Geral | 16 de maio de 2013

Entidades criticam contratação de médicos estrangeiros

Cremers e Simers publicam notas e realizam protestos contra medida do Governo
ManifestaÁ„o dos mÈdicos

Duas importantes entidades representantivas da classe médica gaúcha, o Cremers e o Simers demonstraram descontentamento com a medida do Governo Federal em importar profissionais para atuarem no interior do Brasil. A declaração do ministro da saúde, Alexandre Padilha, a respeito da contratação de médicos cubanos e de outros países foi rebatida com notas oficiais e manifestações.

A crítica principal se dá pelo fato de que os profissionais não precisariam se submeter ao exame de revalidação do diploma, previsto em lei. Aproveitando a visita da presidente Dilma Rousseff a Porto Alegre, na última terça-feira, 14, estudantes de medicina realizaram protesto, promovido pelo Núcleo Acadêmico do Simers. Intitulada “Revalida, SIM”, a manifestação chama atenção para falta de investimento na Saúde e para o perigo da população ser atendida por profissionais que não têm diploma reconhecido no Brasil.

Uma das notas assinada pelo Simers, em conjunto com o SIM (Sindicato Independente dos Médicos de Portugal), critica a pretensão de contratar médicos do exterior, considerando mais válida a elaboração de um plano de carreira pública aos profissionais brasileiros. Por sua vez, a instituição europeia não vê condições atrativas para os médicos portugueses transferirem-se para o Brasil.

NOTAS OFICIAIS
Íntegra da nota do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), assinada pelo presidente, Dr. Paulo Argollo Mendes, e pela vice, Dra. Maria Rita de Assis Brasil:

“MEDICINA E IDEOLOGIA
Diante das notícias de que o governo federal pretende “importar” médicos formados no Exterior, sem sequer submetê-los ao exame regular de revalidação do diploma, o Sindicato Médico declara:
1. Faltam mais de 6 mil brigadianos no Estado, mas seria descabido importar 6 mil policiais cubanos. Basta preencher as vagas existentes com brasileiros, mediante concurso público e remuneração digna.
2. O Brasil tem o dobro do número de médicos preconizado pelo próprio Ministério da Saúde. Falta contratá-los para preencher as vagas do SUS.
3. É urgente a criação de uma carreira estadual de médico, semelhante a de juiz ou promotor, única forma séria de interiorizar os profissionais.
4. A proposta é demagógica e nitidamente ideológica.
Alertamos a população para a irresponsabilidade dessas pirotecnias populistas e para a necessidade de zelar pela qualidade do serviço médico prestado.
A Verdade faz bem à Saúde”

Íntegra da nota oficial do Cremers, assinada pelo presidente, Rogério Wolf de Aguiar, e pelo primeiro-secretário, Ismael Maguilnik:

“O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul, por sua Diretoria e Plenário, vem a público reiterar o seu repúdio à iniciativa do Governo Federal em ‘importar’ 6.000 médicos cubanos sem a regular revalidação de seus diplomas.

Trata-se de medida desprovida de qualquer consideração com o bem-estar da população brasileira, e que confirma a incapacidade governamental de gerir a saúde pública no País.

Em vez de acenar com soluções paliativas e populistas, o governo deveria resolver a questão do subfinanciamento do Sistema Único de Saúde e da falta de fixação do médico nos municípios do Interior com um plano de carreira de estado compatível com a profissão.

É temerário expor o povo brasileiro à ação de qualquer profissional que não tenha sua formação avaliada por nossas universidades públicas federais. Na área da saúde, é ato lesivo à pessoa humana, ao paciente.

O Cremers recorrerá a todos os meios legais ao seu alcance para obstaculizar essa iniciativa do Governo, e conclama a sociedade e os médicos a se engajar nessa luta, preservando as prerrogativas da profissão médica e a saúde da população”.

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