Gestão e Qualidade | 27 de julho de 2020

Diretor-presidente do Hospital Conceição fala sobre a comemoração dos 60 anos da instituição em meio à pandemia

Cláudio Oliveira aborda desafios e detalha planos do Grupo
Em entrevista exclusiva, diretor-presidente do Hospital Conceição fala sobre os 60 anos da instituição em meio à pandemia

Instituição referência nos atendimentos de Covid-19o Hospital Nossa Senhora da Conceição completou 60 anos de fundação no dia 26 de julho. O Hospital oferece todas as especialidades de um hospital geral em seu ambulatório, emergência e na internação. Conta com 4.261 colaboradores e 772 leitos, e realiza anualmente mais de 16 mil cirurgias, 350 mil consultas ambulatoriais e 270 mil procedimentos ambulatoriais.

A instituição faz parte do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) – formado ainda pelos hospitais Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina, além da UPA Moacyr Scliar, de 12 postos de saúde do Serviço de Saúde Comunitária, de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e da Escola GHC. Atualmente, o GHC é a maior rede pública de hospitais do Sul do país, com atendimento 100% SUS.

Em entrevista ao Setor Saúde, o diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, falou sobre os 60 anos do Conceição, os desafios impostos pela pandemia, como a dificuldade para a contratação de intensivistas e o planejamento de expansão de mais 15 leitos de UTI para atendimentos de Covid-19 (atualmente, a instituição conta com 44 leitos de UTI exclusivos para a doença). Oliveira abordou ainda as três obras prioritárias no horizonte próximo da instituição hospitalar: o novo Hospital Fêmina, a conclusão do Centro de Hematologia e Oncologia e a criação de um novo laboratório, que ficará em um prédio anexo à Escola GHC.


Com 60 anos, instituição é referência para Covid-19 e Oncologia

“O Hospital Nossa Senhora da Conceição se destaca como referência em atendimento de saúde para Porto Alegre e para o estado do Rio Grande do Sul. Os 60 anos, em meio à pandemia, reforça sua atuação e importância, por ser instituição referência em atendimentos para a Covid-19. O tratamento oncológico é um dos atendimentos de referência da instituição”, aponta Oliveira. O diretor-presidente ressalta que a instituição se destacará ainda mais na área após a conclusão do novo Centro de Hematologia e Oncologia.

O Centro de Hematologia e Oncologia prevê sete pavimentos, em área projetada total de 14.380,70m². O centro irá reunir no mesmo local unidades de diagnóstico (ambulatório e recursos de imagem) e tratamento (radioterapia e internações) necessárias para atendimento de pacientes com câncer. Além de ampliar o atendimento destes casos pelo SUS, realizará transplantes de medula. A unidade, que contará com 94 leitos, visa humanizar o tratamento hospitalar, conforme a Política Nacional de Humanização (PNH).

As obras iniciaram em fevereiro de 2018. A previsão de conclusão era dezembro de 2020 – com a pandemia, as obras estão previstas para serem concluídas no segundo semestre de 2021.

GHC ONCOLOGIA

O desafio mais imediato da gestão: contratação de intensivistas

Oliveira destaca que a pandemia tem exigido um trabalho fora do normal, e que passado os problemas iniciais, como reestruturação das áreas para atender os pacientes, o foco neste momento é conseguir contratar profissionais como médico e enfermeiros intensivistas, escassos no mercado. “O maior desafio do momento da gestão é compor o corpo clínico com a contratação de médicos intensivistas. A nossa gestão não tem problemas com medicamentos e EPIs, estamos com os estoques em dia, mas temos dificuldade de contratação para o nosso corpo clínico”, ressalta.

Na semana passada, o GHC abriu um Processo Seletivo Simplificado destinado à formação de Cadastro de Reserva, por meio de Avaliação Curricular e de Títulos. As inscrições iniciaram dia 24 de julho/sexta-feira e se estendem até o dia 29 (quarta-feira). Os salários iniciam em R$ 2.698,20 (auxiliar administrativo) e chegam a R$ 15.030,72 (médicos em plantão de 180h). Além de vagas para profissionais da área administrativa e de medicina, há vagas ainda para técnicos de enfermagem e enfermeiros.

Covid-19: nenhum profissional que trabalha na UTI se contaminou até o momento

A contaminação de profissionais da saúde é um dos problemas que mais preocupam os gestores, além dos próprios colaboradores e seus familiares. Mas segundo Oliveira, em meio ao grande caos que assola o setor como um todo, o GHC vem conseguindo atingir índices importantes em relação à segurança no ambiente assistencial.

“Os nossos pacientes com Covid-19 são atendidos nas nossas UTIs e Enfermarias têm o que há de melhor em atendimento SUS. Todo o tratamento é feito através da adoção de protocolos atualizados. Além disso, é importante destacar que nenhum dos profissionais que trabalha na UTI se contaminou com a Covid-19, o que reforça a importância dos cuidados rigorosos com os protocolos de segurança, como a higienização frequente e o uso correto de EPIs”, afirma.

