Estatísticas e Análises | 10 de julho de 2017

Velocidade reduzida ao caminhar e a relação com o risco de demência

Caminhada lenta está ligada à má saúde do cérebro em idosos, de acordo com estudo
Velocidade reduzida ao caminhar e a relação com o risco de demência

A maneira como caminhamos pode dizer muito sobre nós. Geralmente, as pessoas que caminham rápido são vistas como indivíduos com alta energia, enquanto quem tem um ritmo mais lento é visto como mais relaxado.

A maneira como realizamos nossos passos pode revelar mais do que apenas nossa personalidade, também pode prever nossa saúde cerebral. Um estudo recente publicado no jornal científico Neurology sugere que há uma ligação entre a velocidade de caminhada e o início da demência em adultos de idade avançada.

Na análise, verificou-se que um declínio na velocidade de caminhada durante um longo período de tempo prevê comprometimento cognitivo. Os participantes que diminuíram 0,1 segundo no tempo de caminhada por ano tiveram 47% mais chance de desenvolver declínio cognitivo em relação aos seus pares que continuaram na mesma velocidade.

Aqueles com uma velocidade de caminhada mais lenta e declínio mental também sofreram um encolhimento no hipocampo direito, associado ao aprendizado e memória complexas. A professora assistente de epidemiologia da Universidade de Pittsburgh, Andrea Rosso, enfatiza que a diferença na velocidade de caminhada pode parecer pequena, mas pode ser significativa ao longo do tempo. “Uma fração de segundo é sutil, mas com mais de 14 anos de redução, por exemplo, você notaria”, afirma.

Os resultados se mantiveram mesmo depois que os pesquisadores levaram em conta uma diminuição de velocidade devido à fraqueza muscular, dor no joelho e doenças como diabetes, doenças cardíacas e hipertensão arterial.

Os pesquisadores usaram um cronômetro, uma fita adesiva e um corredor de, aproximadamente, 5,6 metros de comprimento para medir a velocidade de caminhada de 175 adultos entre 70 e 79 anos.

Os participantes mostraram boa saúde mental e tiveram varreduras cerebrais normais durante o início do estudo. Ao longo de 14 anos, a velocidade de caminhada foi avaliada, e, no final do estudo, eles foram testados novamente para verificar sua saúde mental e foram submetidos a exames cerebrais.

Rosso argumenta que um declínio na velocidade ao caminhar ocorre durante o envelhecimento, porém não devemos ignorar uma mudança significativa ao longo do tempo. “As pessoas devem notar essas mudanças na velocidade de caminhada. Pode não ser apenas um sinal de que a sua avó está ficando lenta, pode ser um indicador inicial de algo mais grave”, explica.

O estudo fornece informações sobre como a velocidade de caminhada e a demência podem estar ligadas. Esses achados sugerem que a velocidade de caminhada pode ser um indicador de comprometimento cognitivo futuro em adultos mais velhos.

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