Gestão e Qualidade | 17 de julho de 2023

Doença hematológica pode ser alerta para insuficiência renal

Edição de julho do Grand Round, colocou em debate uma descoberta feita pelo médico brasileiro Fernando Fervenza, nefrologista na Mayo Clinic.
Doença hematológica pode ser alerta para insuficiência renal

A evolução da medicina, em uma projeção de futuro, será a possibilidade de trabalhar mais com a prevenção do que com a doença. Cada nova evidência que abre uma janela de diagnóstico precoce é algo que deve ser difundido – não só entre a população, mas também entre os médicos. A edição de julho do Grand Round do Hospital Moinhos de Vento, ocorrido na última quarta-feira (12), colocou em debate uma descoberta feita pelo médico brasileiro Fernando Fervenza, nefrologista na Mayo Clinic – organização sem fins lucrativos da área de serviços médicos e de pesquisas médicas de Rochester, em Minnesota, nos Estados Unidos.


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A gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS) é uma disfunção da medula óssea — tecido responsável pela produção das células sanguíneas – e, até então, era considerada benigna. No entanto, o nefrologista Fernando Fervenza descobriu que, quando alocada no rim, a MGUS poderia evoluir com perda progressiva da função renal. Para descrever esses casos previamente diagnosticados, cunhou o termo gamopatia monoclonal de significância renal (MGRS), que provoca sobrecarga do órgão, causando evolução grave para doença renal crônica terminal e a necessidade de hemodiálise.

Por ser silenciosa, o diagnóstico depende de algo sutil: o olhar atento dos médicos clínicos, nefrologistas e hematologistas na leitura de exames rotineiros, como explica o supervisor da residência médica em Nefrologia do Hospital Moinhos de Vento, Renato George Eick. “Esse achado dos nefrologistas da Mayo Clinic trouxe novas diretrizes de tratamento e de diagnóstico”, explicou.


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De acordo com Fervenza, os primeiros relatos da doença foram em 2009. A partir de uma análise, verificou-se melhora nos tratamentos a partir do uso de medicamentos específicos, como o daratumumabe – utilizado para tratar distúrbios hematológicos –, que teve efeito na progressão do MGRS para doença renal crônica terminal. “Na faixa etária acima dos 50 anos, cerca de 5% da população apresenta MGUS, e somente um percentual destes pacientes desenvolverá a doença renal que caracteriza a MGRS”, enfatizou a médica hematologista e hemoterapeuta Erica Marquardt Lammerhirt Otton.

Por isso, alterações hematológicas, como das imunoglobulinas, são importantes sinais de alerta, de acordo com a médica hematologista e hemoterapeuta. “A variação dessa célula pode ter desdobramentos graves, como câncer. Como descrito por Fervenza, a produção excessiva de anticorpos desnecessários pode afetar outros órgãos, como o rim e o coração”, descreve.

 



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