Uma importante medida do GHC neste sentido foi a criação do Grupo de Trabalho (GT) de Monitoramento, que tem como objetivo monitorar os afastamentos dos colaboradores. A iniciativa surgiu no final de março passado em virtude do aumento no número de afastamentos de profissionais por síndrome gripal e do avanço da pandemia do novo coronavírus. O grupo reúne profissionais do Núcleo de Epidemiologia Hospitalar, do Laboratório Central, do Ambulatório do Hospital Conceição, da Gestão de Risco, da Gerência de Apoio e da Residência Multiprofissional em Saúde, que acompanham, por telefone, os funcionários afastados por síndrome gripal com sintomas e também os sem sintomas, mas que tiveram contato com pessoas com a Covid-19.

Conceição poderá ganhar 15 novos leitos de UTI para Covid

“Atualmente, estamos somente com dois leitos de UTI disponíveis (desocupados) e 95% de ocupação, e esse tem sido o cenário das últimas semanas. Acreditamos que esse quadro irá se manter ainda da mesma forma nas próximas semanas”, diz.

Oliveira ressalta a importância de que o sistema de saúde de Porto Alegre não chegue em situação de colapso, salientando que as ocupações do Conceição estão no limite. “Nós fazemos parte de um sistema de saúde onde o município é o seu gestor, então acredito que se tivermos no nosso limite, outras unidades possam absorver novas internações”, observa.


Na segunda-feira (27), o Hospital Conceição estava com 42 dos 44 leitos para Covid-19 ocupados. De acordo com o diretor-presidente, há um plano de aumentar em 15 leitos de UTI (já existentes para outras doenças) para Covid-19, chegando a 59 leitos.

Seleção de profissionais será essencial para o aumento de leitos

Porém, ele alerta que a expansão dependerá de contratação de médicos intensivistas, em processo seletivo com inscrições até quarta-feira. “Caso não dê certo, vamos pedir o reforço ao Ministério da Saúde, que tem um amplo cadastro com profissionais à disposição, que poderão vir de outros estados”, frisa.

Em visita do ministro da Saúde interino ao Estado, Eduardo Pazuello (na foto à esquerda), no dia 21, Oliveira expôs ao ministro o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo GHC de enfrentamento à pandemia e detalhou demandas importantes. O diretor presidente enfatizou a necessidade do auxílio de pessoal, especialmente médicos intensivistas, respiradores e medicamentos. “Ele se colocou à disposição para auxiliar e sua equipe para apoiar as ações do GHC”, relatou o diretor.

Pazuello_Claudio_Oliveira

Conscientização da população

“Se tivermos maior conscientização, com distanciamento social, uso de máscara e higienização frequente das mãos, poderemos conter a disseminação do vírus. O que não podemos é que as pessoas sigam agindo como se estivéssemos em situação normal, com as UTIs com 95% de ocupação”, frisa.

Porto Alegre, conseguiu pela primeira vez, desde que foi lançada a ferramenta Desafio Alegre, chegar ao índice mínimo considerado ideal de distanciamento, que é de 55%. No domingo (26) conforme informações da Prefeitura de Porto Alegre, a cidade chegou a 55,1%.

Focos: vencer a pandemia, projeto Fêmina e novo laboratório

Oliveira salienta que a instituição “nos últimos anos teve uma grande expansão, com a construção e aquisição da Escola GHC, a UPA da Zona Norte, além de obras estruturais no Hospital Nossa Senhora da Conceição, com a climatização de diversas áreas do Hospital e a construção do centro administrativo do GHC”, aponta.


“Estamos no meio da pandemia, e muita coisa [planejada] não poderá ser feita. O maior desafio para os próximos meses será vencer a pandemia. Para encerrar o ano, a diretoria está concentrada em concluir obras projetadas. Porém, o prédio da Oncologia, que estava previsto para ser entregue em dezembro de 2020, não poderá ser concluído na data, e será finalizado até o segundo semestre de 2021”, informa.

Além disso, Oliveira aponta outros dois objetivos prioritários do GHC: a concretização do “projeto Fêmina”, com a venda da área atual do Hospital e futura instalação próxima ao Hospital Conceição, e as obras de um novo laboratório, que ficará em um prédio anexo à Escola GHC. “Hoje, o laboratório está situado dentro do Hospital Conceição, e carece de muitas reformas e está em um espaço muito pequeno. Queremos dar um outro formato e dar melhores acomodações para esse novo laboratório.” Oliveira detalha que o laboratório dará suporte para todos hospitais do Grupo. “Inclusive agora, assim que adquirirmos o equipamento para processar exames PCR. [O equipamento] Deve chegar em breve” completa.


Homenagem aos profissionais de saúde do GHC

O diretor-presidente destaca e parabeniza a atuação dos profissionais de saúde do GHC. “Os profissionais de saúde do GHC são um exemplo, os verdadeiros guerreiros desta pandemia. Estão dando seu suor pela causa. Os parabéns com certeza são para eles. Que venham mais 60 anos de Hospital Conceição e com essa garra dos profissionais que se dedicam e sentem orgulho do que fazem”, finaliza.

Foto antiga do Hospital Conceição

Foto antiga do Hospital Conceição

 



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