Gestão e Qualidade, Política | 11 de maio de 2024

Como está a situação dos hospitais após as chuvas e inundações no Rio Grande do Sul

Portal Setor Saúde aborda as consequências do desastre socioambiental que atingiu quase 90% das cidades do Estado.
Como está a situação dos hospitais após as chuvas e inundações no Rio Grande do Sul

O portal Setor Saúde consultou instituições de saúde e a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL) para saber como os hospitais estão lidando com as consequências das chuvas e inundações que atingiram 441 cidades no Estado de um total de 497. Conforme boletim da Defesa Civil, o desastre socioambiental atingiu 1,9 milhões de pessoas. Até o momento, sexta-feira (10), 126 pessoas perderam a vida e 141 pessoas estão desaparecidas. Há 756 feridos.

Hospital Mãe de Deus

Em Porto Alegre, o Hospital Mãe de Deus seguirá fechado por tempo indeterminado. O Mãe de Deus começou a registrar o avanço das águas na madrugada de sábado (4). A transferência de pacientes para outras instituições de saúde da Capital foi finalizada no domingo (5), sem intercorrências.

Santa Casa de Porto Alegre

No complexo da Santa Casa em Porto Alegre, os oito hospitais estão desde o dia 5 de maio com atendimentos como consultas, cirurgias e exames eletivos suspensos. As equipes têm entrado em contato com os pacientes para o reagendamento dos atendimentos. A instituição solicita aos pacientes que procurem as unidades apenas em casos de urgência e emergência. Em relação aos insumos e materiais, o estoque não apresenta problemas de abastecimento. A água está sendo fornecida por caminhões pipa.


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Hospital Dom João Becker de Gravataí

O pronto atendimento do Hospital Dom João Becker de Gravataí (gerido pela Santa Casa de Porto Alegre) atendeu 2.506 pessoas no seu pronto atendimento desde o dia 1º de maio. Destes, 23,22% são de cidades como Canoas, Alvorada, Eldorado do Sul, Porto Alegre e Cachoeirinha. Mesmo com colaboradores afetados pela enchente, com dificuldades de deslocamento, o Dom João Becker tem mantido as equipes praticamente completas, sem comprometer o atendimento. “Estamos acompanhando com atenção os desdobramentos dessa calamidade e conseguindo atender a demanda que já se apresenta, não só em pacientes de nossa cidade, mas dos municípios vizinhos. O Dom João Becker se tornou uma importante referência em saúde nesse momento e temos consciência dessa responsabilidade”, afirma o superintendente, Antonio Weston. Na Unidade de Internação SUS, o percentual de pacientes de outras cidades é similar o das emergências (26,49%). O Dom João Becker tem redobrado esforços não só no atendimento em saúde decorrente da enchente, mas também promovido a destinação de donativos aos desabrigados. Dirigentes do hospital entregaram colchões, kits de higiene, toalhas de banho, cobertores, roupas e água mineral ao vice-Prefeito Levi Melo no posto de coleta montado junto ao CTG Aldeia dos Anjos. “Temos colaboradores extremamente engajados, que cumprem um papel que vai além do caráter assistencial. Isso se torna ainda mais evidente em situações como essa que estamos enfrentando”, completa Weston. A ação de entrega foi articulada via Comitê de Humanização do Hospital.

Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Na sexta-feira, dia 10, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) avaliou novamente a situação e decidiu manter as medidas de contingência para garantir o funcionamento da instituição diante das restrições no fornecimento de água e insumos. Diante do cenário de crise e alinhado às determinações do poder público, consultas e exames eletivos seguem cancelados até o dia 14 de maio. A medida é necessária devido ao risco de desabastecimento de insumos e de água. Importante: estão mantidas as consultas e atendimentos oncológicos, quimioterapia, radioterapia, diálise, transplantados e gestantes de alto risco. As consultas canceladas poderão ser remarcadas através do aplicativo Meu Clínicas ou, após a crise ser superada, presencialmente. O estacionamento do Bloco C foi temporariamente fechado, enquanto os atendimentos estiverem restritos. Cirurgias no Bloco Cirúrgico e procedimentos na Hemodinâmica e no Centro Cirúrgico Ambulatorial que não são consideradas urgentes serão remarcadas. Nesses casos, o hospital entrará em contato diretamente com cada paciente para reagendamento. Suspensão das visitas: Aos pacientes em unidades de internação cirúrgica e clínicas. É permitido um acompanhante, com substituição a cada 24h, conforme avaliação da equipe assistencial. A exceção são as visitas na Emergência, Pediatria, Psiquiatria, UTI Neonatal e demais UTIs, que possuem orientações próprias. Doações: a instituição também apoia a vakinha da ASHCLIN em favor dos funcionários atingidos pelas cheias. Você também pode colaborar por meio deste link.  Banco de Sangue: A doação segue sendo muito importante nos próximos dias e deve ser agendada no link bit.ly/sangueonline –  o link está na bio –  e pelos telefones (51) 3359-8505 e 3359-8504, de modo a evitar esperas. Sangue é sempre necessário nos hospitais e precisamos de um fluxo organizado e constante para mantermos os estoques. O Banco de Sangue está atuando com toda sua capacidade, e busca sempre garantir o conforto dos doadores e a capacidade de atendimentos da organização, pois os hemocomponentes têm tempos de validade distintos.


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Hospital Moinhos de Vento

No Hospital Moinhos de Vento, os procedimentos e exames eletivos estão suspensos até 11 de maio. Os atendimentos por teleconsultas poderão ser realizados em alguns ambulatórios, conforme disponibilidade. Todos os procedimentos cancelados serão remarcados em momento oportuno. No Bloco cirúrgico, apenas procedimentos cirúrgicos de urgência estão sendo realizados. A instituição está atendendo somente pacientes de alta complexidade nas emergências. A recomendação é buscar o hospital somente em casos de urgência e emergência. O fornecimento de energia elétrica no Hospital está normal. Já o abastecimento de água está sendo feito, desde 3 de maio, por meio de cargas recebidas de caminhões-pipa do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). Todo o recurso hídrico que chega à instituição é testado, com o objetivo de garantir a segurança e a qualidade, antes de entrar nos reservatórios.Com a interdição do Aeroporto Salgado Filho, o Heliponto do Hospital Moinhos de Vento segue à disposição para enviar e receber donativos, medicamentos e insumos médicos para outras instituições e para a transferência de pacientes. Atendimento nas Clínicas Externas: MAXPlaza Canoas e Clínica Moinhos Teresópolis estarão fechadas até sábado (dia 11/5). Na Clínica Iguatemi, os atendimentos como infusões e vacinas mantidos. Para auxiliar as vítimas das enchentes, o Instituto Moinhos Social está reunindo doações. A campanha do Moinhos envolve doação em dinheiro, que pode ser feita para a chave PIX moinhos.social@hmv.org.br. Com o valor arrecadado, o IMS vai adquirir itens, de acordo com as principais necessidades apontadas, e destinar ao governo do Estado. Além disso, o Hospital Moinhos de Vento está recebendo agasalhos, cobertores, capas de chuva e botas na rua Tiradentes, 304.Muitos colaboradores estão com dificuldade de acesso e com a capacidade laboral comprometida pela situação de catástrofe. Se quiser ajudar, disponibilizamos uma chave de PIX: moinhos.social.colaborador@hmv.org.br

Rede de Saúde Divina Providência

Em relação aos hospitais integrantes da Rede de Saúde Divina Providência, o Hospital Estrela está atendendo serviços de urgências e emergências. O centro cirúrgico segue inoperante e as consultas eletivas ficarão suspensas pelo menos até o dia 15 de maio. No Hospital São José, em Arroio do Meio estão mantidos os atendimentos de urgências e emergências. Nos Hospital Santa Isabel, em Progresso, somente estão sendo atendidos casos de urgência e emergência. No Hospital Divina, em Porto Alegre, os serviços estão mantidos. A instituição recebeu pacientes do Hospital Estrela e do Hospital Mãe de Deus. E no Hospital Independência, também em Porto Alegre, os serviços estão mantidos, com ocupação geral superior a 95%, absorvendo pacientes do Hospital Pronto Socorro e rede municipal de saúde. A Rede Divina tem buscado soluções para restabelecer os atendimentos e fluxos normais com a maior brevidade possível no Vale do Taquari. Na região, os colaboradores que não conseguem chegar ao Hospital Estrela ou ao Hospital São José, estão trabalhando nos hospitais de suas cidades.


