Gestão e Qualidade | 6 de julho de 2017

Estudo descreve fluxo de micro-organismos em hospital recém-inaugurado

Hospital Microbiome Project traz nova visão sobre a interação microbiana
Estudo descreve fluxo de micro-organismos em hospital recém-inaugurado

Um estudo conduzido pela University of Chicago Medicine mapeou a diversidade bacteriana e o fluxo de micróbios entre pacientes, funcionários e superfícies de um hospital recém-inaugurado, com o objetivo de aumentar a compreensão das interações microbianas e, em última análise, reduzir o contato potencialmente nocivo com esses organismos.

O estudo, decorrente do Hospital Microbiome Project (projeto de microbioma hospitalar, em tradução livre) “ demonstra em qual medida a ecologia microbiana da pele do paciente e das superfícies hospitalares estão entrelaçadas, e como podem fornecer um contexto para futuros estudos sobre a transmissão de infecções hospitalares”, concluem os autores, segundo a revista Health Facilities Management (HFM).

A colonização bacteriana e sucessão em um hospital recém-inaugurado começou dois meses antes que a University of Chicago Medicine abrisse seu novo hospital de mais de 110 mil metros quadrados, o Center for Care and Discovery, em fevereiro de 2013, e continuou por mais 10 meses. Os resultados foram publicados recentemente na publicação Science Translational Medicine, e estão disponíveis no link acima. O Setor Saúde noticiou o projeto durante seu andamento, que agora colhe os primeiros resultados.

O Hospital Microbiome Project é a maior análise de microbiologia de um hospital já realizado e um dos maiores estudos de microbiografia da história, diz ao HFM o autor principal do estudo Dr. Jack Gilbert. Ele atua como diretor do Microbiome Center, além de ser professor de cirurgia da University of Chicago Medicine e líder do grupo em ecologia microbiana no Laboratório Nacional Argonne, perto de Chicago.

Os pesquisadores sequenciaram mais de 6.500 amostras microbianas. As amostras vieram de 10 salas de atendimento ao paciente e de duas estações de enfermagem adjacentes.

Os pesquisadores analisaram a mão, a narina e as axilas de cada paciente, bem como as superfícies que os pacientes podem ter tocado, como os braços das camas ou as alças de pias. Eles coletaram amostras adicionais de múltiplas superfícies, incluindo o piso e o filtro de ar. Cada quarto foi limpo diariamente, com uma limpeza mais extensa após a alta de cada paciente.

Os pesquisadores também coletaram amostras das equipes de enfermagem de cada unidade, analisando as mãos, as luvas, os sapatos, as bancadas da estação de enfermagem, pagers, camisas, cadeiras, computadores e celulares.

Abertura

A mudança mais óbvia ocorreu quando o hospital abriu suas portas para o público interno e externo. “Antes de abrir, o hospital apresentava uma diversidade de bactérias relativamente baixa”, diz Gilbert. “Mas assim que foi povoado com pacientes, médicos e enfermeiros, as bactérias das peles dessas pessoas assumiram o controle”.

No primeiro dia do paciente no hospital, os micróbios tendiam a se mover de superfícies na sala do paciente – camas de cama, bancadas – para o paciente. A partir do dia seguinte, a maioria dos micróbios passou do paciente para a sala, diz o estudo.

Descobertas

Houve duas descobertas imprevistas. Primeiro: quando o calor e a umidade aumentaram durante o verão, os membros do staff do hospital compartilharam mais bactérias entre si. Em segundo lugar: quando mediram o impacto dos tratamentos – como antibióticos antes ou durante a admissão, quimioterapia durante a admissão, cirurgia ou admissão no hospital pela emergência – este foi mínimo.

“Constantemente descobrimos que os antibióticos administrados por via intravenosa (injeção de agulhas ou catéter) ou oral quase não tinham impacto no microbioma da pele”, diz Gilbert. “Mas quando um paciente recebeu um antibiótico tópico (pomada), então, como esperado, eliminou os micróbios da pele”.

O estudo não se destina a oferecer uma receita para reduzir as infecções associadas aos cuidados de saúde, mas, em vez disso, oferece uma estrutura para saber como as bactérias se movem através de um hospital, diz Simon Lax ao HFM, um dos autores do estudo.

“Ter uma abordagem representativa em uma escala macrocomunitária, de como os micróbios estão se movendo através deste ambiente, fornece algum contexto para futuros estudos que se concentrarão em um organismo específico”, defende Lax.

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