Um estudo baseado em dados do Censo Demográfico de 2010 do IBGE, feito pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado na última quarta-feira, 3, revela que a medicina vive uma situação contraditória no Brasil. É a carreira de ensino superior com o melhor desempenho laboral e, ao mesmo tempo, com maior escassez de profissionais.

A avaliação criou uma lista baseada em quatro variáveis: salário, jornada de trabalho, cobertura previdenciária e taxa de ocupação. Foram pesquisadas 48 profissões, sendo os médicos aqueles com melhor resultado geral.

Em média, é a carreira que oferece maior salário (R$ 6.940,12) e a maior taxa de ocupação, pois 91,8% dos profissionais estão exercendo a função. Ocupa também a décima colocação em relação à cobertura previdenciária, com 90,7% dos médicos contando com plano de aposentadoria público ou privado.

A única variável em que os médicos não estão bem posicionados é a jornada de trabalho. São 42,03 horas em média por semana, o que resulta na quarta colocação.

A odontologia também figurou entre os dez primeiros lugares no ranking global. Na oitava colocação, a profissão oferece, em média, um salário de R$ 4.238,65 para uma carga horária semanal de 37,46 horas.

Conforme declaração do ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Marcelo Neri, para o jornal Folha de S. Paulo, “a maior gravidade desse problema é que para você formar pessoas com qualidade demora tempo. Os indicadores não deixam dúvidas de que faltam médicos”, alertou.