Cinco hábitos saudáveis na meia-idade podem acrescentar 10 anos de vida
Um pequeno progresso no estilo de vida pode ser uma grande conquista, encorajam pesquisadoresAmericanos na meia-idade que seguem uma dieta saudável, fazem exercício regularmente, não fumam, bebem quantidades moderadas de álcool e mantêm um peso saudável podem viver mais de uma década do que aqueles que não fazem nenhuma destas coisas, sugere um novo estudo.
Os pesquisadores definiram os cinco hábitos saudáveis:
- nunca fumar,
- manter um índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 24,9 kg/m3,
- realizar 30 minutos ou mais de atividade física vigorosa diariamente,
- seguir uma dieta de alta qualidade e
- consumir quantidades moderadas de álcool: 5 g a 15 g/dia para mulheres (por exemplo, no máximo um copo de vinho ao dia) e 5 g a 30 g/dia para homens (por exemplo: no máximo dois copos de vinho ao dia).
Eles estimam que a expectativa de vida aos 50 anos será 14 anos mais longa para mulheres (93 anos de idade vs. 79; intervalo de confiança, IC, de 95%: 11,8 – 16,2 anos) e 12,2 anos mais longa para homens (87,6 anos vs. 75,5; CI de 95%: 10,1 – 14,2 anos) se eles seguirem todos estes hábitos vs. nenhum destes comportamentos saudáveis.
O estudo, da Dra. Yanping Li, do Departamento de Nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health, em Boston (EUA), foi publicado on-line em 30 de abril no periódico Circulation.
Até mesmo a adoção de apenas alguns destes hábitos saudáveis já ajuda, frisou Dra. Li em uma entrevista ao Medscape.
“Cada um destes fatores prolonga a expectativa de vida em cerca de dois a três anos”, disse ela.
Este “benefício substancial” não é tão difícil de alcançar, acrescenta a Dra. Li. “Eu sugeriria que os médicos convençam seus pacientes a fazerem ‘o máximo possível’. Mas se eles não conseguirem, apenas um pequeno passo ainda ajuda para ‘aumentar a longevidade’”.
“Cada uma das modificações de estilo de vida fará com que você viva mais e melhor”, ecoou em um comentário publicado com o artigo Jean-Pierre Després, diretor de pesquisa em cardiologia no Quebec Heart and Lung Institute at Laval University, em Quebec (Canadá), e presidente do American Heart Association (AHA) Council on Lifestyle and Cardiometabolic Health.
“Prestar atenção a alguns indicadores de estilo de vida muito simples é algo que não fazemos na prática clínica,” ele disse ao Medscape.
“Os médicos avaliam os fatores de risco tradicionais, tais como colesterol, pressão arterial e glicose”, observa ele, “mas não existem ferramentas para analisar e focar no estilo de vida.”
“Este estudo está mostrando claramente que um estilo de vida saudável pode aumentar a expectativa de vida dos americanos de forma bastante substancial.”
Os sistemas de saúde nos Estados Unidos e no Canadá são “orientados para tratamento de doenças e não para a promoção da saúde”, diz ele, mas “nós precisamos de medicina de estilo de vida.”
Maiores gastos, menor longevidade
De 1940 a 2014 a expectativa de vida ao nascimento nos Estados Unidos aumentou de 63 para 79 anos, mas estes números ainda são menores do que outros países desenvolvidos. Em 2015 a expectativa de vida nos Estados Unidos era a 31ª no mundo.
Enquanto isso, os Estados Unidos têm os maiores gastos com saúde, totalizando 17,1% do seu produto interno bruto, em grande parte devido a gastos em descobertas de novas drogas e tratamento de doenças.
Dra. Li e colegas analisaram dados de dieta e outros indicadores de estilo de vida de 78.865 mulheres no Nurses’ Health Study que foram acompanhadas por até 34 anos (1980 a 2014) e 44.354 homens no Health Professionals Follow-up Study que foram acompanhados por até 28 anos (1986 a 2014).
Os participantes do estudo eram predominantemente caucasianos. As mulheres e homens tinham uma idade média inicial de 47 e 55 anos, respectivamente, e eles responderam a questionários a cada dois ou quatro anos.
Durante o acompanhamento, 42.167 indivíduos morreram, incluindo 13.953 mortes por câncer e 10.689 mortes por doença cardiovascular.
Comparados a homens e mulheres que não mantinham nenhum dos hábitos de estilo de vida saudáveis, aqueles que o faziam apresentaram um risco de morte por doença cardiovascular 82% menor, um risco de morte por câncer 65% menor, e um risco de morte por qualquer causa 74% menor.
Os pesquisadores então estimaram a prevalência nacional destes fatores relacionados a estilo de vida, baseados em uma amostra de 2.128 adultos com idades entre 50 e 80 anos e que participavam dos National Health and Nutrition Examination Surveys entre 2013 e 2014.
Eles também determinaram as taxas de mortalidade específicas para idade de americanos por meio da pesquisa do banco de dados WONDER dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Eles observaram que a adoção de um a cinco dos hábitos de estilo de vida saudáveis estava associada a um aumento gradual da longevidade.
Apenas 8% mantêm todos os cinco hábitos saudáveis
Apenas 15% dos americanos preenchiam todos os cinco critérios para um estilo de vida saudável entre 1988 e 1992 e ainda um número menor, 8%, os preenchiam entre 2001 e 2006.
“A maior razão foi que quase a metade destas pessoas era obesa,” cerca de 40% eram tabagistas correntes ou no passado, e a maioria das pessoas não era muito ativa, disse Dra. Li.
“Acho que um estilo de vida saudável deve começar antes dos indivíduos se tornarem pacientes”, reforça ela.
“Só espero que tanto a população geral quanto os médicos se deem conta de que não é muito difícil adotar um estilo de vida mais saudável”, continuou Dra. Li.
“Nosso estudo reforça que até mesmo um pequeno progresso no estilo de vida pode ser uma grande conquista. Nunca desista.”
Ter um estilo de vida mais saudável “pode diminuir a diferença de expectativa de vida dos Estados Unidos e outros países industrializados”, de acordo com os pesquisadores.
“A prevenção deve ser a prioridade máxima para políticas de saúde nacional”, e “o tratamento preventivo deve ser uma parte indispensável do sistema de saúde dos Estados Unidos”, concluem eles.
Os estudos Nurses’ Health Study e Health Professionals Follow-up foram patrocinados pelos National Institutes of Health. Dois co-autores do Reino Unido receberam patrocínio da British Heart Foundation e do UK Medical Research Council. Dra. Li, os autores do estudo, e Deprés não relatam conflitos de interesses relevantes.
Com informações Medscape. Edição Setor Saúde.