A gigante farmacêutica norte-americana Pfizer poderá evitar um custo estimado em US$ 35 bilhões em impostos, devido à fusão com a Allergan e mudando sua sede para a Irlanda. É o que afirma um relatório do grupo de advogados Americans Tax Fairness (ATF).

O valor é baseado em duas das divulgações da Pfizer: a primeira declarando que a partir de 2014, a empresa tinha um passivo fiscal diferido de US$ 21,2 bilhões em lucros no exterior não repatriados; a segunda, revelando ter cerca de US$ 74 bilhões em ganhos fora dos EUA, e que planeja manter a quantia fora do país.

De acordo com o ATF, como resultado do Acordo de Inversão de Imposto (termo que diz respeito à deslocalização do domicílio legal de uma corporação para domicílio em um país com impostos mais baixos, mas mantendo suas operações relevantes em seu país de origem) que a Pfizer realizou em novembro, a empresa seria capaz de “alocar permanentemente” impostos dos EUA em cerca de US $ 148 bilhões em lucros.

Segundo artigo da International Business Times, “se os US$ 74 bilhões fossem repatriados para os EUA, a Pfizer teria que pagar cerca de US$ 13,9 bilhões em impostos a uma taxa estimada de 18,7%. Isto, combinado com o passivo de US$ 21,2 bilhões, totalizaria cerca de US$ 35 bilhões”.

O diretor-executivo do ATF, Frank Clemente, afirmou que “ao alocar impostos enquanto impulsiona os preços dos medicamentos sujeitos a receita médica, a Pfizer pressiona famílias e comunidades de ambos os lados, de uma só vez”, disse, em um comunicado que acompanha o relatório. “Se a Pfizer quer ser uma empresa irlandesa para cortar seus impostos, mas ainda basear-se nos EUA, então ela deve cobrar dos pacientes americanos os mesmos preços de medicamentos, muito mais baixos, que cobra dos consumidores irlandeses. A Pfizer cobra 12 vezes mais, em média, nos EUA, no âmbito do sistema público, para os seus sete medicamentos mais vendidos, do que na Irlanda”.

Na Irlanda, a taxa de imposto sobre essas sociedades é de 12,5%, em comparação com 35% por cento nos EUA, a mais alta no mundo desenvolvido. O relatório do ATF visa fornecer mais argumentos para os legisladores dos EUA que, nos últimos anos, estão cada vez mais frustrados com a quantidade de empresas que migram para o exterior para reduzir as taxas de impostos.

A fusão da Pfizer com a Allergan – que pretende criar o maior laboratório farmacêutico do mundo –, foi seguido por Johnson Controls (líder mundial no fornecimento de espuma para bancos automotivos, estruturas metálicas e mecanismos, acabamentos, tecidos e sistemas completos de bancos), que anunciou em janeiro uma fusão com a Tyco (líder global de produtos e soluções para segurança contra incêndio e demais avarias) informando que a sede da empresa resultante será em Cork, na Irlanda.