Estatísticas e Análises | 27 de dezembro de 2017

7 mitos e verdades sobre datas de validade de medicamentos e cosméticos

Farmacologistas esclarecem dúvidas sobre o assunto
7 mitos e verdades sobre datas de validade de medicamentos e cosméticos

Medicamentos e cosméticos com prazo de validade vencido são motivos de dúvidas para quem os utiliza. “Devo jogar fora?”, “Posso passar mal se utilizar o produto vencido?”, “Os remédios continuam eficazes depois do prazo de validade?”, são algumas das questões presentes entre os usuários. José Ramón Azanza, diretor de farmacologia da Clínica Universidad de Navarra, na Espanha, e a médica Inmaculada Posadas, professora de Farmacologia da universidade espanhola de Castilla-La Mancha  esclarecem o que é mito e o que é verdade.

Confira, em 7 tópicos, as principais dúvidas sobre o assunto.

1) “O prazo de validade é uma estratégia comercial de laboratórios para que compremos mais”

A legislação de todos os países exige que remédios comercializados tenham prazo de validade. O cálculo é feito após estudos científicos exaustivos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o procedimento existe desde 1979.

“Há alguns anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu que os prazos de validade não deveriam superar cinco anos”, diz José Ramón Azanza, que explica que o vencimento de dois anos é o mais comum.

A médica Inmaculada Posadas afirma que a lei se aplica mesmo se o laboratório produzir fórmulas que resistam mais tempo. “Podem existir medicamentos que continuem funcionando após a data de validade, mas a legislação os impede de dizer isso”, explica.

2) “Se tomo um remédio vencido, posso passar mal”

Os remédios vencidos não farão quem os ingerir passar mal. “Se alguém toma um remédio depois do vencimento, nada vai acontecer. São raríssimos os remédios que podem produzir efeitos tóxicos em pacientes após a data de validade expirar”, diz Azanza. Porém, o remédio também não surtirá efeito ─ tem a ver mais com eficácia do que tolerância.

Azanza alerta, contudo, que nunca se pode ter certeza absoluta de que medicamentos vencidos sejam inofensivos. A razão é simples: os organismos nacionais e internacionais que regulamentam a produção e comercialização de remédios não realizam estudos sobre os efeitos pós-vencimento, mas em sua eficácia durante sua vida útil. “Na farmacologia, a incerteza não é aceita porque afeta a segurança das pessoas”, diz Azanza.

Outra razão para respeitar a data de validade é no caso de medicamentos de uso sistemático, em especial os que mantém a qualidade de vida de um paciente. “Se nesses casos não respeitarmos a data de validade, o efeito negativo sobre o paciente pode ser muito grave. Por isso, é melhor termos uma data-limite e estarmos seguros de que o medicamento será eficaz no tratamento de condições mais graves”, adverte Inmaculada.

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, indica no artigo “Não caia na tentação de usar medicamentos vencidos” que “certos medicamentos vencidos correm o risco de estimular a produção de bactérias e antibióticos com potência reduzida podem não atacar as infecções, desencadeando doenças mais graves e aumentando a resistência ao remédio”.

3) “Aspirinas vencidas não representam risco algum”

De acordo com Inmaculada, a aspirina não deve ser utilizada muito tempo depois da data de validade porque a degradação do princípio ativo da aspirina, o ácido acetilsalicílico, forma outra substância, o salicilato, que é abrasivo e não deve ser consumido por via oral.

“Não há problema em consumir uma aspirina poucos dias depois da validade, mas em seis meses a quantidade de salicilato contida no comprimido é suficientemente alta para ser tóxica”, explica ela.

4) “Um medicamento pode perder sua eficácia antes da data de validade”

Normalmente, os medicamentos respeitam as suas respectivas datas de validade, porém “remédios contêm substâncias químicas que são estáveis ou instáveis, dependendo de sua composição, e do meio em que se encontram”, diz Azanza. Fatores como umidade, temperatura e a incidência de luz solar podem reagir com essas substâncias e modificar suas estruturas químicas.

Os laboratórios garantem que um medicamento funcionará durante um determinado período de tempo, mas com um importante alerta: que seja armazenado nas devidas condições. “Se o medicamento está em um entorno com mais umidade e calor que os testados em laboratório, por exemplo, ou que tenha sido exposto à luz, nada pode assegurar que a data de validade estará valendo”, diz o farmacologista.

É importante, então, ler cuidadosamente a bula para saber como se devem guardar os medicamentos.

5) “Vitaminas não precisam dos mesmos cuidados”

As vitaminas necessitam dos mesmos cuidados, pois o princípio é o mesmo. Depois do prazo, pode haver alterações na fórmula e perda de efeito. Por isso, os consumidores precisam ter a mesma atenção para remédios e vitaminas. “Quando o laboratório vende um composto vitamínico, ele assegura que as vitaminas funcionarão como esperado: desde o primeiro dia ao último”, assinala Inmaculada.

6) “Um creme que não seja aberto funcionará depois da data de validade”

Um creme possui ingredientes que contam com prazo de validade, independente do recipiente ser aberto ou não. “Um creme faz parte da legislação sobre produtos sanitários e tem uma data de vencimento que nos diz que, até aquele momento, terá suas propriedades adequadas”, enfatiza Inmaculada.

Situação comum entre os usuários, uma espécie de óleo amarelado que aparece no creme depois de muito tempo fechado pode não apresentar a mesma eficácia. “É um sinal de que o creme ficou tanto tempo sem ser usado que sua base ficou de um lado e o medicamento de outro. Pode ser usado? Talvez não vá causar danos, mas sua eficácia poderá não ser a mesma”, explica Azanza.

7) “Colírios devem ser jogados fora mesmo ainda na data de validade”

Muitos colírios não contêm conservantes para evitar problemas de irritação ocular. Isso significa que, quando seus frascos são abertos, devem ser usados conforme orientação médica e jogados fora depois do tratamento, ainda que estejam dentro do prazo de validade.

De acordo com Azanza, o mesmo colírio não serve para o mesmo paciente, inclusive nos casos em que o problema original volte a se manifestar, pois a solução pode estar contaminada com bactérias e mesmo fungos por causa do contato com o ar.

Três importantes recomendações

· Organizações de saúde recomendam que medicamentos vencidos sejam levados a locais autorizados para serem destruídos.

· E que embora tomar um analgésico expirado em uma emergência não seja um grande problema, isso nunca deve se tornar uma prática sistemática.

· Além disso, os armários de remédios têm que ser limpos e renovados com regularidade.

Com informações da BBC Brasil. Edição do Setor Saúde.

 



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