Mundo | 12 de dezembro de 2016

Agência Europeia de Medicamentos poderá se mudar para a Irlanda

Mudança é apontada como "a mais lógica"
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Em 23 de junho, 2016, os cidadãos do Reino Unido votaram pelo rompimento com a União Europeia (EU), movimento denominado como “Brexit ‘(ou sair britânico, em inglês). Um dos potenciais impactos do Brexit no mercado da saúde é a mudança de localização da sede da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que atualmente está sediada em Londres. A EMA é responsável pela avaliação científica dos pedidos de autorização de introdução no mercado de medicamentos na União Europeia.

Impedida de estar localizada em um estado não membro da UE, a EMA se vê obrigada a se mudar de Londres. Dublin, capital da Irlanda, surge como um destino provável, por sua localização, língua e ligação histórica com a indústria farmacêutica.

“Se o Reino Unido implementar a decisão de deixar a União Europeia, a EMA não pode permanecer em um estado não membro da UE”, disse Oliver O’Connor, CEO da Associação Farmacêutica e de Saúde Irlandesa (IPHA). “Se eles [do Reino Unido] acionarem o artigo 50 (das normas da UE) começando o processo de negociação de até dois anos para proceder a retirada, a EMA terá que fazer um plano para se mudar.”

Facilitar o deslocamento de mais de 900 empregados, e principalmente, em um tempo hábil que não afete as operações do dia-a-dia, será um grande desafio. “Uma EMA com atuação ininterrupta é bom para a indústria”, disse O’Connor.

Por quê Dublin?

“Um dos fortes argumentos para a Irlanda será a minimização da interrupção, já que Dublin é apenas uma hora de distância de Londres por meio de linhas áreas”, disse O’Connor. “É [também] um estado de língua inglesa na União Europeia. Muitas pessoas que estão atualmente trabalhando no EMA poderiam continuar a trabalhar em Dublin. Em função da facilidade em voar, não seria uma perturbação para as famílias.

Outro elemento a favor de uma mudança da EMA para Dublin é a indústria farmacêutica forte baseada na Irlanda, bem como a história de relacionamento do país com a agência reguladora de medicamento dos EUA, a FDA, reforça O’Connor. “A Irlanda tem uma base muito forte em sua indústria farmacêutica, o que significa que temos familiaridade com o FDA, que por sua vez, está muito familiarizada com a Irlanda. Seria uma transição fácil a partir de um ponto de vista logístico, ao contrário de outras regiões mais distantes da União Europeia “, disse O’Connor.

Ele também acrescenta que há uma forte base de profissionais com calibre intelectual na indústria farmacêutica da Irlanda.

Além disso, para as empresas que se relacionam com a EMA, uma transferência para Dublin significaria que não haveria uma enorme perturbação nas operações comerciais, já que Dublin não é tão longe de outros locais na Europa.

O que o Brexit poderia significar para a Indústria Farmacêutica

“Há impactos potenciais e não está claro o que poderá acontecer”, disse O’Connor. “Com todo o respeito, a redução do tamanho do mercado único na Europa não pode ser uma boa notícia para a livre circulação de mercadorias, incluindo os medicamentos.”

Um impacto potencial do Brexit para o Reino Unido seria o financiamento das pesquisas. Se o Reino Unido não faz mais parte da UE, possivelmente não irá colher os benefícios dos fundos da UE para a investigação. Em termos de pesquisa clínica, as colaborações podem ser negativamente afetadas, de acordo com O’Connor.

Mais importante ainda, a velocidade da tomada de decisão em torno de novos medicamentos, aprovações, e assim por diante, igualmente apresentam potencial para serem impactadas. Ele cita a quebra no número de transações a nível global, a diminuição do investimentos em investigação, e uma possível interrupção na regulamentação; como as três principais consequências para o Reino Unido.

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