Gestão e Qualidade, Política | 10 de agosto de 2021

Saúde do RS e de Porto Alegre emitem alerta sobre a variante Delta e reforçam recomendações

Hospital Conceição já atingiu a marca de 59 contaminados após surto. Três mortes de pacientes foram confirmadas
Saúde do RS e de Porto Alegre emitem alertas e novas recomendações sobre a variante Delta

A Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS) e a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS/PA) emitiram nota técnica e alerta com recomendações sobre o avanço do número de casos de infecções e internações, possivelmente causadas pela variante Delta. O Comitê Científico da SES/RS, diante da propagação da variante Delta do SARS-CoV-2, busca renovar esforços de enfretamento à COVID-19 no Estado. Já a A Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Diretoria de Vigilância em Saúde (EVDT/DVS) de Porto Alegre alerta os profissionais de saúde quanto ao atendimento a casos suspeitos de COVID-19, considerando o contexto de investigação de surtos em hospitais, onde observa-se alta velocidade de propagação.

O Hospital Conceição (GHC) em Porto Alegre já atingiu a marca de 59 contaminados (sendo 15 colaboradores) após surto de infecções iniciado na semana passada. Três mortes de pacientes já foram confirmadas pela instituição hospitalar. O Hospital e autoridades de saúde aguardam o resultado de exames enviados para a Fiocruz, que faz o sequenciamento dos amostras coletadas na Conceição. Porém, especialistas já dão como certa a hipótese de se tratar da variante Delta, pela rapidez do contágio e pela alta carga viral identificada. 

Até o final de julho 2021, a SES/RS já confirmou a existência de 64 casos no RS (sendo 11 casos confirmados por sequenciamento genético completo e 53 prováveis casos identificados por sequenciamento parcial). Além disto, o órgão lembra que a linhagem/variante de preocupação Delta (B.1.617.2) é a mais recente ameaça de preocupação a saúde pública no mundo e já circula com transmissão comunitária no RS. E ainda, mesmo pessoas vacinadas, uma vez infectadas pela variante Delta – diferentemente das outras – podem apresentar alto risco de transmitir o vírus à outras pessoas da mesma forma os não vacinados.

Já a SMS/PA alerta os profissionais de saúde quanto ao atendimento a casos suspeitos de COVID-19, considerando o contexto de investigação de surtos em hospitais, onde observa-se alta velocidade de propagação. Pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19, bem como todos os seus contatos próximos, devem ser fortemente orientados quanto à importância de cumprir isolamento durante todo o período de transmissão. No ambiente assistencial, a Vigilância Sanitária reforçou as medidas de prevenção e controle da disseminação do SARS-CoV-2.

Leia as notas, com recomendações dos órgãos abaixo ou baixe aqui (SMS/PA) e (SES/RS):


ALERTA EPIDEMIOLÓGICO (SMS/PA)

 Porto Alegre, 09 de agosto de 2021

 

A Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Diretoria de Vigilância em Saúde (EVDT/DVS) de Porto Alegre alerta os profissionais de saúde quanto ao atendimento a casos suspeitos de COVID-19, considerando o contexto de investigação de surtos em hospitais, onde observa-se alta velocidade de propagação. A Variante de Preocupação (VOC) do SARS-CoV-2 denominada Delta, já é predominante em diversos países no mundo e teve transmissão comunitária confirmada em municípios do interior do Rio Grande do Sul e em estados como Rio de Janeiro e Paraná.

A VOC Delta tem sido associada à carga viral mesmo entre vacinados e ao aumento de taxas de internação hospitalar, em especial entre não vacinados. Casos de surtos em ambientes hospitalares e instituições de longa permanência na cidade sugerem a presença da variante, restando a confirmação a partir da análise genômica em andamento na Fiocruz, após confirmação da suspeita em exames feitos no RS/Lacen.

Pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19, bem como todos os seus contatos próximos, devem ser fortemente orientados quanto à importância de cumprir isolamento durante todo o período de transmissão.

A notificação de surtos para a EVDT deve ser feita de forma imediata, pelos telefones 3289-2471 ou 3289-2472, no horário de expediente, ou telefone do plantão epidemiológico (de conhecimento dos serviços de saúde), que funciona nas 24 horas, inclusive fins de semana e feriados, para que as medidas de controle epidemiológico possam ser implementadas a contento. A notificação por telefone não substitui a que deve ser realizada nos sistemas oficiais do Ministério da Saúde (SIVEP-Gripe e e-SUS Notifica), para os serviços que já os utilizam.

No ambiente assistencial, a Vigilância Sanitária reforça as medidas de prevenção e controle da disseminação do SARS-CoV-2:

– Utilização correta de equipamento de proteção individual; Higienização frequente das mãos, conforme os 5 momentos preconizados pela ANVISA; Intensificação da limpeza e desinfecção ambiental; Limpeza e desinfecção das áreas próximas ao paciente, bem como os equipamentos relacionados à assistência; Atenção à ventilação nos ambientes hospitalares; Importante considerar a suspensão das visitas; Reforço das ações educativas às equipes multiprofissionais; Na suspeição de casos, manter o paciente isolado dos demais e realizar coorte de funcionários.


