“É mais uma pneumonia do que uma gripe, porque a maioria das pessoas tem pneumonia”. Assim alerta um médico italiano sobre os pacientes atendidos pela Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) em um hospital de Bérgamo, cidade localizada na região da Lombardia e que apresenta o maior número de casos no país europeu. As informações foram divulgadas em matéria produzida pelo canal britânico Sky News.

A gravidade e letalidade da doença chamam a atenção na Itália. É importante ressaltar que o país é o que possui maior taxa de letalidade entre os atingidos no mundo – no domingo, 22, o país europeu registra 5.476 mortes entre 59.138 casos, o que aponta taxa de letalidade de aproximadamente 9%. Mundialmente, a taxa de letalidade é de no máximo de 4%. No Brasil, São Paulo tem taxa de letalidade de 3,5% e o Brasil de 1,6%, segundo o Ministério da Saúde.

Na matéria, o médico informa que, diariamente, chegam ao hospital onde trabalha de 50 a 60 pessoas com pneumonia grave, precisando muito de oxigênio. Um outro médico intensivista entrevistado disse que nunca passou por uma situação de tamanho estresse na vida.

“Sou intensivista e estou habituado a momentos intensos, a ter de fazer escolhas, a pessoas em estado crítico e que morrem se não tiverem tratamento e onde nós fazemos a diferença, mas quando chegamos a esse ponto, percebemos que isso não chega. E talvez todos, somos 100 médicos. Estamos dando o nosso melhor, mas talvez não seja o suficiente”, afirma.

O médico intensivista deixa uma sugestão enfática aos outros países: que fechem tudo o que for possível para conter o surto da doença, que já dizimou mais de 5 mil vidas somente na Itália, até 22 de março.

Realizar muitos testes é outra medida sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter o surto, e países como a Coreia do Sul estão conseguindo, até o momento, controlar o aumento desenfreado da doença no país. O país asiático tem uma morte a cada infectado, um índice muito melhor do a média mundial de cerca de 2%.

Entretanto, o repórter britânico destaca que os italianos estão fazendo muitos testes, mas os resultados não estão sendo animadores: até o momento, o número de mortos (5.476) é próximo ao de pacientes recuperados (7.024).

“Preparem-se [para a situação apresentada no hospital italiano]” é a mensagem final da matéria, feita por uma equipe de jornalismo da Inglaterra. Porém, o recado pode ser adaptado ao Brasil, que está enfrentando um crescimento exponencial da doença. Até 22 de março, o país apresenta 1.546 casos e 25 mortes pela Covid-19. Recentemente, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertou que o sistema de saúde brasileiro entrará em colapso até o final de abril.

“O cenário que estamos vendo, diferente da China, é que no Brasil estamos com todos os Estados com crescimento igual, e isso nos preocupa”, diz o Luiz Henrique Mandetta, ministro da saúde.

No Brasil, a velocidade de casos confirmados segue um ritmo muito parecido com o de países como a própria Itália, Alemanha, França e Reino Unido. A previsão, segundo o Observatório Covid-19 – uma iniciativa de pesquisadores para contribuir na disseminação de informação de qualidade baseada em dados e análises cientificamente embasadas – prevê que no dia 26 de março, o Brasil terá mais de 6,2 mil casos.

Assista aqui.

Com informações da Sky News e Sic Notícias. Edição do Setor Saúde.