Estatísticas e Análises | 18 de maio de 2024

Anvisa aprova uso de dostarlimabe para primeira linha de tratamento de pacientes com câncer de endométrio

“A vinda da imunoterapia transformou o cuidado das pacientes com câncer de endométrio. Começamos a falar de um excelente controle de doença e de um ganho de sobrevida de forma robusta", explica Mariana Scaranti, líder nacional de Tumores Ginecológicos da Dasa Oncologia.
Anvisa aprova uso de dostarlimabe para primeira linha de tratamento de pacientes com câncer de endométrio

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a aprovação regulatória do dostarlimabe (Jemperli) para uso em primeira linha no tratamento do câncer de endométrio, tipo de câncer ginecológico. Em 2022, a terapia da biofarmacêutica GSK já havia recebido aprovação do órgão para o tratamento de pacientes em estágio avançado ou recidivado com deficiência de mismatch repair (dMMR) ou instabilidade de microssatélites (MSI-H) previamente expostas a um regime quimioterápico baseado em platina. O dostarlimabe é um anticorpo bloqueador do receptor de morte programada-1 (PD-1), que se liga ao receptor PD-1 e bloqueia sua interação com os ligantes PD-1, PD-L1 e PD-L2.5.


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Segundo a médica Mariana Scaranti, líder nacional de Tumores Ginecológicos da Dasa Oncologia, a aprovação é importante, pois a terapia representa um novo paradigma para pacientes que enfrentam o tumor de endométrio. “A vinda da imunoterapia transformou o cuidado das pacientes com câncer de endométrio. Começamos a falar de um excelente controle de doença e de um ganho de sobrevida de forma robusta. Por décadas, o tratamento do tumor foi baseado em quimioterapia isolada e felizmente, nossas estratégias de tratamento foram ampliadas”, explica.


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RUBY

Novos dados da fase III do estudo clínico RUBY trazem evidências positivas e apontam potencial para a terapia em mais pacientes com doença primária, avançada ou recorrente⁵. RUBY é um estudo de fase III global, randomizado, duplo-cego, multicêntrico, para pacientes com câncer endometrial primário avançado ou recorrente que investigou a eficácia e a segurança da associação de dostarlimabe à quimioterapia padrão no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de endométrio.

A Parte 1 do estudo de fase III RUBY investigou o dostarlimabe associado à quimioterapia padrão (carboplatina-paclitaxel) seguido de dostarlimabe em monoterapia em comparação com quimioterapia associada a placebo seguido de placebo. O principal objetivo foi avaliar quais pacientes com doença primária avançada ou recorrente podem ser beneficiadas com o tratamento à base de dostarlimabe mais quimioterapia.


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Na avaliação do grupo das pacientes com câncer de endométrio com deficiência de enzimas de reparo (dMMR) ou instabilidade de microssatélite (MSI-H) – uma alteração molecular do tumor que predispõe a melhor resposta à imunoterapia, os resultados são bastante expressivos. Estas pacientes apresentaram aumento da sobrevida livre de progressão da doença com redução de 72% de chance de aumento dos tumores ou morte.

Já na população total do estudo, foi observada redução de 31% no risco de morte e aumento de 16,4 meses na sobrevida global mediana observada com dostarlimabe mais quimioterapia versus quimioterapia na população em geral. O medicamento da GSK associado à quimioterapia é a única combinação imuno-oncológica que mostra benefício em sobrevida global clínica e estatisticamente significativa em uma população geral. A avaliação da sobrevida global é bastante significativa em estudos de oncologia porque este resultado representa as chances destas pacientes estarem vivas após o período avaliado em relação as pacientes que não fizeram o uso da medicação. Estes resultados também ampliam o uso para as pacientes que não possuem as alterações moleculares do tumor citadas acima.


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O RUBY faz parte de uma colaboração internacional entre a Rede Europeia de Ensaios Oncológicos Ginecológicos (ENGOT) e da rede de pesquisa da Sociedade Europeia de Oncologia Ginecológica (ESGO), que consiste em 22 grupos de ensaios em 31 países europeus que realizam pesquisas clínicas em cooperação.

Sobre o Câncer de Endométrio

O endométrio é o revestimento interno da cavidade uterina⁶. “É esse endométrio, que na mulher em idade fértil, se prepara para receber um embrião. E se não receber um embrião, parte desse endométrio descama na forma de menstruação. O caminho natural é que na pós-menopausa, esse revestimento interno do útero involua (regrida) em espessura. Nesta fase, a mulher tem o endométrio, mas ele tende para um caminho de atrofia”, explica Mariana.

Eventualmente o endométrio pode adotar um comportamento mais ativo após a menopausa. “Em uma situação de obesidade, por exemplo, em que há uma produção maior de estrogênio no tecido gorduroso, esse hormônio estimula o endométrio e ele começa a ficar mais proliferativo e espesso”. Em alguns casos, esse processo sai do controle e se torna um tumor. Ou seja, o câncer de endométrio é uma proliferação anormal deste revestimento interno da cavidade uterina. E ocorre tipicamente em mulheres no pós-menopausa⁷. Hoje, o principal fator de risco é a obesidade. Diferente de outros tumores, em que a expectativa é de redução nos casos, o tumor de endométrio tem uma previsão de crescimento global, principalmente, pela pandemia de obesidade.

O principal sintoma do tumor de endométrio é o sangramento uterino na pós-menopausa. “Para câncer de endométrio, não existe um exame eficaz para rastreamento. O sinal de que a mulher precisa procurar um ginecologista é o sangramento uterino no período do pós-menopausa⁹”, acrescenta Mariana. A grande maioria dos casos de tumor de endométrio são diagnosticados em estágio inicial. Segundo o Inca, são estimados cerca de 7 mil novos casos de câncer de endométrio por ano até 2025. As regiões Sul e Sudeste concentram cerca de 70% dos casos.

 

 



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