Estatísticas e Análises | 14 de outubro de 2016

Análise genética identifica três subtipos de câncer de próstata

Estudo pode identificar pacientes para que tratamentos sejam mais eficazes
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Em um amplo estudo recentemente divulgado, investigadores identificaram e validaram três subtipos moleculares do câncer de próstata que se correlacionam com a sobrevida do paciente livre de metástases.

Os três subtipos moleculares intrínsecos de câncer de próstata podem predizer, de forma independente, o risco de um paciente desenvolver metástases depois da remoção cirúrgica da próstata. Além disso, também parecem ser capazes de predizer quem vai responder mais favoravelmente à radioterapia após a prostatectomia radical. O estudo foi apresentado no Encontro Anual de 2016 da American Society for Radiation Oncology (ASTRO), realizado em Boston, Massachusetts, no passado mês de setembro.

“Do ponto de vista clínico, os tumores observados ao microscópio podem se comportar de maneira muito diferente”, comentou Daniel E. Spratt, professor assistente de radioterapia oncológica na Universidade de Michigan e principal autor do estudo. “A promessa de testes genômicos é elucidar subtipos de câncer com base nas características genéticas do tumor, em vez de simplesmente focar seu tamanho e aparência”, complementou, conforme informações do portal Medscape.

Para diagnosticar e tratar o câncer de próstata, os pesquisadores levaram em consideração vários fatores como o exame de toque retal, a concentração de antígeno prostático específico (PSA) no sangue e biópsia do tumor. “Ficamos surpresos ao encontrar apenas três subtipos de câncer de próstata”, admitiu o Dr. Spratt.

A equipe de pesquisa reuniu nove grandes coortes* (duas prospectivas), que totalizaram mais de 4,2 mil amostras de homens submetidos a prostatectomia radical para câncer de próstata localizado. Trata-se da “maior análise genômica até agora sobre câncer de próstata primário”, ponderou o Dr. Spratt. Os pesquisadores inseriram os dados genômicos em um algoritmo de agrupamento e puderam identificar os 100 genes mais expressados e mais variáveis para gerar um mapa. Então, “identificamos três subtipos, que denominamos de A, B e C”.

* O termo coorte é utilizado para designar um grupo de indivíduos que têm em comum um conjunto de características e que são observados durante um período de tempo com o intuito de analisar a sua evolução.

Em seguida, os pesquisadores validaram o fato de que os três subtipos eram altamente reproduzíveis em todas as coortes, e avaliaram o que essa biologia poderia significar para os pacientes. Além disso, tentaram determinar o impacto prognóstico potencial que cada um dos subtipos intrínsecos pode ter nos desfechos clínicos. Os pacientes com subtipo A tinham o prognóstico mais favorável, relatou o Dr. Spratt.

Além disso, após correção das variáveis de confusão (ou simplesmente “confundidor”, uma variável de um modelo estatístico que se correlaciona tanto com a variável independente como com a variável dependente), como o escore de Gleason – pontuação dada a um câncer de próstata baseada em sua aparência microscópica – e os níveis de PSA, “não apenas os pacientes do subtipo A tiveram um prognóstico mais favorável, mas também descobrimos que os subtipos moleculares prevêem, de forma independente, o risco de metástases à distância (quando está espalhando para outros órgãos ou todo o corpo) em um paciente”, acrescentou ele. Ao longo de uma década, as taxas de sobrevida livre de metástases à distância foram de 73,6% para homens com subtipo A, 64,4% para o subtipo B e 57,1% para pacientes com subtipo C.

A equipe avaliou a seguir se os mesmos subtipos seriam capazes de prever quais homens se beneficiariam mais de radioterapia pós-operatória. Para tal, foram analisadas amostras de 919 homens que não receberam radioterapia pós-operatória após prostatectomia radical. Novamente, o subtipo A apresentava um prognóstico muito mais favorável que os outros dois.

Uma outra análise, de 350 homens que receberam radioterapia pós-operatória após prostatectomia radical, serviu como comparativo. Os pesquisadores não encontraram diferenças nos desfechos entre homens com subtipo A e aqueles com subtipo B ou C. No entanto, ao quantificar a magnitude do benefício da radioterapia nos três subtipos, “descobrimos que pacientes com os subtipos B e C tinham uma reposta duas vezes melhor à radioterapia pós-operatória em comparação com pacientes do subtipo A”, explicou o Dr. Daniel E. Spratt. “Isso sugere que esse pode ser o primeiro biomarcador preditivo a nos dizer quais pacientes se beneficiam mais da radioterapia”, acrescentou.

O especialista acredita que a partir do momento em que os médicos conhecem o perfil genético do tumor prostático, os pacientes poderiam ser aleatoriamente inscritos em diferentes grupos em ensaios clínicos, de forma que os grupos de tratamento sejam equilibrados em relação aos diferentes subtipos representados, para gerar uma figura real do benefício de uma dada intervenção. “O risco genômico também nos diz que um paciente que acreditamos ser clinicamente de baixo risco, na verdade pode ter uma doença mais agressiva, sendo de alto risco do ponto de vista do genoma”, explicou.

Dra. Colleen Lawton, radio-oncologista do Medical College of Wisconsin (EUA), em conferência de imprensa, diz que “certamente encontraremos conjuntos de pacientes que serão tratados de forma diferente porque aprendemos que eles respondem melhor a radioterapia ou tratamento hormonal ou algum tipo de combinação”. “Esse é exatamente o tipo de pesquisa de que realmente precisamos e mal posso esperar para ver como poderemos incorporar esse tipo de informação de forma abrangente e em nossos ensaios do Radiation Therapy Oncology Group” (RTOG), grupo cooperativo dos EUA que visa a condução da realização de pesquisas sobre radioterapia e investigações clínicas), declarou, em conferência de imprensa.

 

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