Francisco Balestrin apresenta nos Desafios da Saúde como será o Hospital do Futuro

A realidade do hospital do presente, os seus desafios a partir das transformações sociais ao longo dos anos, e o que é esperado e como será o hospital do futuro. Estes foram tópicos desenvolvidos na palestra do presidente da International Hospital Federation (IHF – Associação Internacional de Hospitais) e do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), Francisco Balestrin, no evento Seminários de Gestão: Desafios da Saúde.

O evento contou ainda com palestra do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta; da secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann; e do superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini. Já apresentaremos aqui no portal Setor Saúde as duas primeiras palestras, destacando o que de mais importante foi abordado nas apresentações de Mandetta e Arita.

Mais de 300 pessoas se inscreveram para o Desafios da Saúde

O Seminários de Gestão, atualmente em seu quarto ano consecutivo, é promovido pela Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), em parceria com a Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS) e Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA). Com auditório completamente lotado (presença de mais de 300 pessoas), esta edição teve patrocínio do Banrisul, dos laboratórios farmacêuticos MSD e Astellas e da Unimed Porto Alegre. A certificação foi concedida pela faculdade Fasaúde/IAHCS, e os apoiadores foram IAHCS Acreditação e portal Setor Saúde (www.setorsaude.com.br) – canal de comunicação oficial do Seminários de Gestão.

Francisco Balestrin

“Eu quero deixar a minha apreciação pelo trabalho do ministro Mandetta. Desde o início, quando montou uma equipe de pessoas valorosas, com competência, que conhecem e são comprometidas com a saúde pública do nosso país”, disse o palestrante no início da apresentação, que também elogiou a palestra e o trabalho desenvolvido pela secretária da Saúde do RS, Arita Bergmann.

O deputado federal e vice-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Pedro Westphalen, também foi saudado por Balestrin. “Quero que vocês saibam que o deputado Pedro Westphalen, um dos fundadores da FEHOSUL, é hoje a pessoa de referência das instituições representativas do setor da saúde no Congresso Nacional”, enalteceu.

CBEXs e IHF

Balestrin iniciou a sua apresentação falando sobre a CBEXs, que é uma instituição que busca promover educação continuada para lideranças e troca de conhecimento sobre boas práticas em gestão, assistência, governança, regulação, comunicação e tecnologia. Atualmente, possui 110 fellows e mais de 500 associados. “O Colégio Brasileiro trabalha naquilo que é mais importante atualmente: com a rede de relacionamentos. Os gestores precisam se conhecer uns aos outros, e precisam ter conhecimento sobre o assunto”, disse.

Presidente da International Hospital Federation (IHF – Federação Internacional de Hospitais) e do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), Francisco Balestrin, no evento Seminários de Gestão: Desafios da Saúde.

XXX

“Com o CBEXs, os gestores deixam de ser somente gestores, e passam a ser fellows, ou seja, gestores certificados. Quando você tem certificação, relacionamento, ficamos empoderados. E quem está empoderado, tem representatividade. E quem tem representatividade, traz a um evento um ministro da Saúde, uma secretária da Saúde do Rio Grande do Sul, pode influenciar nas políticas públicas”, disse o palestrante referindo-se ao presidente da FEHOSUL e AHRGS, Cláudio Allgayer, que em 2018 tornou-se presidente do Capítulo Sul do CBEXs.

O palestrante apontou também cinco competências de liderança, em que é utilizada a metodologia do manual Leadership Competencies for Healthcare Services Managers, da IHF: liderança, relacionamento e comunicação, responsabilidade social e profissional, conhecimento do sistema de saúde, e negócios.

Cenário atual

Balestrin abordou os hospitais desde a fundação, citando as transformações e desafios que se apresentam atualmente. De acordo com ele, hoje os hospitais têm como prioridade eficiência na execução, segurança assistencial, qualidade na prestação de serviços, contenção de custos, entre outros.

