Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 21 de junho de 2021

HCPA é o primeiro no Brasil a disponibilizar colírio produzido a partir do sangue do próprio paciente

Através de uma PPP, pacientes têm acesso ao tratamento Self Tears, dirigido a casos graves de olho seco
HCPA é o primeiro do Brasil a disponibilizar colírio produzido a partir do sangue do próprio paciente

Casos graves de olho seco trazem grandes prejuízos à visão, muitas vezes impedindo uma vida plena. Cerca de 5% dos pacientes com o problema podem apresentar uma forma grave que não responde aos tratamentos com colírios lubrificantes disponíveis no mercado. O Self Tears é um colírio produzido a partir do sangue do próprio paciente e contém vitaminas, proteínas e fatores de crescimento que acalmam e regeneram a superfície ocular.

Depois de uma década de pesquisas na área, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) realizou sua primeira Parceria Público Privada (PPP) para que a população tenha acesso ao tratamento. Após parecer favorável do Conselho Federal de Medicina, a Anvisa emitiu uma nota técnica regulamentando todas as etapas da produção do colírio de soro autólogo para garantir a segurança e qualidade do produto. No HCPA, o trabalho liderado pelo Serviço de Oftalmologia conta com a parceria do Banco de Sangue.

Produção dentro das regras da Anvisa

Uma vez que o SUS não cobre os custos da produção, a alternativa foi estruturar uma PPP, através de licitação, com a Farmácia Oftálmica. “São anos de pesquisa que se concretizam em realidade. Estamos felizes por viabilizar para a comunidade este tratamento tão importante”, ressalta a professora Diane Ruschel Marinho. “Somos o primeiro serviço no Brasil a se organizar para que a produção deste tratamento seja feita dentro das regras da Anvisa”, complementa.

HCPA é o primeiro do Brasil a disponibilizar colírio produzido a partir do sangue do próprio paciente-

A primeira paciente a adquirir o Self Tears, Helena de Fátima Armest, recebeu o primeiro kit no dia 15 de junho. “Sou portadora de Síndrome de Sjogren e sofro muito com olho seco. Hoje uso uma lente de contato que é fora do padrão, o que é arriscado no meu caso, mas não consigo ficar sem ela. Meu objetivo com esse colírio é deixar de usar a lente. É minha última esperança, na verdade. Cheguei a temer pela minha visão”, ressalta.

O processo de elaboração do medicamento parte da indicação de um Oftalmologista. Para produzir o Self Tears, o paciente realiza uma coleta de sangue no HCPA. Este sangue é processado no Banco de Sangue e depois encaminhado a farmácia de manipulação Oftálmica para a diluição, envase, rotulagem e controle de qualidade. Cada autodoação de sangue pode gerar material suficiente para oito meses de tratamento. O kit com os colírios deve ser conservado no freezer e o frasco em uso, mantido refrigerado.

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Fotos: Clóvis Prates

 



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