Mundo | 1 de abril de 2015

Recomendações sobre riscos de alergia alimentar em crianças

Pesquisa indica que bebês devem comer alimentos alérgenos para reforçar o sistema imunológico
Recomendações sobre riscos de alergia alimentar em crianças

Quando uma criança começa a ingerir alimentos sólidos, a experiência de degustar coisas novas é uma aventura tanto para o bebê quanto para os pais. Da mesma forma que acompanham as preferências dos filhos, os pais devem estar atentos a comidas que podem dar alergia.

Alguns dos alimentos mais agradáveis ​​também podem ser alérgicos, e em casos graves, fatal. A alergia alimentar afeta, no mundo, de 6 a 8% das crianças com menos de três anos de idade e até 3% dos adultos.

Tradicionalmente, médicos recomendam atrasar a exposição a alimentos que contêm alguns dos alérgenos mais comuns (como amendoim, leite de vaca, ovos) por um ano depois que a criança já não vive exclusivamente com leite materno. Novas pesquisas, no entanto, indicam que é justamente essa demora no contato com esses alimentos que parece ser um dos fatores que desencadeia a alergia.

Em um estudo publicado no New England Journal of Medicine, pediatras e pais questionam a antiga crença de que evitar esses alimentos por um tempo é a aposta mais segura. Os pesquisadores deram regularmente a bebês considerados de alto risco para ter alergia a amendoim, pequenas quantidades de produtos feitos a base de amendoim, começando com a idade entre quatro e 11 meses. Cinco anos mais tarde, as crianças que comeram amendoim tiveram 81% menos alergias do que crianças igualmente de alto risco que não comeram amendoim.

“Esses dados são em relação ao amendoim e provavelmente também valem para leite e ovos” considerou Dr. David Rosenstreich, chefe da divisão de alergia e imunologia no Albert Einstein College of Medicine e no Montefiore Medical Center, em reportagem da CBS News. É por isso que Rosenstreich e outros pediatras recomendam comer desde cedo os alimentos.

“Os alimentos devem ser introduzidos com muito cuidado”, ressalta Rosenstreich. “Geralmente é mais seguro testar em casa, com algum medicamento por perto, um anti-histamínico líquido. É bom dar uma prova para a criança e ver como ela reage”, explica. Outros alimentos com risco de alergia são frutos do mar, soja e trigo. A recomendação do especialista é que essa introdução dos alimentos inicie entre quatro e seis meses de idade. “O melhor é começar por alimentos menos alergênicos, como arroz, legumes, frutas, carne, sendo os mais sólidos preparados como purê”.

É preciso cuidar de crianças com o mais alto grau de risco, aquelas que têm um ou mais dos pais com histórico de alergias alimentares. Uma criança que frequentemente tem dermatite ou erupções cutâneas também está mais propensa ao desenvolvimento de uma alergia alimentar. Nesses casos, os pesquisadores sugerem que os pais deixem a introdução de alimentos para um profissional. O médico avalia o histórico familiar e faz testes de pele para ver se a criança é sensível a certos alimentos. Em seguida, é criado um plano de introdução de alimentos que orienta pais sobre o que é necessário e seguro.

A amamentação tem um papel importante na construção de um sistema imunológico saudável do filho e pode oferecer proteção contra o desenvolvimento de certas alergias. Outra medida que os pais podem tomar não envolvem comida, mas sim retardar um pouco o momento do banho para acumular resíduos no corpo da criança. O uso de sabonetes antibacterianos e outros produtos domésticos semelhantes têm sido associado a um aumento das alergias em crianças. Outro estudo publicado em fevereiro descobriu que crianças que vivem em famílias que lavam pratos à mão são menos propensas a desenvolver alergias do que aqueles que viviam em casas que usam máquina de lavar louça.

“As alergias estão aumentando com frequência em todo o mundo e estão relacionadas com a chamada ‘hipótese da higiene’, conclui Dr. Rosenstreich, referindo-se a ideia de que a exposição a germes e bactérias pode estimular o sistema imunológico.

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