A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a venda do primeiro dispositivo médico que usa software de inteligência artificial (IA) para automatizar a detecção de retinopatia diabética, uma complicação do diabetes. O dispositivo chama-se IDx-DR e foi produzido pela IDx LLC, empresa de software localizada em Iowa (EUA).

O IDx-DR fornece triagem sem que o médico tenha que interpretar a imagem ou os resultados. Por isso, pode ser utilizado inclusive por profissionais de saúde que normalmente não estão envolvidos em cuidados com os olhos, como médicos de cuidados primários, por exemplo, que interagem frequentemente com pacientes diabéticos. Assim, os pacientes não precisam esperar que um oftalmologista esteja disponível para obter um diagnóstico.

O funcionamento do dispositivo ocorre da seguinte forma: uma enfermeira ou um médico capta as fotos da retina do paciente tiradas com uma câmera especial da retina, chamada Topcon NW400. Então, o algoritmo do IDx-DR primeiro indica se a imagem carregada é de alta qualidade o suficiente para obter um resultado. Depois, analisa as imagens para determinar o nível de retinoplatia do paciente.

Em um ensaio clínico que usou mais de 900 imagens, o IDx-DR detectou corretamente a retinopatia em 87% das análises e identificou corretamente aqueles que não tinham a doença em cerca de 90% dos testes realizados.

“O IDx-DR é o primeiro dispositivo autorizado a entrar no mercado e oferecer uma análise de imagens sem a necessidade de um profissional clínico para também interpretar seus resultados, o que o torna útil para os profissionais de saúde que podem não estar familiarizados com o cuidado com os olhos”, afirmou o FDA em comunicado.

O IDx-DR faz parte de uma tendência crescente de algoritmos que aprendem como identificar e diagnosticar doenças. No início deste ano, cientistas treinaram um algoritmo diferente para aprender como reconhecer condições, incluindo perda de visão relacionada à idade e retinopatia diabética. O Google também está treinando sua IA DeepMind para detectar doenças oculares. A liberação do IDx-DR pela FDA pode abrir caminho para série de testes diagnósticos autônomos.

Sobre a retinopatia diabética

A retinopatia diabética pode ser definida como uma doença vascular produzida pelas alterações metabólicas sofridas por pacientes com diabetes há anos.  É uma forma de doença ocular onde o excesso de açúcar no sangue danifica os vasos sanguíneos na parte de trás do olho. É a principal causa de cegueira em adultos de 20 a 74 anos de idade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 90% dos diabéticos do tipo 1 e 60% dos diabéticos do tipo 2 apresentarão algum grau de retinopatia após 20 anos de doença. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente cerca de 16 milhões de brasileiros sofrem de diabetes.

A probabilidade de sofrer de retinopatia diabética aumenta com o passar dos anos desde o diagnóstico da doença. Junto com isso, o mau controle metabólico, a hipertensão arterial, os níveis elevados de colesterol e a obesidade são outros fatores que levam ao surgimento dessa complicação ocular.

Na fase inicial da retinopatia diabética não há nenhum tipo de sintoma, por isso é fundamental a realização de revisões periódicas, coordenadas pelo endocrinologista ou médico de família, para o diagnóstico precoce. Para saber se uma pessoa sofre de retinopatia diabética, basta realizar um exame do fundo de olho.

Com informações do Salud Digital. Edição do Setor Saúde.