Alerta: remédio para hipertensão aumenta risco de câncer de pele, diz Anvisa
Uso prolongado do hidroclorotiazida pode provocar câncer de pele não-melanoma e de lábioA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Gerência de Farmacovigilância (GFARM), divulgou um alerta a população e os profissionais da área de saúde sobre o aumento do risco de câncer de pele não-melanoma decorrente do uso cumulativo do medicamento hidroclorotiazida, utilizado para tratamento da hipertensão arterial e para controle de edemas.
De acordo com a Anvisa, a descoberta foi realizada por meio de estudos epidemiológicos que demonstraram uma associação dose-dependente cumulativa — que ocorre quando a dose utilizada de um determinado medicamento está diretamente relacionada com seus efeitos — entre o medicamento em questão e o câncer de pele não-melanoma.
Em outro estudo, foi possível notar, ainda, uma possível associação entre câncer de lábio e a exposição ao medicamento, de acordo com a agência. A hidroclorotiazida facilitaria a absorção pela pele dos raios ultravioletas vindos do sol, que podem contribuir para o surgimento desse tumor.
Foram levadas em conta as recomendações do Comitê de Avaliação de Riscos em Farmacovigilância (Pharmacovigilance Risk Assessment Committee —PRAC), da Agência Europeia de Medicamentos (European Medicines Agency — EMA). De acordo com a agência, foi considerada plausível a associação entre o aumento do risco de câncer de pele não-melanoma e o uso em longo prazo de medicamentos contendo hidroclorotiazida.
Tratamento não deve ser interrompido antes de consultar o médico, orienta Anvisa
A Anvisa solicita que os profissionais de saúde informem aos pacientes tratados com hidroclorotiazida sobre o risco de câncer de pele não-melanoma, especialmente aqueles pacientes que já fazem uso do fármaco em longo prazo. Os pacientes devem ser orientados a verificar regularmente a sua pele quanto a novas lesões e a notificar imediatamente ao profissional quaisquer lesões cutâneas suspeitas.
A orientação da Agência é que o tratamento não seja interrompido antes que os pacientes consultem o seu médico. “Lesões cutâneas suspeitas devem ser prontamente examinadas, incluindo exame histológico de biópsias. Medidas preventivas, tais como limitação da exposição à luz solar e aos raios ultravioleta, podem ser realizadas no intuito de minimizar o risco de câncer de pele. O uso de hidroclorotiazida pode ser revisto em pacientes com histórico de câncer de pele não-melanoma”, informa a agência.
A Anvisa informa que “será imediatamente solicitada” a inclusão das novas informações de segurança nas bulas de todos os medicamentos que contêm o princípio ativo hidroclorotiazida, que ainda não possuem tais informações.
Câncer de pele não-melanoma
O câncer de pele não-melanoma compreende os tumores mais comuns, que ocorrem principalmente em pessoas de pele clara, após exposição solar por longo tempo. Geralmente apresentam apenas crescimento local, porém não cicatrizam ou se curam sem tratamento, e tendem a aumentar com o tempo, podendo causar deformação, dor e sangramento.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o tipo de câncer mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Se detectado precocemente, apresenta altos percentuais de cura. Entre os tumores de pele, o tipo não-melanoma é o de maior incidência e de mais baixa mortalidade.
Monitoramento
A Anvisa aponta que monitora continuamente os medicamentos e solicita aos profissionais de saúde e pacientes que notifiquem os eventos adversos ocorridos com o uso de qualquer medicamento.
A comunicação de suspeitas de eventos adversos pelos pacientes pode ser realizada por meio do Formulário de Notificação de Eventos Adversos para o Cidadão, ou ainda pelos canais da Agência disponíveis para atendimento ao cidadão: Central de Atendimento ao Público (0800 642 9782) e Ouvidoria (ouvidori@tende). Para os profissionais de saúde, a Anvisa disponibiliza o sistema Notivisa para a realização das notificações de eventos adversos.