Um dos principais desafios que se apresentam atualmente e que impactarão fortemente o futuro são o envelhecimento da população (taxas de internação e custos são crescentes conforme a idade avança) e a necessidade de prevenir e garantir uma boa saúde dos jovens, para que se tornem adultos e idosos mais saudáveis. Conforme o presidente da IHF e CBEXs, os desafios se concentram em uma tripla carga – doenças infecciosas, doenças crônicas – como o diabetes – e causas externas – aliada a um mau estilo de vida da sociedade brasileira.

Sobre a importância do estilo de vida, Balestrin ressaltou que os hospitais, governos e empresas de tecnologia devem se envolver para gerar qualidade de vida, e assim, melhor controlar os índices de doenças crônicas, que geram mais gastos. “Cerca de 10% da população mundial tem diabetes. A maior população do mundo hoje se concentra na China, seguido por Índia e logo após, a “diabetolândia”, brincou.

Desafios do Hospital do Futuro

Cuidar dos indivíduos com excelência seguirá sendo o foco principal dos hospitais, expôs o palestrante. Balestrin explicou que os hospitais sofrerão a disrupção de novas tecnologias e novos espaços de ação, e os pacientes terão um poder muito grande de escolha. Além disso, a telemedicina e telemonitoramento serão uma atividade cada vez mais presente.

O presidente também apontou que os hospitais no futuro deverão ter a centralidade do cuidado no paciente, sendo instituições baseadas em valor. Outros pilares prioritários seguirão sendo a segurança do paciente, a eficiência e o combate ao desperdício.

Balestrin enfatizou que há um triplo desafio dos hospitais, com aumento de necessidades da população, restrição de recursos e mudança de valores sociais. Além disso, o palestrante apontou que os hospitais serão menores e mais complexos, com foco em serviços de alto valor, mas não necessariamente de alto volume.

“Os hospitais serão mais focados, mais objetivos e fazendo coisas mais especiais, para ter competitividade”, disse. Balestrin apontou que serão vistos cada vez mais serviços altamente especializados, citando a medicina personalizada como exemplo. “O hospital atuará cada vez mais como centro especializado provendo serviços complexos. Ele continuará atuando como o provedor de serviços para pacientes agudos em uma determinada comunidade”, explicou.

As pessoas buscarão um atendimento específico e um tratamento personalizado para elas. “As pessoas querem hoje um atendimento para elas, um medicamento para elas, especial para elas. Não é mais como nós estamos acostumados, com um medicamento que serve para toda a população”, ao se referir aos avanços da medicina personalizada.

O hospital digitalizado é outro paradigma que se impõe. Segundo Balestrin, os pacientes de hoje já são ‘nativo digital’, ou seja, os pacientes jovens que possuem filhos, que vivem na era do smartphone, não conseguem enxergar o hospital como um lugar para prestação de serviços para seus filhos se os hospitais não forem digitalizados. “Este é um aspecto da mudança dos valor social importante”, reforçou.

A educação e pesquisa em saúde seguirão sendo grandes responsabilidades dos hospitais no futuro, que terão a responsabilidade de criar redes de pesquisa. “Os hospitais sempre foram e sempre serão locais de formação de Recursos Humanos, de desenvolvimento de atividades”, disse.

Liderança e gestão

Também será demandada participação ativa de profissionais hospitalares na liderança do setor. Balestrin também aponta que serão realidade ações integradas, com equipes orientadas para processos – tendo o hospital como orquestrador de serviços de saúde. O palestrante igualmente citou que os hospitais serão cada vez mais conectados e próximos aos pacientes, e que novos papéis e profissionais surgirão.

“ Os hospitais do futuro dependerão de profissionais capacitados para exercer a liderança em uma diversidade de áreas”, explicou. De acordo com o palestrante, as instituições no futuro demandarão profissionais com conhecimento técnico, do sistema de saúde, com capacidade de resolução de problemas, habilidade em comunicação, compromisso com aprendizado, inteligência emocional, competência de gestão; foco em Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente, e conhecimento em Tecnologia da Informação (TI).