Mundo | 26 de março de 2019

FDA aprova primeiro medicamento específico para depressão pós-parto

De aplicação intravenosa, Zulresso será utilizado com restrições
FDA aprova primeiro medicamento específico para depressão pós-parto.

A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), aprovou o primeiro medicamento exclusivo para depressão pós-parto em mulheres adultas, com a injeção do Zulresso (brexanolona) para uso intravenoso (aplicado diretamente na veia).

“A depressão pós-parto é uma condição séria que, quando grave, pode ser fatal. As mulheres podem ter pensamentos sobre se machucar ou prejudicar o filho. A depressão pós-parto também pode interferir no vínculo materno-infantil. Essa aprovação marca a primeira vez que uma droga foi aprovada especificamente para tratar a depressão pós-parto, fornecendo uma importante nova opção de tratamento “, disse a médica e diretora interina da Divisão de Produtos de Psiquiatria do Centro de Avaliação e Pesquisa de Drogas da FDA, Tiffany Farchione.

O fármaco foi desenvolvido pela farmacêutica Sage Therapeutics e funciona de forma diferente dos antidepressivos comuns. “Esses levariam de quatro a seis semanas para trazer algum resultado”, afirma, em comunicado à imprensa, a psiquiatra Samantha Meltzer-Brody, professora da Faculdade de Medicina do Centro Médico UNC, nos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, a brexanolona ajuda a regular alguns hormônios que contribuiriam para o problema. Além disso, interfere positivamente em neurotransmissores associados ao bem-estar, como os outros fármacos.

“As semanas e os meses seguintes ao nascimento são um período crítico para a ligação mãe-bebê. Por isso, encontrar um tratamento de ação rápida é crucial. Nos testes [com a nova droga], nós vimos pacientes começando a se sentir melhor dentro de dias”, complementa a doutora, que liderou as pesquisas de desenvolvimento.

Aprovação do medicamento

Foram realizados dois estudos pela faculdade de Medicina do UNC: um avaliou mulheres com depressão pós-parto severa e outro se concentrou nas com a condição em nível moderado. Todas haviam acabado de ter um filho.

Em ambas as pesquisas, uma parte das participantes recebeu infusão intravenosa de brexanolona por 60 horas no hospital; a outra, placebo (um tratamento sem efeito, para servir de comparação). As turmas foram acompanhadas por quatro semanas.

Para medir a eficácia, os especialistas levaram em consideração os sintomas, medidos por uma escala de classificação de depressão. Nas duas análises, o medicamento se mostrou superior ao placebo no fim do período de infusão. A melhora também foi observada quando os 30 dias de acompanhamento chegaram ao fim.

As reações adversas mais reportadas pelas voluntárias foram sonolência, boca seca, súbita perda de consciência e rubor.

Restrições

“Devido a preocupações com riscos sérios, incluindo sedação excessiva ou perda súbita de consciência durante a administração, Zulresso foi aprovado com uma Avaliação de Risco e Estratégia de Mitigação (REMS, na sigla em inglês) e está disponível apenas para pacientes através de um programa de distribuição restrita em instalações de saúde certificadas onde o prestador de cuidados de saúde pode monitorar cuidadosamente o paciente”, diz Tiffany Farchione.

O fármaco deve ser aplicado continuamente na veia durante 60 horas em um ambiente hospitalar e com acompanhamento do especialista, com autorização prévia das mulheres.

Dados sobre a doença

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em países de baixa renda, a média de casos de depressão pós-parto é de 19,8%. De acordo com levantamento de 2016 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma em cada quatro brasileiras sofre do transtorno.

Com informações do periódico Research & Development e revista Saúde (Abril). Edição do Setor Saúde.

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