Gestão e Qualidade | 15 de maio de 2017

Hospital Moinhos de Vento realiza Simpósio de Enfermagem

Experiência do paciente foi um dos temas de destaque
Hospital Moinhos de Vento realiza Simpósio de Enfermagem

O Hospital Moinhos de Vento realizou nos dias 11 e 12 de maio o III Simpósio Internacional de Enfermagem, na sede da instituição, em Porto Alegre. O evento teve como tema ‘A ciência do cuidar e a experiência do paciente ‘ e abordou a importância da liderança, o protagonismo da enfermagem no cuidado centrado no paciente e a eficiência nos processos assistenciais. Para isso, o Moinhos recebeu profissionais de renome na área de saúde, como enfermeiras e especialistas da Johns Hopkins Medicine e da Clínica Las Condes – do Chile.

Na abertura do evento, o economista Mohamed Parrini, Superintendente Executivo do Hospital Moinhos de Vento, destacou que “o cuidado de excelência, centrado no paciente, com desfechos mensurados, é a prática diária da equipe de enfermagem do Hospital Moinhos de Vento”, e agradeceu a todos os enfermeiros pelo profissionalismo, competência e dedicação.

Mohamed Parrini e Vania Rohsig

Mohamed Parrini e Vania Rohsig

 

Em entrevista ao Setor Saúde, Rubia Rubia Maestri – Gerente de Enfermagem do Hospital Moinhos de Vento – afirmou que a ideia do Simpósio é trazer “um pouco o que está sendo trabalhado de inovação, e as melhores práticas para compartilhar com as pessoas”. Segundo Rubia, “a expectativa [com as profissionais da Johns Hopkins e da Las Condes] é de muita troca, que as pessoas que estão vindo de diversos hospitais possam compartilhar conosco e construir o futuro da enfermagem”.

Sobre as características que o enfermeiro e que a própria enfermagem deve ter neste futuro, a gerente afirma que o que se busca é fornecer uma atenção melhor, ou seja, “individualizar e tornar a experiência do paciente aos nossos cuidados um pouco melhor”, e que seja um cuidado “com qualidade, com segurança, e também centrado nas necessidades e nas expectativas do paciente e da família”, comenta Rubia. Para ela, o desafio “é lidar com toda essa tecnologia, com toda essa necessidade de cuidar do processo para que tudo aconteça certo e, ao mesmo tempo, tentar acolher e assistir essa pessoa que está conosco num momento de fragilidade”, conclui.

Forma de cuidar

Rubia ainda afirma que, como a equipe de enfermagem está 24 horas por dia ao lado do paciente, “o enfermeiro é o profissional capaz de captar a real necessidade do paciente e conseguir transformar a estada dele em algo especial”. Segundo a gerente, para melhorar o cuidado e a experiência do paciente no hospital, “muitas vezes não é necessário nem investimento financeiro [alto] e nem um recurso tecnológico [de última ponta]. É o jeito de cuidar, o jeito de atender”, completa.

Enfermagem Baseada em Evidências

No primeiro dia do evento, o destaque ficou por conta de Kim Bissett, enfermeira e especialista em práticas baseadas em evidência da Johns Hopkins Medicine. Em entrevista ao Setor Saúde, Kim afirmou que mundialmente está se tentando “construir uma cultura da prática baseada em evidências nos hospitais” para que, dessa forma, os enfermeiros se sintam “empoderados”. O objetivo é que os profissionais de enfermagem “possam tomar as melhores decisões nos cuidados do paciente e para melhorar o cuidado em si”, afirma a especialista. Esse trabalho, segundo Kim, também está voltado para diminuir as infecções adquiridas nos hospitais e para que o paciente “se cure melhor e mais rápido”, completa.

Para que isso aconteça, as equipes nas práticas baseadas em evidências estão cada vez mais interdisciplinares. Segundo Kim, “não são somente enfermeiros, são médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, e todos eles estão envolvidos no processo da prática baseada em evidências e todos eles informam e são informados das decisões tomadas”.