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Hospital Regional Santa Lucia

Em Cruz Alta, o Hospital Regional Santa Lucia não foi atingido de forma significativa pelas chuvas. Foram relatados apenas problemas de logística para recebimento de insumos médicos, já solucionados. A instituição tem se colocado à disposição para auxiliar outros hospitais e sistemas de saúde no que necessitarem. “Estamos numa campanha muito grande na cidade, mobilização da sociedade civil e deputados, com várias cargas de alimentos, agua, material de limpeza, saindo para as cidades afetadas”, diz trecho da nota da do Santa Lucia.

Hospital São Vicente de Paulo

O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo segue atendendo com restrições parciais das cirurgias e procedimentos eletivos. Segundo o grupo de saúde que possui dois hospitais na cidade, ocorreu ruptura no abastecimento de oxigênio no começo da semana passada, já normalizado. Entregas de suprimentos passaram a preocupar no início da semana, porém, ontem e hoje as entregas começaram a chegar. A expectativa é continuar recebendo entregas. A instituição está trabalhando fora de horários normais para reabastecimento de suprimentos. O Exército também tem ajudado a providenciar soluções de hemodiálise por carga terrestre.

Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo

O Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo de Santa Maria, alega estar com algumas entregas pendentes de insumos. Mas assim como o HSVP, nos últimos dois dias chegaram medicamentos e materiais que estavam atrasados. A instituição relata estar com dificuldade principalmente em conseguir alguns tipos de medicamentos perecíveis.

Hospital Monporto

O Hospital Monporto, em Rio Grande, não apresenta problemas ou interrupções de atendimento. A instituição segue monitorando a situação da região sul do Estado.

Hospital Ernesto Dornelles

O Hospital Ernesto Dornelles informou que a emergência, tratamentos de hemodiálise, oncológicos e de infusão estão mantidos. As cirurgias eletivas, assim como consultas e procedimentos estão suspensas desde o dia 6 de maio.


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Hospital São Lucas da PUCRS

O Hospital São Lucas da PUCRS orienta aos pacientes que busquem atendimento apenas em casos de urgência e emergência. Por determinação da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, as consultas ambulatoriais dos pacientes encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão suspensas por tempo indeterminado. – As consultas eletivas, tanto para pacientes conveniados quanto particulares, estão passando por uma avaliação individual, e as equipes do HSL entrarão em contato com cada paciente para confirmar ou reagendar o atendimento. Da mesma forma, os exames de imagem estão sendo avaliados caso a caso, levando em consideração a necessidade de restrição ou limitação devido à dificuldade do abastecimento de insumos específicos. Os pacientes também serão contatados para confirmação ou reagendamento. Quanto aos procedimentos cirúrgicos eletivos, a avaliação individual é realizada, e as equipes também entrarão em contato com cada paciente, priorizando sempre a saúde e segurança de todos os envolvidos. Devido ao racionamento de água, até a normalização do abastecimento informamos que há restrições de visitas aos pacientes internados. Em caso de dúvidas, entre em contato pelo telefone (51) 3320-3000.

Hospital de Sinimbu

Localizado na região do Vale do Rio Pardo, no centro do Estado, o Hospital de Sinimbu foi um dos primeiros municípios afetados pelas enchentes na semana passada. A água que invadiu a cidade comprometeu as estruturas e funcionamento da cozinha e da lavanderia do Hospital Municipal, porém mesmo assim a casa de saúde conseguiu unir uma força-tarefa para manter os atendimentos. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do RS, O hospital foi contemplado com o repasse excepcional de R$ 750 mil, autorizados por portaria do Governo do Estado, por meio da SES, para a reestruturação das instituições atingidas pelas enchentes. Além da verba emergencial, o Estado também enviou um gerador para a 13º Coordenadoria Regional de Saúde para garantir que o hospital de Sinimbu pudesse estabilizar os serviços ainda no dia 30 de abril. O Hospital abriu um canal para receber valores em dinheiro para fazer aquisição de equipamentos perdidos. A chave PIX é CNPJ 95.433.744/0001-06.

