Gestão e Qualidade | 3 de janeiro de 2024

Hospital Alemão Oswaldo Cruz projeta investir R$ 58 milhões em 2024

O CEO José Marcelo A. de Oliveira apresenta conquistas de 2023, anuncia iniciativas para o 2024 e fala sobre o cenário da saúde e como ele enxerga o hospital do futuro.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz projeta investir R$ 58 milhões em 2024

Conforme o Dr. José Marcelo A. de Oliveira, diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (São Paulo), o ano de 2023 foi de grandes desafios para o ecossistema de saúde: “Tivemos que fortalecer ainda mais o diálogo com os parceiros para buscar soluções conjuntas, desenvolvendo projetos que nos auxiliassem a otimizar fluxos para garantir a melhor experiência para nossos pacientes sem perder a eficiência operacional.” O quarto participante da série especial de entrevistas com executivos de hospitais, operadoras e clínicas do Brasil, destaca que em 2024 a instituição hospitalar projeta investir cerca de R$ 58 milhões. Entre os projetos recentes ou em desenvolvimento, estão iniciativas voltadas a temas como processos, governança corporativa, diálogo com os parceiros, capital humano, humanização, inovação, ESG e mapeamento dos riscos estratégicos.

O executivo apresenta as principais conquistas de 2023 e aprofunda as diretrizes estratégicas estipuladas para o ciclo 2024. Oliveira também fala sobre a importância da transformação digital e como ele enxerga o hospital do futuro: “acredito que uma das vertentes seja o hospital sem muros, onde o cuidado começa na alta complexidade e continua no indivíduo fora do hospital, no ambiente mais adequado, perto ou dentro da casa dele”. O diretor-presidente do Hospital defende ainda a necessidade de os setores da sociedade fortalecerem o sistema de saúde, buscando uma atuação coordenada e em rede. Confira a entrevista completa.


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2023: os desafios do ecossistema e as conquistas do Hospital 

“2023 foi um ano de grandes desafios para o ecossistema de saúde, que ainda se adequa às transformações impostas pela pandemia e pelas movimentações de mercado. Tivemos que fortalecer ainda mais o diálogo com os parceiros para buscar soluções conjuntas, desenvolvendo projetos que nos auxiliassem a otimizar fluxos para garantir a melhor experiência para nossos pacientes sem perder a eficiência operacional”, destaca.

“Com esse objetivo também refletimos profundamente sobre as nossas especialidades médicas, uma vez que operamos no universo de alta complexidade, com tradição e reputação em muitas áreas de medicina e saúde. Isso culminou inclusive no lançamento do Centro Avançado de Treinamento Cirúrgico (foto abaixo) para suprir a carência do mercado brasileiro por programas de atualização e aperfeiçoamento na área. Geralmente os profissionais precisam recorrer a cursos no exterior para treinamentos desse gênero”, completa Oliveira.

Centro Avançado de Treinamento Cirúrgico

“Outra conquista relevante foi o lançamento do nosso Centro de Ciências para Longevidade. A plataforma de pesquisa e soluções foi criada para gerar conhecimento baseado em evidências e financiar atividades relacionadas aos desafios de saúde decorrentes do envelhecimento da população brasileira, conectando parceiros de diferentes áreas do mercado. O Brasil é um dos países do mundo com a maior taxa de envelhecimento. Em 20 anos, pessoas com 60+ irão representar quase 30% da população nacional.”

“E com foco em manter o melhor atendimento assistencial também investimos em ações voltadas para manter e elevar a cultura do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de colocar o paciente e sua família no centro do cuidado, conforme previsto em seu modelo assistencial. A Instituição foi pioneira ao desenvolver um modelo próprio de cuidado colaborativo e que estimula o estabelecimento de vínculos entre os profissionais da saúde com o paciente, em consonância com as melhores práticas de humanização. Por meio do programa Nosso Hospital é Assim incentivamos fortalecer a cultura do engajamento de todas as pessoas que têm contato com o Hospital, sejam pacientes, familiares, colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços e visitantes. Esse processo de reconhecimento faz com que as pessoas envolvidas nas ações incentivem outros profissionais a se engajarem nessa corrente, ultrapassando as atribuições das rotinas de cada função dos colaboradores no dia a dia da Instituição.”

