Em setembro deste ano, um mês depois de ter comprado os direitos de venda de um medicamento usado no combate à Aids, Martin Shkrelin (foto) decidiu aumentar o preço do medicamento em mais de 5.000%. Utilizado no tratamento de pacientes com Aids, ele aumentou de 13,50 dólares para 750 dólares o preço de cada comprimido do Daraprim.

O CEO da Turing Pharmaceuticals, de 32 anos, defendeu na ocasião, que foi uma decisão empresarial inteligente que beneficiaria a pesquisa e o desenvolvimento de novos medicamentos. Mais tarde, recuou na intenção de subir o valor, mas o título de “CEO mais odiado do mundo” já havia sido atribuído a ele pela mídia mundial.

Agora, para piorar ainda mais a sua imagem, ele foi detido por suspeitas de fraude financeira, conforme noticiou na quinta-feira, 17, a Bloomberg, portal de notícias especializado em negócios. As autoridades norte-americanas acusam Shkrelin de ter usado ilegalmente as ações da Retrophin, uma empresa de biotecnologia que fundou em 2011, para pagar dívidas de outros negócios, não relacionados com a empresa. Na origem de tudo está a falência do fundo de investimento MSMB Capital Management, também fundado por Shkreli, deixando o empresário com dívidas de milhões de dólares.

Ainda segundo a Bloomberg, Shkreli foi destituído da Retrophin, onde ocupou o cargo de presidente executivo. Mais tarde, o conselho de administração o processou por uso indevido dos fundos da empresa, alegando que Shkreli engendrou várias transações entre investidores da MSMB e a Retrophin.

A empresa de biotecnologia alega, ainda, que uma operação “desastrosa” com o Merrill Lynch, em 2011, custou mais de 7 milhões de dólares, deixando a Retrophin praticamente falida. Martin Shkreli é filho de emigrantes da Albânia e da Croácia. Depois de ter desistido de uma escola secundária de elite, em Manhattan, começou a fazer sucesso em Wall Street antes de completar 20 anos. Mas foi a decisão de aumentar o preço do Daraprim que o tornou realmente “famoso”. Até Donald Trump, um dos principais candidatos à presidência dos Estados Unidos se manifestou, apelidando Shkreli de “menino mimado”. A BBC foi mais longe e disse que ele era “o homem mais odiado dos Estados Unidos”.