Mundo | 14 de junho de 2020

Uso de vacina contra HPV é aprovado pela FDA para prevenção de câncer de cabeça, pescoço e garganta

Especialistas comemoram aprovação
Vacina contra HPV é aprovada pela FDA para prevenção de câncer de cabeça, pescoço e garganta

Na sexta-feira, 12, a FDA, agência reguladora de medicamentos dos EUA, concedeu a aprovação de uso da versão mais recente da vacina Gardasil (Gardasil 9), para prevenir câncer de cabeça, pescoço e garganta associado ao HPV. A decisão foi anunciada pelo fabricante da Gardasil, Merck (no Brasil MSD / Merck Sharp & Dohme). A vacina é indicada em homens e mulheres de 9 a 45 anos contra o HPV, que pode levar a diferentes tipos de cânceres.


“ Na Merck, trabalhar para ajudar a prevenir certos tipos de câncer relacionados ao HPV é uma prioridade há mais de duas décadas”, disse Alain Luxembourg, diretor de pesquisa clínica da Merck Research Laboratories. “A aprovação para a prevenção de câncer de orofaringe e outros tipos de câncer de cabeça e pescoço representa um passo importante na missão da Merck de ajudar a reduzir o número de homens e mulheres afetados por certos tipos de câncer relacionados ao HPV.”

Otis Brawley, professor de oncologia e epidemiologia da Universidade Johns Hopkins, disse que “já existem razões suficientes para vacinar o HPV em homens”, disse ele, acrescentando que isso pode permitir a erradicação do vírus e os cânceres que ele causa.

“Essas são excelentes notícias”, disse Stewart Lyman, consultor farmacêutico que descobriu em 2016 um tumor na garganta causado pelo HPV. O câncer de Lyman foi removido cirurgicamente. “Estender o uso da vacina para prevenir o câncer de cabeça e pescoço é realmente muito útil para ajudar a conscientizar o público para esta doença grave, que tem morbidade e mortalidade significativa associada, mas que poderia ser evitada com o uso da vacina”, completou Lyman.

Marshall Posner, diretor de oncologia médica de cabeça e pescoço do Tisch Cancer Institute, do Hospital Mount Sinai (EUA), disse que a aprovação poderia ajudar a reduzir os índices os casos de câncer de cabeça e pescoço nas próximas décadas. Ele acredita que a vacina gera “grandes expectativas” como ação de redução das taxas de câncer.


A versão original da vacina Gardasil foi aprovada em 2006 no EUA, primeiramente para meninas e mulheres entre 9 e 26 anos de idade, com base em dados de ensaios clínicos que mostram que a vacina, ao prevenir a infecção pelo HPV, também pode prevenir lesões cervicais pré-cancerosas.




Maura Gillison, pesquisadora do MD Anderson Cancer Center (EUA), foi a primeira pesquisadora que identificou a conexão de um subconjunto do câncer de cabeça e pescoço ao HPV em 1999. Ela lembra que juntamente com epidemiologistas, dados indicavam que o número deste tipo de câncer estava aumentando rapidamente, e o HPV aparecia como sendo o principal responsável. Além disso, esses casos de transmissão sexual pareciam diferentes – e um pouco mais fáceis de tratar. As vítimas mais comuns foram homens de meia idade que contraíram o vírus décadas antes.

Em fevereiro, a Merck iniciou um novo estudo com 6 mil homens que testará se os pacientes que recebem a vacina têm menos probabilidade de obter infecções persistentes por HPV em suas gargantas.


O risco de câncer de orofaringe atribuível ao HPV acomete os homens cinco vezes mais que as mulheres. Este tipo de câncer pode surgir como resultado da infecção pelo HPV na orofaringe, que inclui o palato mole, a parede lateral e parte de trás da garganta, amígdalas e língua.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliou em 2017 o uso da vacina para a proteção contra o vírus ao aumentar de quatro para nove subtipos do vírus HPV, associados ao desenvolvimento câncer de útero, vulva, vagina e ânus. A partir desta aprovação da FDA, outras agências no mundo poderão determinar em breve a indicação do Gardasil como ação preventiva contra o aparecimento do câncer de cabeça, pescoço e garganta.

 

Com informações Stat e GMPNews. Edição SS.

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