Em 2021, o Hospital Independência (HI), integrante da Rede de Saúde Divina Providência, passou a realizar a captação de córneas. A iniciativa é da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). A instituição já realiza a doação de múltiplos órgãos, mas questões como a desinformação, impedem que o número de doações seja maior.

Enquanto a doação geral de órgãos só é permitida em casos de morte encefálica, a doação de córneas pode ser feita por pessoas que tiveram morte por parada cardíaca ou morte encefálica, com idade acima ou igual a 2 anos e abaixo de 80 –  a retirada deve ser em um tempo igual ou inferior a 6 horas. A cirurgia pode recuperar a visão em mais de 90% dos casos, de acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, na Área de Transplantes de Multitecidos.

Restrições

Pessoas falecidas com infecção generalizada ou Covid-19 não podem ser doadoras. Além dessas, as seguintes causas impossibilitam a doação: pessoas com linfomas ativos e leucemias, hepatites B ou C, HIV (AIDS), endocardite bacteriana, morte de causa desconhecida, raiva, e algumas doenças ativas, como leptospirose e sífilis.

Doação no HI

Conforme a gestora clínica da UTI do HI, médica intensivista Ana Carolina Peçanha, a pandemia impactou profundamente os transplantes. Ela ressalta, porém, que desde antes da pandemia, há entraves em relação ao tema que precisam ser superados. Ela cita a falta de campanhas informativas e aspectos culturais que dificultam a maior adesão da população.

Confiança e transparência

“A doação de órgãos exige confiança. E, se exigimos confiança, isto requer transparência. Agora, que temos um arrefecimento de casos de Covid-19, é uma excelente oportunidade de retomar as campanhas em prol da doação e revisitar alguns processos de informações em saúde, porque ainda são muito deficitários. Assistimos de camarote a desinformação imperando em relação à pandemia, o que também é uma realidade quando o tema é doação de órgãos. Isso, aliado a aspectos culturais e religiosos, impacta enormemente nesse processo”, explica.

A Espanha é um dos exemplos mundiais de sucesso de transplantes. De acordo com a gestora clínica, que participou de cursos sobre o tema com profissionais espanhóis, um dos pilares do sucesso do país é justamente a abordagem adequada com as famílias.

Negativa familiar é um dos principais entraves

De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de 2018, 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada.

CIHDOTT

A CIHDOTT possibilita o efetivo processo de captação e doação de órgãos, tanto para favorecer as atividades de identificação de possíveis doadores, implementar protocolos, testes diagnósticos, comprovar a existência de morte encefálica e notificá-la, quanto para sensibilizar a família, reduzindo possíveis obstáculos à efetivação de transplantes no Brasil.

Com informações assessoria de imprensa Divina Providência. Edição SS.