Tecnologia e Inovação | 4 de dezembro de 2014

Teste de mapeamento de DNA da empresa 23andMe é aprovado na Grã-Bretanha

Projeto, que conta com o apoio do Google, é feito com amostra de saliva
DNA2

Um kit de teste de DNA pessoal da empresa de genética 23andMe, apoiada pelo Google, foi lançado na Grã-Bretanha no dia 2 de dezembro. O produto, que oferece uma chance de ver se os usuários correm maiores riscos de certas doenças genéticas, recebeu aprovação para ser vendido após obter a chamada marca “CE” de garantia de qualidade europeia.

A empresa cobrará £ 125 libras (cerca de US$ 196) pelo Serviço de Genoma Pessoal (PGS, na sigla em inglês), que fornece mais de 100 relatórios sobre saúde, características e ancestralidade. A meta é utilizar uma pequena amostra de saliva para entregar informações sobre a herança genética das pessoas.

O serviço realiza o teste para examinar o DNA e saber se há genes associados a certas doenças hereditárias, como a fibrose cística ou anemia falciforme, entre outros marcadores genéticos. “Podemos pegar a informação genética complicada e destilá-la em uma linguagem que as pessoas podem realmente entender”, disse o presidente-executivo da 23andMe Anne Wojcicki, ao jornal The Guardian.

O projeto, contudo, tem sofrido críticas principalmente por especialistas norte-americanos. Em 2013, a 23andMe cancelou as vendas do seu teste de DNA nos EUA depois que a FDA, agência reguladora dos EUA, alertou para o fato de que resultados falsos (positivos ou negativos) poderiam levar pacientes a tomar atitudes “que induzem à morbidez”, como cirurgias desnecessárias.

O Departamento de Saúde da Grã-Bretanha ressalta que os pacientes que quiserem fazer o teste devem pensar com cuidado antes de usar serviços privados de genoma. “Esse tipo de teste é muito aberto a interpretações erradas”, disse a professora emérita de genética de câncer do hospital St. Geroge em Londres, Shirley Hodgson, em reportagem da agência Reuters.

“Os resultados podem indicar alterações muito leves de risco para certas características ou doenças que podem ser mal interpretadas, a menos que explicadas detalhadamente por um profissional médico que entenda tais informações”, acrescenta a especialista.

Os resultados são utilizados para gerar relatórios que explicam genes comuns e diferenças genéticas, como a forma como as pessoas metabolizam a cafeína ou o por quê alguns respondem melhor aos exercícios físicos.

Os dados são armazenados, criptografados e separados por identificadores internos dos servidores da 23andMe. As informações ficam, de forma anônima, em um banco com mais de 600 mil dados genéticos. Tudo pode ser compartilhado com pesquisadores, médicos ou familiares, bem como remover dos servidores quando quiser.

“O DNA não é algo assustador e nem algo exclusivo sobre doenças”, salienta Anne Wojcicki. A especialista lembra que o kit busca entender também “por que é que algumas pessoas gostam de coentro ou de outras coisas divertidas, e não apenas sobre câncer ou Alzheimer”, conclui.

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