Mundo | 29 de outubro de 2014

As doenças de olhos que surgem ao envelhecer

Glaucoma e degeneração macular devem ser monitoradas
Glaucoma

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença que atinge 30 milhões de pessoas em todo o mundo – quase 3 milhões no Brasil –, pode comprometer a qualidade de vida, mas não leva a cegueira. O glaucoma, por sua vez, atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos (cerca de 1 milhão de pessoas). O risco de desenvolver a doença chega a triplicar após os 70 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados 2,4 milhões de novos casos anualmente – 60 milhões de pessoas acometidas em todo o mundo.

A DMRI afeta a mácula, área central da retina responsável pela visão fina e visão das cores. Por isso, pacientes descrevem a patologia como uma “nuvem escura” na frente da vista ou um “borrão de tinta”. A doença distorce a visão de perto. Para ajudar na distinção de linhas de curvatura e sombras, o paciente costuma fechar um olho, já que a DMRI não afeta os dois olhos no mesmo nível. A DRMI tem maior prevalência entre indivíduos acima dos 60 anos. Cerca de 25% da população nesta faixa etária apresente algum grau da doença.

A DMRI pode surgir em uma forma seca (ou atrófica), quando a falta de renovação do epitélio pigmentar cria cicatrizes na retina; e na forma úmida (ou exsudativa), quando muitos pequenos vasos sanguíneos se formam na retina. Tratamentos anti-angiogênese, que impedem a formação desses pequenos vasos, surgiram recentemente e ajudam a retardar a progressão da forma úmida.

Na maioria dos casos, medicamentos em gotas colocadas nos olhos podem aumentar ou diminuir a permeabilidade da produção de humor aquoso (liquido constituído prioritariamento por áqua que preenche as câmaras oculares, a cavidade do olho, entre a córnea e o cristalino). O tratamento pode durar a vida toda. Se colírios não são suficientes, ou são mal tolerados, a intervenção por laser de luz pulsada ou cirurgia podem ser a solução. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, cerca de 10% da população entre 65 e 74 anos sofre de degeneração macular. Esse número tende a subir para 25% em pacientes acima dos 75. Quanto mais avançada a idade, maior a incidência.

Enquanto o glaucoma atrapalha a visão periférica, a DRMI prejudica a visão central. Muitos portadores de DMRI precisam aprender a usar a visão periférica para poder concluir suas tarefas cotidianas, como ler, por exemplo.

Para detectar precocemente a degeneração macular, são necessários dois exames: a tomografia de coerência óptica e a angiofluoresceinografia. Segundo os estudos clínicos, cerca de 95% dos pacientes tratados com ranibizumabe (Lucentis) tiveram a progressão da doença interrompida, enquanto 40% apresentaram melhoras na visão. O transplante de retina é uma alternativa. A cirurgia consiste em retirar cerca de 1 milímetro quadrado da camada mais externa da retina e implantá-la na mácula do próprio paciente.

Enquanto isso, o glaucoma leva a perda da visão. Embora irreversível, é possível tratar quando os primeiros sintomas aparecem. A doença ocorre principalmente a partir de 50 anos, e causa pressão no interior do olho, lesionando o nervo óptico e provocando uma lenta e progressiva perda da visão. A perda da visão começa nos extremos do campo visual e, se não tratada, se estende por todo o resto do campo visual e provoca cegueira. A doença tem tendência para aparecer em vários membros de uma mesma família e é comum entre diabéticos ou míopes.

O glaucoma crônico de ângulo aberto, o mais frequentemente encontrado entre idosos, está relacionado a um fluxo do humor aquoso inadequado através da malha trabecular. Colírios com prescrição médica podem controlar o glaucoma de ângulo aberto. Na maioria dos casos, a primeira medicação recomendada é um betabloqueador (timolol, betaxolol, carteolol, levobunolol ou metipranolol) que diminui a produção de líquido no olho.

A pilocarpina, que contrai as pupilas e aumenta a saída de líquido da câmara anterior, também ajuda muito. Outros medicamento úteis (como adrenalina, dipivefrina e carbacol) também podem melhorar a produção de fluído. Se as medicações não puderem controlar a pressão ocular ou se os efeitos secundários forem intoleráveis, um oftalmologista pode aumentar a drenagem da câmara anterior utilizando uma terapia com laser para criar um orifício na íris ou então recorrer a cirurgia para seccionar parte da íris.

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