Estatísticas e Análises | 11 de agosto de 2016

Controvérsias sobre unidades hospitalares para idosos 

Estudos alertam sobre cuidados adequados a pacientes internados com idade avançada
Controvérsias sobre unidades hospitalares para idosos 

Pacientes com mais de 65 são menos resistentes a uma temporada de internação no hospital e mais vulneráveis à deterioração mental ou física, mesmo após recuperação da doença ou lesão que os fez buscar atendimento. Um estudo publicado em 2011, por exemplo, descobriu que cerca de um terço (⅓) dos pacientes com mais de 70 anos e mais da metade dos pacientes acima de 85 saíram do hospital mais deficientes do que quando chegaram.

Muitos idosos anteriormente independentes são incapazes de cuidar de si após a alta, e precisam de ajuda com atividades diárias básicas, como tomar banho, vestir-se ou mesmo caminhar. “Quanto mais velho você é, pior o hospital é para você”, alertou Ken Covinsky, médico e pesquisador da divisão de geriatria da Universidade da Califórnia, em San Francisco. “Muitas coisas que fazemos na medicina fazem mais mal do que bem. E às vezes, com o cuidado das pessoas mais velhas, menos é mais”, acrescentou, segundo reportagem do portal NPR.

Conforme os funcionários do hospital se concentram no tratamento da lesão ou doença aguda, eles podem deixar de garantir que os pacientes idosos obtenham uma nutrição adequada, por exemplo, ou deixar de levá-los para fora do quarto para uma caminhada ou controlar a dor de forma adequada.

Pacientes internados são, muitas vezes inadvertidamente, restringidos de seus movimentos por estarem ligados à tubos de oxigênio, ou outros aparelhos. Eles são submetidos a vários procedimentos e medicamentos, e seguidamente ficam em quartos barulhentos, onde o monitoramento cuidadoso significa verificar os sinais vitais em todas as horas da noite.

Se os efeitos colaterais da droga, sono interrompido, a comida pouco apetitosa e longos dias na cama são irritantes quando somos jovens, eles podem causar danos permanentes à medida que o paciente envelhece. Conforme o artigo, “estudos descobriram que os idosos, muitas vezes, processam medicamentos de forma diferente do que as pessoas mais jovens, e muitas vezes têm vários problemas médicos, não apenas um”. As necessidades de pessoas com idade avançada são específicas o suficiente para fazer com que alguns hospitais criassem unidades médicas separadas para tratar esta clientela. Um exemplo é o San Francisco General Hospital. A ala de atendimento agudo para idosos (Acute Care for Elders), é composta por uma equipe de saúde treinada em geriatria. “Eles se concentram menos no diagnóstico original e mais em como fazer os pacientes voltarem bem para casa, vivendo da forma mais independente possível”.

A equipe faz testes de memória do paciente e avalia quão bem eles podem caminhar e cuidar de si se forem liberados para irem para casa. Os pacientes também são incentivados desde o início a fazerem as coisas sozinhos, tanto quanto forem capazes, durante a internação. A equipe de saúde remove cateteres (bem como outros dispositivos e aparelhos) logo que seja clinicamente aconselhável, e ajuda pacientes a sair da cama e a se alimentar em uma sala de jantar comum.

Repousos longos em leitos são prejudiciais para idosos, diz o diretor médico da unidade, Dr. Edgar Pierluissi. “Ele desencadeia uma série explosiva de eventos que são muito prejudiciais para a saúde dessas pessoas”.

Ao tratarem um paciente, funcionários da unidade – equipe que inclui médico, enfermeiro, farmacêutico e assistente social – elaboram um plano especificamente para as necessidades daquela pessoa. Nesse processo, pode ser cancelado o uso de alguns medicamentos, a pessoa é levada para caminhadas e é avaliado também uma possível diminuição das checagens que ocorrem à noite, para garantir um melhor descanso.

A forma como hospitais lidam com idosos é um problema aflitivo para os geriatras. “Cerca de 13 milhões de idosos são hospitalizados todos os anos – uma tendência que só vai acelerar à medida que as pessoas ficam mais velhas”, frisa o artigo.

No entanto, as instituições enfrentam poucas consequências se a saúde dos idosos torna-se mais comprometida ou menos funcional durante a sua internação, ressalta Covinsky. “O governo penaliza hospitais quando os pacientes caem, têm infecções evitáveis, ou voltam para o hospital dentro de 30 dias após a alta, mas não responsabiliza estabelecimentos quando os pacientes perdem a memória enquanto estão internadas ou ficam tão fracos que não podem andar”, alertou.

“Se você não mede, não pode corrigir”, argumenta Ken Covinsky. Ele acredita que o investimento adicional necessário para criar estas unidades iria se pagar no longo prazo – para pacientes, hospitais e governo – uma vez que trabalha para eliminar despesas de saúde. Estas estruturas têm mostrado que podem ajudar a diminuir danos hospitalares em pacientes mais velhos, além de diminuir o tempo de permanência e reduzir o número de pacientes em asilos. “Em um estudo de 2012 publicado na revista Health Affairs, os pesquisadores descobriram que as unidades hospitalares para idosos economizaram cerca de US$ 1 mil por visita do paciente”, conclui o artigo (ver aqui, em inglês).

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