NOTA TÉCNICA SOBRE A VARIANTE DELTA (SES/RS)

REVISADA EM 09 DE AGOSTO DE 2021

 

Este Comitê Científico, atento à propagação da variante Delta do SARS-CoV-2, vem por meio desta nota renovar esforços de enfretamento à COVID-19 no Estado, contando com o compromisso e responsabilidade de governantes e cidadãos para fazer frente esse novo desafio.

Nos últimos meses muito temos avançado, com a vacinação já atingido os grupos mais jovens e mais de 50% dos gaúchos vacinados com ao menos uma dose da vacina contra a COVID-19. Entretanto, não podemos baixar a guarda. Será preciso que se redefinam as estratégias locais e que se adotem os protocolos que respondam, as esse novo desafio epidemiológico-sanitário vis-à-vis à preservação da atividade econômica e o desenvolvimento de nossos Munícipios e Regiões.

Isto posto:

CONSIDERANDO que a recente mutação do SARS-CoV-2, a linhagem/variante de preocupação Delta (B.1.617.2) é a mais recente ameaça de preocupação a saúde pública no mundo e já circula, transmissão comunitária, no RS;

CONSIDERANDO que se estima, por testagem até o final de julho 2021, a existência de 64 casos no RS (sendo 11 casos confirmados por sequenciamento genético completo e 53 prováveis casos identificados por sequenciamento parcial);

CONSIDERANDO a necessidade de redobrar esforços para enfrentar a transmissão dessa variante altamente contagiosa – tanto quanto a varíola – que pode infectar mesmo pessoas totalmente vacinadas; há dados que revelam que 75% dos infectados com a Delta estavam totalmente vacinados (CDC)

COSIDERANDO que pessoas não vacinadas correm um risco 10 vezes maior que adoecer gravemente ou falecer devido a COVID-19;

CONSIDERANDO que um estudo recentemente realizado pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças e publicado em pré-impressão no site da MedRxiv, a variante Delta é bem mais contagiosa do que a cepa original do vírus, com uma carga viral 1.260 vezes maior que a do vírus original;

CONSIDERANDO que mesmo pessoas vacinadas, uma vez infectadas pela variante Delta – diferentemente das outras- podem apresentar alto risco de transmitir o vírus à outras pessoas da mesma forma os não vacinados;

CONSIDERANDO que a OMS alerta para o risco de saturação dos sistemas de saúde devido a linhagem Delta;

CONSIDERANDO que o limiar para imunidade populacional varia em função da variante e está subindo. Este limiar é calculado em torno de 60% a 70% para a variante original, 80% para as variantes Alfa e Gama, agora estima-se que o limiar esteja acima de 90% para a variante Delta;

CONSIDERANDO o rápido crescimento da variante Delta em vários países, acarretando num aumento rápido de novos casos e aumento de hospitalizações (de acordo com dados das autoridades americanas e inglesas), mesmo em locais que estão com uma cobertura vacinal mais adiantada em relação ao nosso estado e país;

CONSIDERANDO que, por apresentar sintomas iniciais semelhantes ao resfriado comum as pessoas, em particular as mais jovens, confundem os sintomas da Delta com um resfriado sazonal e, portanto, continuam saindo e se encontrando em grupos para festejar e, assim, transmitindo o vírus ao seu redor.

O Comitê Científico, RECOMENDA

Reforçar as medidas preventivas tais como o uso de máscara (em locais fechados e sem ventilação);


Advertir para a vacinação contra a COVID-19 como medida mandatória para todos os profissionais e funcionários dos serviços de saúde;


Aumentar a comunicação social sobre a importância da vacinação e dos cuidados quanto ao protocolo sanitário, principalmente sobre os benefícios das medidas não farmacológicas na proteção contra a exposição ao novo coronavírus (ex.: uso de máscaras), a proteção da vacinação a partir da primeira dose, porém a necessidade da completude do regime para uma proteção completa em relação a variantes de preocupação, como a Delta;


Que empregadores estimulem a vacinação de seus funcionários e a observância do protocolo sanitário;


Reforçar as medidas sanitárias nas fronteiras, bem como a vacinação nesses locais, em virtude do crescimento de novos casos da variante Lambda, inicialmente descrita no Peru e que vem ganhando espaço nos países vizinhos da América Latina;


Reforçar a fiscalização de ambientes públicos (com especial atenção a todos os ambientes fechados) e de aglomeração, praças e parques das cidades, bem como atentar para o uso de máscara nesses locais;


Reforçar os cuidados em ambientes de sala de aula, em virtude do retorno presencial das escolas e instituições, em um cenário de cobertura vacinal baixa e incompleta;


Reforçar que crianças são suscetíveis ao vírus e, com a presença de uma variante mais transmissível e que pode levar a um aumento substancial na carga viral como a Delta, devemos alertar aos educadores para o reforço dos cuidados quanto ao uso de máscaras, bem como o cumprimento do distanciamento entre as classes, além de manter os ambientes bem ventilados e arejados nos locais de sala de aula;


Realizar uma comunicação clara com a população sobre os riscos dessa nova etapa de enfrentamento da pandemia, e que precisamos que todos façam sua parte e se protejam para protegermos toda a sociedade nessa reta final rumo a cobertura

Referências 



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