Gestão e Qualidade, Mundo | 17 de março de 2017

Nos EUA, planos de saúde oferecidos por hospitais são melhor avaliados

Relação direta com paciente evita interferências e torna serviço mais rápido e efetivo
Nos EUA planos de saúde oferecidos por hospitais são melhor avaliados

Saber escolher um bom plano de saúde pode ser um grande desafio. Conseguir utilizá-lo pode ser ainda mais difícil. Há casos em que o hospital pede para o cliente falar com a operadora e a mesma pede para o que o paciente fale com o hospital e isso se torna umping-pong de stress para o cliente.

Os hospitais e os sistemas de saúde (rede de hospitais de um mesmo grupo) estão disponibilizando, cada vez mais, seus próprios produtos no mercado, um tipo de consolidação conhecida como “integração vertical”.

Nos Estados Unidos, um estudo desenvolvido por pesquisadores da Harvard T.H. Chan School of Public Health, identificou que os melhores planos são aqueles fornecidos diretamente por hospitais. As conclusões foram baseadas na análise dos planos Medicare Advantage – alternativas de seguro privado para o Medicare (plano governamental para idosos) tradicional. Os planos Medicare Advantage são oferecidos por grandes operadoras como UnitedHealthcare Group (que também possui operações no Brasil, após adquirir a Amil).

Ainda não muito comum no Brasil, nos EUA quase um quarto dos planos oferecidos é emitido por hospitais ou sistemas de saúde. Em nosso país, são poucos hospitais que oferecem o seu próprio plano de saúde. Na verdade, muitos já tentaram criar seus próprios modelos de atendimento direto, mas esbarraram na questão da demanda, perfis de clientes e necessidade de contratação de estruturas de terceiros que inviabilizaram a sustentabilidade dos planos a preços competitivos. Na realidade, lançar uma “operadora” própria do hospital requer a estruturação de um novo modelo de negócio.

Melhor avaliado

O governo norte-americano coleta dados sobre a qualidade de cuidados de saúde através de pesquisa com os pacientes (em uma escala de 1 a 5 estrelas). A pesquisa demonstra que os provedores “diretos” (sem intermediários) apresentam qualidade percebida mais alta. Planos oferecidos por operadoras/seguradoras têm avaliações médias de pouco mais de 3,5 estrelas. Os que são oferecidos diretamente para o cliente pelos hospitais, obtém melhor pontuação chegando próximo a 4.

O estudo conseguiu ir ainda mais fundo e verificou que alguns aspectos da qualidade se refletem nos resultados clínicos. Por exemplo, as medidas de triagem preventiva – como a do câncer colorretal – ou a gestão das condições crônicas receberam melhores notas dos usuários quando foram gerenciadas pelos planos dos hospitais.

Outros aspectos da qualidade estão relacionados ao atendimento aos clientes. Em medidas de reclamações e capacidade de resposta aos beneficiários, os planos oferecidos pelos hospitais se destacam. “Em cada área de serviço ao cliente que examinamos, os planos oferecidos diretamente pelos provedores são classificados com meia estrela mais alta do que os oferecidos pelas seguradoras”, disse Austin Frakt, um dos autores do estudo ao The New York Times.

Estes resultados fazem sentido pelo fato de quando o cliente tem um problema, como uma conta indevida de hospital, a coisa mais comum de a operadora fazer é culpar o hospital pelo infortúnio. Da mesma forma, o meio mais cômodo do hospital agir é culpar o plano de saúde. No meio disto tudo, está o paciente.

Sem intermediários

No entanto, quando o plano e o hospital estão ligados, não é possível passar o problema para o “outro lado”. As questões são resolvidas mais rapidamente e também tendem a ser menos propensas a acontecer. Essa é a principal razão da maior satisfação dos clientes e uma maior qualidade nos planos diretos.

Mesmo que se note o aumento deste mercado no EUA, o autor do estudo ressalta que o risco de manter um plano próprio é alto para os hospitais. A rede Catholic Health Initiatives, que mantém 100 hospitais em 18 estados está readequando grande parte de seus planos. Já a Tenet Healthcare, assim como outros sistemas de saúde, comunicaram recentemente que muitas das suas opções oferecidas deverão passar por mudanças, em virtude das constantes lutas para manter a rentabilidade.

“Os planos oferecidos pelo provedor podem aumentar a conveniência para os consumidores. Mas o risco financeiro que atinge as organizações que os oferecem pode ser elevado, muito além do que muitos podem lidar”, finaliza Austin Frakt.

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