“Ainda na área assistencial, outro reconhecimento importante foi Prêmio Nacional de Qualidade, concedido pelo Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) para as nossas unidades Paulista, Campo Belo e Hospital Vergueiro. Cada unidade foi avaliada nas frentes de humanização, foco no paciente, acervo documental, integração e sustentabilidade”, explica o executivo.

hospital vergueiro

“Em relação a agenda ESG, destaco nossa atuação no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). Agora, em dezembro, iremos concluir o terceiro ano do triênio 2021-2023, com 26 projetos pelo Brasil, nos quais apoiamos o Ministério da Saúde, Secretaria Estaduais e Municipais de Saúde a desenvolver as soluções de saúde mais adequadas para cada região, podendo ser o apoio a projetos de melhoria de qualidade e segurança, capacitação técnica ou de gestão dos profissionais de saúde ou mesmo projetos de pesquisa científica aplicáveis ao SUS. Outro destaque nessa área foi a nossa adesão ao Movimento Mente em Foco, iniciativa do Pacto Global da ONU que pretende promover a saúde mental de 10 milhões de trabalhadores em mil empresas brasileiras até 2030. Para 2024, um dos nossos desafios será justamente avançar na agenda ESG, principalmente, nas ações de diversidade e no engajamento nas discussões sobre clima no setor de saúde”, projeta o diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.


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2024: “Nossa expectativa é investir R$ 58 milhões em 2024″ anuncia Oliveira

“Temos como compromisso olhar para o futuro e continuar crescendo, sem perder a nossa essência: cuidar das pessoas com excelência técnica e acolhimento. Para tal, nosso planejamento estratégico, que compreende o período mais amplo (2022/2026), tem entre seus objetivos aprimorar diversos processos alinhados com a missão, visão e valores da Instituição, reforçando nosso compromisso de investir no bem-estar e no desenvolvimento profissional dos nossos colaboradores, que são quem exercem diariamente a nossa missão de entregar a melhor experiência e resultado em saúde para os nossos pacientes.”

“Além disso, continuaremos focados em manter um olhar cada vez mais aguçado às jornadas, necessidades e dores dos pacientes. Por meio de um Modelo Assistencial proprietário e de nossa equipe médica, temos buscado proporcionar os melhores desfechos clínicos e qualidade de vida àqueles que nos procuram e são nossa razão de existir. Outro ponto fundamental será continuar aprofundando nossas diretrizes sobre temas-chave, como inovação, diversidade e tópicos ambientais, sociais e de governança (ESG)”, anuncia Oliveira.

“As importantes conquistas e reconhecimentos recentes mostram que estamos no caminho certo, colaborando para o surgimento de avanços significativos na vida e na saúde das pessoas. Com o investimento em pessoas, tecnologia, inovação, educação e pesquisa científica, esperamos contribuir cada vez mais com a geração de conhecimento e na melhoria da saúde como um todo. Nossa expectativa é investir R$ 58 milhões em 2024″, detalha.


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Os movimentos que ajudam a evidenciar os esforços do Hospital para aperfeiçoar a eficiência

Conforme Oliveira, “além da revisão das especialidades e de estreitarmos o diálogo com os parceiros que citei anteriormente, fizemos um trabalho importante de mapeamento dos riscos estratégicos, operacionais, de compliance entre outras áreas, classificando-os em níveis de criticidade. As questões ambientais, sociais e de governança (ESG) também integraram essas discussões e, agora, em 2024, iremos aprofundar essa discussão. Importante ressaltar que esse mapeamento dos principais riscos e oportunidades é feito de forma contínua para que possamos reformular a rota, caso seja necessário, com mais rapidez.”

Diretrizes ou eixos estratégicos estipulados para o ciclo 2024 (gestão e assistência)

“Além da nossa Essência – que reúne a Missão, a Visão e os Valores da organização – à qual adicionamos ainda um propósito: Servir à Vida. Resultado de um processo revelado de forma colaborativa, a partir da escuta de médicos, pacientes, gestores e equipes de toda a Instituição, a evolução da Essência não reescreve nossa história até aqui, mas reafirma, de forma objetiva e clara, nossa razão de ser – e porque queremos ser a escolha em cuidados em saúde para todos os nossos públicos.”

“A Essência também traduz aquilo que está em nossa estratégia: somos uma Instituição filantrópica, cuja eficiência e rentabilidade são fundamentais para a perenidade dos serviços prestados; e para seguirmos sendo referência nas especialidades médicas em que atuamos, impactando a saúde e a sociedade brasileira. Além disso, acreditamos que o hospital do futuro precisa ser muito mais do que um espaço que ofereça com excelência um tratamento de alta complexidade, mas uma solução sistêmica de saúde, muitas vezes iniciada na alta complexidade, mas que acompanha o paciente onde quer que ele esteja”, defende Oliveira.

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“Junto deste trabalho, realizamos uma revisão da estrutura da governança corporativa do Hospital, com a reorganização dos comitês de assessoramento do Conselho Deliberativo, dando sequência aos movimentos de transição iniciados no ano anterior.”

