Mundo, Tecnologia e Inovação | 10 de setembro de 2015

Exames de sangue e de RNA e o futuro da medicina personalizada

Startups da área de análises clínicas surgem com força
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Novas tecnologias estão ocupando espaço de prestígio dentro do setor saúde. As inovações transformam a relação entre instituições, médicos e pacientes. Em artigo do mês de junho, o portal norte-americano de gestão e negócios Harvard Business Review, comparou o momento dessa integração tecnologia/saúde com a corrida do ouro ocorrida na década de 1840. “Acreditamos que dois modelos de negócios vão se destacar: Goldminers, que abrange uma área maior, e Bartenders, que oferece opções personalizadas e convenientes para atender necessidades mais rotineiras (http://setorsaude.com.br/tecnologia-personalizada-vai-derrubar-a-tradicional-relacao-medico-paciente/).

Um dos maiores exemplos de empresa conectada às estas novas mudanças é a Theranos, que tem revolucionado o mercado de análises clínicas nos EUA, oferecendo testes de baixo custo (http://setorsaude.com.br/lei-permite-que-pacientes-solicitem-exame-laboratorial-sem-previa-consulta-medica/). Da mesma forma, a Cofactor Genomics, da Califórnia, especializada em sequenciamento de RNA, é outro bom exemplo que poderá impulsionar a ruptura em relação aos tradicionais negócios de análises e diagnósticos na saúde.

A Theranos, avaliada em US$ 9 bilhões, já é realidade. Criada por Elizabeth Holmes, a empresa realiza testes baratos, rápidos (alguns ficam prontos em três horas) em clínicas que a empresa está abrindo dentro de uma grande rede de farmácias norte-americana. Muitos destes testes podem ser concluídos com apenas uma gota de sangue retirada da ponta do dedo do paciente, ou por uma pequena agulha pediátrica, que também retira uma pequena quantidade de sangue (http://setorsaude.com.br/invencao-possibilita-obter-resultado-de-30-exames-com-apenas-uma-gota-de-sangue/).

Mas quando se trata de diagnóstico, o DNA nem sempre é considerado o melhor indicador de doenças. O RNA é muito mais revelador, e por essa razão a startup Cofactor Genomics, recebeu recentemente um investimento de US$ 1,5 milhão da National Institutes of Health (agência governamental do departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA) para aperfeiçoar suas pesquisas.

“Quando as pessoas pensam sobre os exames de diagnósticos genéticos, pensam sobre DNA”, diz o CEO da Cofactor, Jarret Glasscock. Mas o DNA só dá estimativas de risco, segundo o executivo. É preciso haver um equilíbrio entre a análise de sangue e do DNA, a fim de fazer diagnósticos mais precisos. “A ideia de diagnóstico de RNA se encontra bem no meio”, salienta Glasscock.

O biólogo computacional e chefe de operações da Cofactor, Dave Messina, considera o RNA como o futuro da medicina personalizada. “Será um mercado de bilhões de dólares”, projeta. Muito se especula na área de diagnósticos, não apenas sob os lucros para empresas (como Cofactor e Theranos), mas referente a uma grande mudança na forma como as pessoas irão lidar com a saúde nos próximos anos.

A atual meta da Cofactor é desenvolver mais testes de RNA, tornando-os mais semelhantes aos exames de sangue. O objetivo é que o paciente vá ao médico, um flebotomista (profissional que recolhe amostras de sangue) recolhe uma amostra e a coloca no dispositivo da Cofactor, que envia diretamente ao médico responsável, por e-mail, os resultados. Este, por sua vez, faz a leitura e logo informa ao paciente o seu estado clínico.

Se as boas perspectivas se confirmarem, a empresa pretende trabalhar em testes que possam ser realizados pelos próprios pacientes, em casa. Especialistas em RNA consideram isso possível, através de amostras de saliva, semelhante ao modelo de exames da Theranos.

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