Demandas dos hospitais, reunião com a ministra da Saúde e projeto protocolado na Câmara dos Deputados

A FEHOSUL montou um grupo de trabalho para identificação das carências junto a hospitais e demais instituições de saúde. Os hospitais têm relatado à entidade que ainda estão em processo de levantamento dos prejuízos causados pela contundente crise climática que ainda segue afetando indistintamente a população e as instituições de saúde.

De forma geral, a FEHOSUL e os hospitais filiados têm orientado os pacientes a procurarem os hospitais somente em situações de efetiva emergência assistencial, evitando os atendimentos eletivos, tanto diagnósticos como terapêuticos.

A entidade participou na terça-feira, dia 7 de maio, de encontro da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Serviços de Saúde, liderada pelo deputado gaúcho Pedro Westphalen (PP-RS). A reunião contou com a participação da ministra da Saúde Nísia Trindade, da Secretária Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergmann e de lideranças de entidades do RS, entre elas Sindihospa e Federação RS, e de outras unidades federativas. Foram aventadas inúmeras medidas para minimizar os graves impactos sobre a rede assistencial.

Na reunião foi solicitado um valor de custeio emergencial equivalente a seis meses de faturamento integral para os hospitais que trabalham com o SUS. Assim como ocorreu durante a pandemia de Covid-19, as instituições que prestam serviços ao SUS também pedem que as metas quantitativas e qualitativas previstas em contrato sejam dispensadas por um período a ser negociado. Foi demandada a recuperação ou substituição de equipamentos e mobiliários danificados. Os hospitais também pedem que haja uma sensibilização por parte das instituições financeiras – públicas e privadas – para repactuação dos contratos de empréstimos e financiamentos, com um prazo de carência prolongado. Outras medidas discutidas são a facilitação do envio de oxigênio, medicamentos e insumos; assim como a ampliação dos serviços e unidades de saúde mental para a população que perdeu familiares, amigos e bens como moradia.

Desde o início desta situação calamitosa, a FEHOSUL vem recebendo o contato de muitas organizações de saúde e da sociedade civil dispostas a ajudar no que for preciso. “A entidade agradece a sociedade como um todo pela demonstração de união e solidariedade neste momento sem precedentes. Estamos monitorando e auxiliando os hospitais que precisam de recursos e insumos. De forma geral, os medicamentos e materiais estão começando a chegar. O foco agora é levantar todos os prejuízos para solicitar apoio dos governos Federal e do Rio Grande do Sul. É necessário trabalhar para retomar o quanto antes os atendimentos nos hospitais que estão inoperantes, assim como os serviços eletivos paralisados”, destaca o presidente da FEHOSUL, Cláudio Allgayer.

O presidente do SINDIHOSPA, Henri Chazan, enfatizou a necessidade da desburocratização, também para que a sociedade civil possa reforçar seu apoio. Ele falou da situação dos hospitais, que estão com menos funcionários e insumos. Relatou também os esforços para a desocupação do Hospital Mãe de Deus, atingido pela enchente.

Após reunião, projeto de lei foi protocolado

Ainda nesta semana o deputado Westphalen protocolou na Câmara dos Deputados o projeto de lei que garante a suspensão de metas SUS. “Protocolei nesta semana projeto de lei para a suspensão de metas quantitativas e qualitativas previstas em contratos de prestadores de serviços do Rio Grande do Sul com o SUS até dezembro de 2025. A medida tem o objetivo de manter a sustentabilidade financeira das instituições de saúde do estado, que atravessa a pior crise climática do país. Trata-se de uma alteração a Lei nº 13.992, de 22 de abril de 2020, criada por conta da pandemia de covid-19. A medida foi uma forma encontrada para compensar despesas imprevistas provocadas pela elevação dos custos de medicamentos, materiais, equipamentos de proteção individual e pessoal especializado durante a pandemia. Temos mais de 300 hospitais afetados e não há previsão de volta à normalidade. As instituições de direito público e privado de saúde permanecem desassistidas e podem sofrer grave colapso financeiro se não aprovarmos tal prorrogação”, defende Westphalen.

Foto Freepik.

 

 

 



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