A Itália e a França anunciaram, nesta segunda-feira (15), que suspenderão o uso da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca, em parceria com Universidade de Oxford, por causa de recentes casos de formação de coágulos registrados após a aplicação do imunizante.

Os dois países disseram que a medida foi tomada como “precaução”. O anúncio foi feito horas depois de o Ministério da Saúde da Alemanha também informar que deixaria de aplicar temporariamente a vacina da AstraZeneca até que as investigações sobre os coágulos fossem concluídas.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que a aplicação do imunizante será suspensa até terça-feira (16), quando a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que está investigando o problema, deve se pronunciar sobre os casos de formação de coágulos registrados em alguns países.

A agência farmacêutica italiana, Aifa, anunciou a suspensão imediata da vacina da AstraZeneca/Oxford. A decisão, válida para todo o território italiano, veio por precaução e temporariamente, “em linha com o que foi decidido por outros países europeus” – ou seja, Alemanha, França e também a Espanha.

Na quinta-feira passada (11), a Aifa decidiu retirar um lote da vacina AstraZeneca após a divulgação de alguns “eventos adversos graves”, embora não houvesse evidências de que fossem causados pela vacina.

O diretor de Prevenção do ministro da Saúde da Itália, Gianni Rezza, disse ter certeza de que a EMA “se reunirá em breve para esclarecer quaisquer dúvidas a fim de poder recomeçar o mais rápido possível e em total segurança com a vacina AstraZeneca no campanha de vacinação…Estamos confiantes de que quem recebeu a primeira dose receberá a segunda dentro do prazo”, acrescentou.

A suspensão da AstraZeneca em outros países europeus

A administração da vacina AstraZeneca foi suspensa, total ou parcialmente também em outros países, na Europa e em outros fora do bloco. Até 15 de março, os países que suspenderam o uso temporariamente foram Alemanha, França, Itália, Espanha, Dinamarca, Noruega, Bulgária, Islândia, Irlanda, Holanda, Indonésia e República Democrática do Congo. A princípio a Tailândia também suspendeu o uso da vacina, mas depois retrocedeu: o governo irá reiniciar a vacinação amanhã. A Espanha especificou que a suspensão durará pelo menos duas semanas.

Áustria, Estônia, Letônia, Lituânia e Luxemburgo, por outro lado, retiraram as doses apenas de um lote sob investigação.

Outros países – como Grã-Bretanha, Brasil e Canadá – continuam a usar a vacina AstraZeneca regularmente.

A “trombose cerebral” encontrada na Alemanha

Em nota, o Instituto Paul Ehrlich explica que, em comparação com 11 de março, “outros casos” foram relatados na Alemanha, segundo os quais haveria “um aumento em uma forma particular de trombose venosa cerebral rara, em conexão com a falta de plaquetas”.

O ministro da saúde alemão, Jens Spahn, explicou que a decisão foi tomada após sete casos de trombose cerebral foram notificados entre pessoas que haviam sido inoculadas com o produto. “Isso acontece muito raramente”, disse Spahn. “Até agora, há sete casos em 1,6 milhão de vacinações na Alemanha. É um risco muito baixo, mas se houver ligação com a vacina é desproporcional”, completou.

EMA: “Os benefícios da vacina superam os riscos”

A EMA reiterou várias vezes, nos últimos dias, que a vacina AstraZeneca é considerada segura. Ainda hoje, após a suspensão em muitos países, ele reiterou que “os benefícios da vacina AstraZeneca sempre superam os riscos”. O número de eventos tromboembólicos em pessoas vacinadas, explica a EMA, não é superior ao observado na população em geral. No entanto, uma nova avaliação de segurança da vacina da autoridade europeia chegará na quinta-feira, 18 de março.

AstraZeneca: “15 casos de trombose e 22 de embolia pulmonar em 17 milhões de vacinados”

A AstraZeneca, neste domingo (14), já havia comunicado os dados relativos à segurança de sua vacina. Até agora, na Europa e no Reino Unido – disse a empresa anglo-sueca, “de um total de 17 milhões de indivíduos vacinados com a vacina anti-Covid da AstraZeneca, houve 15 eventos de trombose venosa profunda e 22 eventos de embolia pulmonar relatados entre os que receberam a vacina, com base no número de casos recebidos pela Empresa até 8 de março ”.

A empresa aponta que “o número é muito menor do que seria de esperar que ocorresse naturalmente em uma população geral deste tamanho e é semelhante para outras vacinas Covid-19 licenciadas.”

Anthony Harnden, professor de Oxford e vice-presidente do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI), diz que todas as evidências atuais mostram que a vacina da AstraZeneca/Oxford é segura.

Se houvesse alguma preocupação sobre isso, o público seria informado “imediatamente”, disse ele. “No momento, a mensagem é absolutamente clara –  receba sua vacina quando for oferecida”, enfatizou.

“Passei o dia todo vacinando com o imunizante da Oxford-AstraZeneca, e eu não imunizaria meus próprios pacientes se não achasse que ela seja segura”, salientou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, na segunda-feira (15), que monitora a situação e segue recomendando o uso do imunizante.

Com informações do Corriere Della Sera, Valor Econômico e BBC. Edição do Setor Saúde.