Além disso, a especialista afirma que há a necessidade de se ouvir mais o paciente, que ele tenha sua voz incluída no processo. “É crucial o envolvimento do paciente em seu próprio cuidado, porque quando ele sair do hospital, ele será responsável por manter o tratamento e as orientações [de recuperação]. Portanto, temos que ter certeza de que ele fará parte do cuidado desde o início”, conta a especialista. “Ouvi-los sobre o que está funcionando e o que não está”, conclui.

Kim Bissett e Sue Verrillo, do Johns Hopkins Hospital

Kim Bissett e Sue Verrillo, do Johns Hopkins Hospital

 

Experiência do paciente na Clínica Las Condes

Um dos destaques foi a apresentação do case Implantação do Escritório de Experiência do Paciente da Clínica Las Condes, do Chile, que assim como o Hospital Moinhos de Vento, é afiliado da Jonhs Hopkins. Barbara Boekemeyer, subgerente de experiência da Las Condes, explicou em entrevista exclusiva que “experiência do paciente é a interação entre a pessoa e a marca. A marca não como algo comercial, mas sim como nos vê e nos percebe o nosso paciente. É bem complexo porque trabalhamos em um plano muito mais operacional, mas mesmo assim devemos ir um pouco mais adiante e se preocupar com as emoções e necessidades do paciente”.

“ Antigamente [os hospitais] se preocupavam mais com a atenção médica, mas estudos já comprovam que as necessidades emocionais do paciente ajudam em sua recuperação e no resultado clínico também”, completou a especialista.

Barbara Boekemeyer disse que o desenho da metodologia implementada na instituição chilena levou um ano para ficar pronto, com a participação de cinco pessoas e de uma consultoria externa. “Após este processo, veio a parte de cocriação, com cerca de 200 pessoas envolvidas, a maioria [colaboradores] enfermeiros”. Segundo Barbara, os enfermeiros conhecem melhor o paciente, por terem contato dia a dia com os mesmos.

Um processo importante destacado por Barbara, dentro do escopo de atividades do Escritório de Experiência da Clínica Las Condes, são as mais de 30 mil pesquisas aplicadas com pacientes ao ano, que fornecem sustentação para as estratégias da instituição. “São 30 mil pesquisas ao ano com os pacientes, o que nos dá bastante embasamento, e nos deixa bastante tranquilos em relação ao que vem ocorrendo. Outra linha de trabalho são as sugestões e reclamações, que são diretamente encaminhadas ao Escritório do Paciente”.

“É importante ter um propósito que nos mova e que inclua o paciente. Quando trabalhamos para envolve-los bem, podemos fazer a diferença”, setenciou Barbara.

Vania Rohsig, Superintendente Assistencial do Hospital Moinhos de Vento, identificou que “as duas instituições [Las Condes e Hospital Moinhos] são muitas parecidas, até em número de leitos, mas também se assemelham bastante pela forma que entregamos o cuidado”.

Rohsig citou a afiliação com a Johns Hopkins como diferencial para o Hospital Moinhos de Vento, pois possibilita a transferência de boa práticas entre os parceiros. “O que eles [Las Condes] fizeram, e de uma forma muito bem organizada, foi mapear todos os pontos de contato com o paciente, e expor didaticamente para nós. Com esta parceria, estamos conseguindo fazer uma importante transferência de conhecimento. Este projeto que ela [Barbara] nos mostrou nos ajudará a avançar em relação à experiência do paciente”. Vania Rohsig explicou que mapear o antes e o depois da visita do paciente e seus familiares, como foi mostrado na palestra, é extremamente importante, de forma minusiosa e ampla.  “A experiência pode começar no call center e envolver até mesmo o estacionamento quando o paciente chega”, finalizou.

Barbara Boekemeyer

Barbara Boekemeyer fez apresentação do case “Implantação do Escritório de Experiência do Paciente” da Clínica Las Condes, do Chile

 

Fotos: Leonardo Lenkij. Apoio Assessoria de Comunicação HMV.

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