de antibióticos para o tratamento de doença intestinal nos frangos, que não trazem consequências para a saúde humana.

“Se realmente cumprirem com sua palavra, acredito que será um grande passo”, diz Bob Martin, diretor do Food System Policy Program na tradicional John Hopkins Bloomberg School of Public Health. “É para onde o mercado está indo”, finalizou.

A questão das superbactérias tem gerado grande preocupação pelo mundo. O governo britânico emitiu um alerta, dia 6 de abril, sobre a possibilidade de milhares de pessoas morrerem se ocorrer um surto de infecções resistentes a medicamentos. De acordo com o aviso, cerca de 80 mil pessoas podem perder a vida por causa das chamadas “superbugs”. Em março, o poder executivo americano, anunciou um novo plano para travar a propagação de bactérias resistentes a antibióticos.

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