Mundo | 15 de maio de 2017

Em Portugal, participação privada na saúde chega a 50%

O número de hospitais privados cresceu muito em 10 anos e já representa quase metade do total
Em Portugal, participação privada na saúde chega a 50 porcento

Dos 225 hospitais que, em 2015, existiam em Portugal, 114 pertenciam aos serviços oficiais de saúde (111 do governo e 4 em contrato de operação no modelo Parceria Público-Privada, ou PPP) e 111 eram privados. O número de hospitais privados cresceu extraordinariamente entre 2005 e 2015 e representa já quase metade do total, tendo aumentado os serviços de urgências e os leitos de internação, segundo dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) organismo oficial do governo de Portugal. Considerando as PPP’s, a participação privada está presente em mais de 50% da rede hospitalar (atuando em 115 hospitais, contra 111 da rede pública).

Enquanto no continente a maioria dos hospitais pertence ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) – similar ao SUS brasileiro – nas regiões autônomas predominam os hospitais privados: três hospitais públicos e cinco privados nas ilhas de Açores e três hospitais públicos e seis privados na Madeira.

Em 2015, foram realizados cerca de 7,3 milhões de atendimentos nos serviços de urgência dos hospitais, 84,8% dos quais em hospitais públicos ou em PPP’s. Nos hospitais privados, os atendimentos nos serviços de urgência mais do que duplicaram entre 2005 e 2015, passando de 7,1% para 15,2%.

Os dados do INE indicam ainda que, em 2015, continuaram aumentando o número de leitos de internação nos hospitais privados. Nesse ano, existiam 35.223 leitos disponíveis e aparelhados para internação imediata de pacientes, das quais 68,2% em hospitais públicos ou em PPP (24.027) e as restantes 31,8% em hospitais privados (11.196).

Enquanto os hospitais públicos registravam, em 2015, aproximadamente menos 4.500 leitos de internação do que em 2005, no mesmo ano verificava-se o aumento de leitos nos hospitais privados. Quase 90% dos leitos de internação dos hospitais públicos ou em PPP no ano de 2015 encontravam-se em enfermarias, enquanto nos hospitais privados a percentagem de leitos de internação em enfermarias era inferior a 55%.

Nos privados, os quartos semiprivativos e privativos representavam cerca de 40% dos leitos de internação (4.629)”, enquanto nos hospitais públicos não vão além dos 286 leitos.

O INE refere que as especialidades com maior número de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais públicos ou em PPP foi a Oftalmologia, seguindo-se a ginecologia-obstetrícia, a cirurgia geral e a ortopedia. Nos privados, foram a ortopedia, a oftalmologia e a ginecologia-obstetrícia. Ainda em 2015, foram realizadas nos hospitais portugueses 911 mil cirurgias e cerca de 189 mil pequenas cirurgias. “Cerca de 73% das cirurgias (exceto pequenas cirurgias) foram realizadas em hospitais públicos ou em PPP, das quais 84,2% foram programadas, ou seja, decorrentes de admissões programadas”, lê-se na nota do INE.

Em relação aos hospitais privados, as cirurgias programadas tinham um peso maior: 97,3% do total de cirurgias em 2015. O mesmo documento aponta para 140 milhões de atos complementares de diagnóstico nos hospitais portugueses, em 2015.

Perto de 92% destes atos foram realizados em hospitais públicos ou em PPP, o que representa um reforço do peso percentual em relação ao ano 2014 e contrasta com a diminuição dos atos complementares de diagnóstico realizados pelos hospitais privados: de 12,8 milhões em 2014 para 11,8 milhões em 2015. Pelo contrário, foram sobretudo os hospitais privados que aumentaram o número de atos complementares de terapêutica realizados, passando de 6,1 milhões em 2014 para 6,8 milhões em 2015. Nesse ano, foram realizados cerca de 23,7 milhões de atos complementares de terapêutica, principalmente em hospitais dos serviços oficiais de saúde (71,3%).

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