19 de março de 2018

Vamos falar sobre Endometriose? – Porto Alegre (Hospital São Lucas da PUCRS)

Vamos falar sobre Endometriose?

Capaz de interferir em tarefas básicas do dia-a-dia das mulheres, a endometriose pode causar infertilidade em 50% das portadoras da doença

Silenciosa e por vezes doloridas, a endometriose é uma doença apresentada em cerca de 85 milhões de mulheres no mundo, a maioria na idade reprodutiva. Segundo a ginecologista do Hospital São Lucas da PUCRS, Rafaella Petracco, a doença é crônica. “A abordagem cirúrgica ou medicamentosa não determina a sua cura e os sintomas, sejam de dor ou infertilidade, podem permanecer ou retroceder com o tempo”, explica.

A endometriose acontece quando o tecido que recobre a parte interna do útero (o endométrio) se desloca de dentro do útero para a cavidade abdominal, implantando em outros órgãos. O endométrio se prepara mensalmente para receber um possível embrião, não ocorrendo a nidação, o endométrio descama e acontece a menstruação. Em algumas mulheres junto com a menstruação, parte desde endométrio reflui pelas trompas atingindo outros órgãos, principalmente a região pélvica, como ovários, trompas, intestino e bexiga.

Sintomas

Algum dos principais sintomas da endometriose é a dor pélvica, cólica menstrual, dor durante a atividade sexual e infertilidade. “A relação da endometriose com infertilidade não é bem clara, mas sabe-se que as lesões de endometriose podem interferir no microambiente de fertilização e também alterar a anatomia dos órgãos pélvicos”, explica Rafaella.

Tratamento

Por ser uma doença crônica, dificilmente a paciente terá cura após um caso endometriose. O tratamento pode ser de forma cirúrgica, com a eliminação dos focos da enfermidade, ou através de medicação hormonal. Segundo a ginecologista, é necessário que o paciente seja avaliado de acordo com sua sintomatologia e objetivos. “Por exemplo, se a principal queixa é o desejo de gestar e a sintomatologia a infertilidade ou caso a paciente somente almeje o alivio da dor, formas de tratamento diferentes podem ser sugeridas” e destaca “É muito importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado”.

Mais eficazes no controle da dor, os tratamentos hormonais não se tornam a melhor opção para as mulheres que desejar engravidar. Mulheres com idade acima dos 35 anos, que possuem os sintomas da endometriose, devem ter o cuidado redobrado. Adiar os tratamentos por laparoscopia ou fertilização in vitro podem diminuir as chances de gestação.Independente do tratamento proposto, a paciente com endometriose deve ser orientada a manter hábitos de vida saudáveis, praticar exercício físico e alimentação balanceada.

Influência na rotina

Devido às fortes dores causadas pela endometriose, muitas mulheres acabam sofrendo com a queda de rendimentos na vida profissional. “Sabe-se que a endometriose afeta diretamente a rotina de trabalho dessas pacientes que se encontram no auge dos anos mais produtivos de suas vidas, seja a âmbito pessoal ou profissional” explica a Rafaella Petracco. Estudos na área apontam que as pacientes perdem, em média, 1 dia de trabalho semanal em virtude da doença.

Para a ginecologista, estes transtornos tornam clara a importância da endometriose na vida de mulheres com a enfermidade, além do prejuízo que traz para a produtividade profissional. “É evidente a necessidade de valorizar a queixa da paciente, buscar diagnósticos e tratamento precocemente”, esclarece.

Vamos falar sobre Endometriose?

Para conscientizar a população sobre a doença, o Hospital São Lucas da PUCRS promoverá uma palestra gratuita para a comunidade sobre Endometriose. O evento ocorrerá dia 26 de março, às 13h30, no Anfiteatro Irmão José Otão, localizado no 2º andar da Instituição e tem capacidade para 100 pessoas. A entrada é gratuita.

Sobre Dra Rafaella Petracco

Graduação em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil (2006), especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Residência Médica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Realizou postdoctoral research fellow na Universidade de Yale- EUA e fellow em reprodução humana no Instituto Valenciano de Infertilidade e mestrado em Reprodução humana pela Universidade de Valencia, Valencia-Espanha. Doutora em Medicina e Ciências da Saúde pela PUCRS. Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e título de Reprodução Assistida pela FEBRASGO. Atua na área de Reprodução humana com especial interesse no estudo da endometriose. Possui pesquisas na área de endometriose, expressão genica, cardiologia fetal, fertilização assistida, constricção ductal, polifenóis e congelamento de ócitos.