Mundo | 14 de fevereiro de 2014

Estudo polêmico diz que mamografia não salva vidas

Pesquisadores canadenses acompanharam 90 mil mulheres em 25 anos
Estudo polêmico diz que mamografia não salva vidas

Um novo estudo publicado pelo British Medical Journal corrobora com as evidências de que exames anuais de mamografia não garantem a redução do risco de uma mulher morrer de câncer de mama. O trabalho realizado pela Universidade de Toronto (Canadá) confirma descobertas anteriores de que muitas anormalidades detectadas pelo procedimento nunca seriam fatais, mesmo se não tratadas.

O debate sobre o benefício da mamografia não é novo. A pesquisa, de 25 anos, contou com 89.835 mulheres entre 40 e 59 anos, residentes no Canadá. As voluntárias realizaram exames anuais, além de avaliação das mamas pelo toque ou somente a avaliação física. No início das mamografias, entre 1980 e 1985, os médicos afirmavam que a avaliação salvava vidas ao detectar tumores em estágio inicial, considerados mais tratáveis, especialmente em mulheres entre 50 e 64 anos.

Porém, o estudo afirma que “não constatou redução na mortalidade por câncer com exames de mamografia”, o que foi constatado tanto “em mulheres na faixa dos 40-49 no início do estudo, quanto nas de 50-59”. Anteriormente, outro estudo publicado no New England Journal of Medicine em 2012, também concluiu que as mamografias têm somente um pequeno efeito na taxa de morte por câncer de mama.

Os defensores da mamografia argumentam que mulheres com câncer de mama diagnosticado vivem mais do que aquelas cuja doença é confirmada no exame físico. A recente pesquisa,no entanto, diz que essa vantagem é ilusória já que, se um câncer é agressivo e resistente ao tratamento, provavelmente será fatal, independentemente de quando tiver sido detectado. Dessa forma, a mamografia eleva o tempo conhecido de sobrevivência, mas não afeta o curso da doença.

Em torno de 22% dos cânceres invasivos detectados por mamografias eram inócuos, ou seja, não iriam causar sintomas ou morte para a paciente, o que representa um diagnóstico exagerado de câncer de mama para cada 424 mulheres que fizeram mamografia. No entanto, os pesquisadores ressaltam que os resultados podem não se aplicar a países onde o acesso a tratamentos mais avançados é limitado.

 

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