Estatísticas e Análises, Tecnologia e Inovação | 2 de outubro de 2015

Atezolizumab apresenta bons resultados contra o câncer de pulmão

Imunoterapia pode mudar a forma de tratamento contra o tumor que mais mata no mundo
Atezolizumab apresenta bons resultados contra o câncer de pulmão

Um ensaio com a imunoterapia anti-PDL1 atezolizumab, da Roche, demonstrou bons resultados em pessoas com câncer de pulmão refratário à quimioterapia. Os testes atingiram o objetivo de reduzir o tamanho dos tumores.

O atezolizumab é um anticorpo em estudo para vários tipos de câncer. Dois estudos foram apresentados no final de setembro, em Viena , durante o Congresso Europeu de Oncologia (ECC 2015), e os primeiros resultados de eficácia foram festejados.

No primeiro estudo apresentado, chamado POPLAR, 287 pacientes com câncer de pulmão – que já haviam recebido quimioterapia e falhado – foram sorteados para receber o atezolizumab ou a quimioterapia padrão com docetaxel. A nova droga mostrou entre 20% a 30% de superioridade na sobrevida global, de acordo com subtipo histológico do tumor, sem maiores efeitos colaterais.

Outra pesquisa, BIRCH, envolveu 667 pacientes (204 sem tratamentos prévios) que receberam uma dose intravenosa de atezolizumab a cada três semanas. Os resultados mostraram um perfil de efeitos colaterais muito satisfatório, com praticamente 60% sem qualquer toxicidade relevante.

A Roche pretende agora discutir os resultados com a agência reguladora de saúde norte-americana, a FDA, para reforçar os dados que levaram a entidade a atribuir a designação de terapia inovadora ao atezolizumab para o câncer de pulmão, no início de 2015.

Este anticorpo é orientado para o receptor celular PD-1 e PDL1, explica o oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus, Dr. Stephen Stefani. Sua atividade fundamental é a inibição da atividade do linfócito. “Esta é uma importante função natural, porque participa dos mecanismos para evitar auto-imunidade, entretanto o câncer o usa como mecanismo de evasão imune”. Assim, o sistema de defesa do organismo não consegue atuar.

“O medicamento bloqueia a interação com o receptor PD1 e permite retomada da atividade celular imunológica. Outras drogas têm explorado esta estratégia, principalmente em melanoma (câncer agressivo de pele) e câncer de pulmão”, explica Dr. Stefani. A adoção desta imunoterapia, com alvo específico, realmente pode ser uma mudança significativa na elaboração de plano de tratamento dos pacientes com câncer de pulmão, reconhece o especialista, mas faltam etapas importantes para disponibilização do medicamento no dia a dia, principalmente porque existem outras novas alternativas também sofisticadas.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta para a 27 mil registros de câncer de pulmão no Brasil. O Rio Grande do Sul lidera o ranking brasileiro de casos, sendo o Estado com maior número de mortes — 23 por 100 mil habitantes. Em 90% das vezes, este mal está associado ao tabagismo.  É o câncer que mais mata em todo mundo.

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