Tecnologia e Inovação | 2 de dezembro de 2023

Einstein realiza procedimento inédito no Brasil em paciente com síndrome de Marfan

Equipe realizou pela primeira vez no país uma septotomia térmica endovascular, procedimento que utiliza técnicas de cateterismo para reestabelecer o fluxo sanguíneo para os órgãos.
Einstein realiza procedimento inédito no Brasil em paciente com síndrome de Marfan

Einstein realizou pela primeira vez no Brasil uma septotomia térmica endovascular no abdome em um paciente acometido por uma dissecção de aorta, quadro caracterizado por uma lesão na parede da artéria que faz com que o sangue invada suas camadas mais internas podendo diminuir a irrigação em determinados órgãos ou, nos casos mais extremos, provocar seu rompimento. O procedimento consiste em se realizar um corte controlado na parede doente do vaso, de forma minimamente invasiva, por meio de cateteres e fios inseridos dentro dos vasos, permitindo melhorar o fluxo sanguíneo para os órgãos.

A complicação, identificada no ramo visceral, se deu em virtude do diagnóstico de síndrome de Marfan – uma doença rara (1 para 5 mil habitantes, segundo a Instituição Americana Centers for Disease Control and Prevention) e, muitas vezes, fatal, que afeta os tecidos conjuntivos.

A septotomia foi feita pela equipe de medicina intervencionista do hospital, na unidade Morumbi, sob a supervisão do professor visitante Dr. Gustavo S. Oderich – chefe de Cirurgia Vascular e Endovascular, diretor do Aortic Center e diretor do programa Advanced Endovascular Aortic Fellowship no Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em Houston – que tem sido um dos responsáveis por implementar a técnica nos Estados Unidos.

Poucos pacientes foram submetidos ao procedimento globalmente. Trata-se de uma técnica minimamente invasiva, que permite uma abordagem terapêutica sem necessidade de cortes no abdome, com menor perda sanguínea e menos complicações neurológicas que poderiam resultar em paraplegia.

Além disso, esse tratamento promissor pode diminuir o tempo de internação hospitalar. No caso do paciente tratado no Einstein, por exemplo, o intervalo entre a realização da septotomia e a alta foi de apenas 6 dias.

“Não podemos dizer que o paciente está curado, pois ele tem uma síndrome que implica na ocorrência de diferentes tipos de complicações ao longo da vida, porém, para a dissecção que ele apresentou agora, o tratamento foi resolutivo”, explica Felipe Nasser, médico assistente do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein.

O paciente segue em acompanhamento na unidade de Goiânia do Einstein, onde já havia sido submetido anteriormente a outras cirurgias, todas em função de diferentes complicações da síndrome.

Sobre a síndrome de Marfan

A síndrome de Marfan é uma doença hereditária, causada por uma mutação em um gene, que afeta o tecido conjuntivo, responsável por dar suporte e sustentação ao corpo. A condição causa anomalias em diferentes partes, além das artérias, como nos ossos, olhos e articulações.

O diagnóstico da síndrome de Marfan inclui uma avaliação clínica e a investigação do histórico familiar. O médico pode solicitar também testes genéticos.

A doença não tem cura e seu tratamento depende dos sintomas e complicações apresentados, podendo incluir medicamentos e cirurgias para corrigir algumas alterações estruturais.

 



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