Mundo | 9 de março de 2017

Docetaxel já teria matado 18 pacientes de câncer

França teria contabilizado número maior de mortes do que o divulgado anteriormente
Docetaxel já teria matado 18 pacientes de câncer

Segundo informação apurada pelo jornal Le Figaro, uma reunião “secreta” ocorreu no dia 6 deste mês no órgão francês Agence nationale de sécurité du médicament et des produits de santé (ANSM) – similar à ANVISA no Brasil – para tratar sobre o caso do medicamento genérico Docetaxel, para tratamento do câncer de mama. Ele poderia ter matado pelo menos 18 pacientes durante o tratamento, desde sua comercialização na França, no início dos anos de 1990.

O caso Docetaxel surgiu após o Le Figaro noticiar, em 15 de fevereiro, que sete pacientes (informações iniciais davam que o número era de cinco) haviam morrido no país em decorrência do medicamento somente no ano de 2016. No mesmo dia, o Setor Saúde, em primeira mão no Brasil,  também publicou matéria sobre o ocorrido. A partir daí, o fato ganhou notoriedade e preocupação por parte de médicos, pacientes e autoridades daquele país. Tanto que, em 18 de fevereiro, a ANSM recomendou a proibição da prescrição do remédio, que é um genérico do Taxotere e também pode ser usado contra o câncer de próstata e cânceres do aparelho digestivo superior, como o câncer gástrico, por exemplo. O Docetaxel e o Taxotere são utilizados no Brasil.

Risco excessivo de toxicidade 

Segundo pesquisa realizada por equipe do centro de farmacovigilância de Toulouse, conduzida pelo professor Jean-Louis Montastruc, o Docetaxel, produzido pelo laboratório indiano de genéricos Accord, teria de fato provocado a morte de 8 pessoas. E a contagem sobe para 18 óbitos se levarmos em conta o período desde o início de sua comercialização, em 1994.

Autoridades perceberam que o medicamento Taxotere, da Sanofi, diante de uma mudança da maneira como que se formulava o medicamento, aumentou seu risco de toxicidade. “Na verdade, nós ainda não entendemos o que aconteceu com a alteração feita no original da Sanofi, em 2012, e o genérico”, afirma um participante da reunião do dia 6 na ANSM.

No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, segundo o INCA, respondendo por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Os últimos dados (INCA 2013) demonstram que pelo menos 14 mil mulheres perderam a vida no país por causa deste tipo de câncer. No mundo, é o segundo com maior incidência, atrás apenas do de pulmão, conforme dados do projeto GLOBOCAN.

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