O executivo reforça: “Estamos em um momento de aprimoramento de processos na gestão do capital humano, refletindo a revisão da essência e a estratégia institucional, e acredito que cada vez mais o olhar de retribuição, mérito e reconhecimento de quem faz nossa Instituição ser o que é deve ser valorizado. Nesse sentido, redefinimos políticas para a gestão e relacionamento com o corpo clínico e, em 2024, daremos continuidade às evoluções do Programa de Diversidade para que ele tenha uma abrangência que abarque toda a pluralidade do conceito.”

“A transformação digital é um caminho irreversível”

Ao abordar as tendências que ditarão os rumos da saúde e como a organização enxerga a sua atuação diante dessas mudanças de mercado, Oliveira é taxativo: “A transformação digital é um caminho irreversível, afinal já estamos na era de decisões médicas baseadas em algoritmos. Por isso, acredito que uma das vertentes seja o hospital sem muros, onde o cuidado começa na alta complexidade e continua no indivíduo fora do hospital, no ambiente mais adequado, perto ou dentro da casa dele. Em breve, será algo comum o meu cardiologista pedir, por exemplo, para eu disponibilizar os resultados monitorados pelo meu relógio nos últimos três meses para aplicar algum algoritmo, que irá mostrar que meu risco cardiovascular diminuiu só porque, naquele período, eu caminhei mais. Esse é o hospital do futuro.”

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“O acompanhamento do paciente será feito à distância e somente os casos mais críticos, de fato, serão atendidos em uma instituição hospitalar. Isso é um grande avanço, pois ao monitorarmos o paciente no ambiente dele não só reduzimos custo, mas também se tivermos uma gestão efetiva dos seus dados podemos antecipar soluções para a sua saúde, evitar o avanço de doenças crônicas e progressivas, além de levar acesso a uma medicina e assistência de qualidade a populações que estão distantes dos grandes centros. O vínculo médico paciente e profissionais da saúde continua sendo fundamental, uma vez que o desfecho clínico positivo dependerá do engajamento do paciente com o seu tratamento”, completa o executivo.

Fortalecer o sistema

Ao falar sobre os gargalos que devem ser foco de atenção do setor em 2024, Oliveira aponta que é necessário usar os ensinamentos da pandemia, conectando todos os setores da sociedade para fortalecer o sistema de saúde. 

Embora a pandemia tenha sido uma grande tragédia para todos nós, ao mesmo tempo ela foi crucial para dar luz sobre a importância da contar com um sistema integrado e sólido de saúde, seja ele público ou privado, que atua em rede, principalmente, quando se trata de um país com dimensões continentais e culturas diversas como o Brasil. Mais do que estar no centro das discussões de todas as esferas de governo, ficou claro que a saúde tem que perpassar todos os setores da sociedade”, defende Oliveira.

“Um bom exemplo de como essa atuação em rede e o compartilhamento de experiências e informações podem dar certo e contribuir para o avanço de políticas e práticas foi o Coalizão Covid-19 Brasil, do qual fazemos parte. Por meio dessa aliança entre os seis hospitais privados de reconhecida excelência pelo Ministério da Saúde, a Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), diversas pesquisas foram conduzidas com rapidez para avaliar a eficácia e a segurança de potenciais terapias para pacientes com Covid-19.”

“No entanto, ainda são poucas as iniciativas que temos pelo país. Precisamos ampliar essa troca para fortalecer o sistema. Justamente com esse objetivo contribuir com poder público e com a sociedade temos buscado cada vez mais ampliar a nossa frente de geração e disseminação de conhecimento não apenas por meio da parceria do Proadi-SUS, como mencionei anteriormente, mas também com outras instituições”, pontua o diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

hospital alemão oswaldo cruz HCFMUSP insper

Segundo Oliveira, uma experiência neste sentido é uma parceria firmada em fevereiro de 2023 entre o Hospital e dois importantes parceiros, o HCFMUSP e o Insper. “Por exemplo, firmamos um Consórcio de Inovação (foto acima) em parceria com o Insper e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), por meio do seu Núcleo de Inovação (InovaHC), para a promoção de inovações tecnológicas na área da saúde. Com essa parceria, estamos estudando a possibilidade de expandir um projeto piloto já existente do InovaHC para fazermos a operação dos laudos remotamente por aqui, enquanto o Insper fará toda a verificação e aprimoramento dos fluxos para reduzir a ociosidade das máquinas. O interessante dessa iniciativa, que envolve a expertise das três instituições, é que ela pode ser um modelo viável não apenas para o sistema público de saúde, mas também para a saúde suplementar”, finaliza.

José Marcelo de Oliveira PERFIL

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