Estatísticas e Análises, Gestão e Qualidade | 20 de fevereiro de 2016

A experiência do paciente e o ambiente hospitalar (que pode não ajudar)

Artigo aborda como a falta de repouso influencia na recuperação
A experiência do paciente e o ambiente hospitalar (que não ajuda)

A hospitalização pode ser uma experiência difícil para muitos pacientes e familiares. Apesar da assistência prestada, nem sempre o ambiente hospitalar consegue ser “amigável”.

O artigo publicado no portal MedCityNews é assinado pela médica Bridget Duffy, diretora da Vocera Communications (empresa especializada em comunicação) e co-fundadora da Experience Innovation Network (rede que cria parcerias no sistema de saúde).

Ela destaca que “descansar pode ser particularmente difícil no hospital: os pacientes estão em um lugar desconhecido, os níveis de ruído podem ser mais elevados do que em casa (na verdade, geralmente têm o dobro de decibéis considerados razoáveis pela Organização Mundial de Saúde para os quartos dos pacientes), e procedimentos de rotina, como coleta de sangue de manhã, podem afetar significativamente os padrões de sono. Muitos estudos confirmam que as perturbações do sono são prevalentes entre os pacientes internados, o que pode ser associado a resultados negativos de saúde, incluindo pressão arterial elevada e alucinações”. A especialista ressalta que um paciente que não descansa, não consegue se curar de forma mais rápida.

Melhorar a qualidade e a quantidade de sono não é bom só para o bem-estar. Permite que os pacientes se curem mais rapidamente, encurtando o tempo de hospitalização e reduzindo as despesas e recursos desnecessários. Alarmes e outros sons, checagem de sinais vitais, exames de sangue e luzes brilhantes existem em hospitais por uma razão e são parte do padrão de atendimento. Felizmente, porém, existem líderes da indústria pensando nisso. Gestores inovadores estão perturbando o status quo, patrocinando o futuro do padrão de atendimento para colocar os pacientes no centro da questão.

Quem passa um tempo em um hospital vai rapidamente perceber sons constantes, apitos e uma variedade de alarmes. Isso não apenas interrompe o sono do paciente, mas também pode criar uma preocupação desnecessária, além de ansiedade para os pacientes e seus entes queridos.

Esses sinais servem para ajudar a automatizar o atendimento ao paciente. Monitores médicos podem soar se um paciente simplesmente se move de uma maneira não usual, criando um ambiente de constante interrupção. Ruídos incessantes de alarmes também afetam o bem-estar do paciente, o que pode prejudicar a prestação de cuidados. A Joint Commssion International (modelo internacional de acreditação que identifica, mede e compartilha melhores práticas de qualidade e segurança do paciente), estima que 85% a 99% desses alarmes não requerem intervenção clínica imediata.

Identificar e implementar uma solução de gestão eficiente para esses ruídos pode ser um longo caminho para melhorar a segurança e a experiência do paciente, bem como ajudar os hospitais a tratarem dessa “fadiga de alarme”, como define a especialista. “Uma solução inteligente e integrada pode permitir que os médicos priorizem e respondam rapidamente, os alarmes baseados em evidências contextuais, enviados diretamente para o profissional, uma espécie de dispositivo (como um smartphone ou tablet, por exemplo), proporcionando um ambiente mais tranquilo para os pacientes”.

Segundo o artigo, nas instituições dos EUA os pacientes internados passam por coletas de sangue cerca de 350 milhões de vezes por ano. Os dados sugerem que metade dessas coletas ocorrem entre 3h e 8h. “Estes momentos criam dor e ansiedade para muitos pacientes, e também – como se poderia imaginar – ser extremamente perturbador para dormir”.

Encontrar maneiras de fazer exames de sangue de forma mais tolerável vai ajudar os pacientes a descansar mais facilmente. “Há uma série de tecnologias e processos atualmente em desenvolvimento para resolver esta necessidade. Para os pacientes que passam por terapia intravenosa, uma tecnologia aprovada pela FDA desenvolvida pela Velano Vascular, permite que o sangue seja extraído sem agulhas adicionais. Os pacientes não precisam ser despertados do sono com a dor de uma picada de agulha – nem dormir temendo a retirada de sangue pela manhã. Um em cada 10 pacientes têm fobia de agulha, e esse benefício pode ser particularmente importante para a sua experiência de cura.

O uso de sistemas sem fio, incluindo avançadas tecnologias de comunicação,  não apenas torna mais fácil e rápido o processo de conectar a pessoa certa com a informação certa, mas também reduzem os níveis de ruído do hospital, permitindo menos distrações e presumivelmente um sono mais tranquilo para os pacientes. “Eliminar o excesso de processos burocráticos é uma solução relativamente simples com a tecnologia de hoje”, lembra a Dra. Bridget Duffy.

Há muitos processos e sistemas hospitalares que pacientes, familiares e até equipes profissionais estão cansados. As instituições devem mapear as lacunas em suas experiências de atendimento e identificar maneiras de remover essas barreiras para criar um ambiente ideal para a realização do trabalho médico e para a recuperação do paciente. “Novos padrões de tratamento devem ser concebidos e inovações devem ser implantadas para melhorar a recuperação do paciente e humanizar a experiência em saúde”, conclui o artigo.

Os hospitais de ponta são muitas vezes parceiros ideias para as startups ou empresas de tecnologia já consolidadas. A sinergia entre paciente, hospital e os “inovadores” de fora, podem apresentam soluções, que de forma prática, alterem o ambiente. Cade vez mais, este é o caminho mais sensato para o alcance de níveis “acima da média” que os hospitais tanto procuram quando discutem a experiência e a satisfação do paciente.

Veja mais algumas dicas, em matéria publicada pelo Portal Setor Saúde, em material  escrito por um dos maiores especialistas no assunto, o norte-americano Peter Provonost.

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