Estatísticas e Análises | 5 de janeiro de 2018

Câncer de pâncreas: novo teste para detecção precoce da doença

Procedimento se baseia na detecção da proteína EphA2 em vesículas extracelulares
Câncer de pâncreas novo teste para detecção precoce da doença

O câncer de pâncreas é uma doença em que a detecção precoce é difícil. A descoberta ocorre geralmente em um estágio avançado, desenvolvendo-se de forma agressiva. De acordo com a Sociedade Americana do Câncer, 80% das pessoas atingidas com essa forma de câncer não ultrapassam o prazo de um ano de vida após o diagnóstico. Porém, o doutor Tony Hu, da Universidade do Arizona e Virginia G. Piper Centro de Diagnósticos Personalizados (EUA), juntamente com outros pesquisadores, desenvolveram um teste de detecção precoce da doença.

Publicado pela revista científica Nature Biomedical Engineering, os pesquisadores apresentaram um teste econômico e ultrassensível, que utiliza o plasma sanguíneo para fazer o diagnóstico precoce do câncer de pâncreas. “O câncer de pâncreas é um dos cânceres para o qual precisamos desesperadamente de um diagnóstico precoce”, ressaltou o doutor Tony Hu.

O procedimento consiste basicamente na análise do plasma sanguíneo, onde é possível a detecção da proteína EphA2 (substância importante no desenvolvimento e metástase do câncer de pâncreas) em algumas vesículas extracelulares, pequenas bolhas transportadas de célula em células. Atualmente, a única cura para o câncer de pâncreas permanece sendo a remoção cirúrgica do tecido doente, mas em muitos casos não é viável devido ao grau de disseminação do câncer no momento do diagnóstico. “Outra tecnologia foi usada para detecção, mas não funciona muito bem por causa da natureza desse câncer. É realmente difícil capturar um sinal de diagnóstico precoce quando não há sintomas. Não é como câncer de mama, onde você pode sentir dor e você pode verificar facilmente um crescimento anormal”, explica.

Nanopartículas de ouro

A maioria das células do corpo segrega glóbulos pequenos chamados vesículas extracelulares, que entram no suprimento de sangue e se comunicam com outras células. Quando as células do pâncreas tornam-se cancerosas, elas produzem diferentes tipos de vesículas extracelulares.

Hu e seus colegas desenvolveram nanopartículas de ouro que se ligam seletivamente a essas vesículas de câncer em amostras de sangue. Após a ligação, as nanopartículas mudam suas propriedades emissoras de luz, sinalizando a presença de câncer de pâncreas. O teste barato e rápido pode ser feito em apenas um milésimo de mililitro de plasma sanguíneo. Hu diz que o teste também pode ser adaptado a outras doenças que segregam vesículas extracelulares únicas. “Estamos trabalhando no câncer de pulmão e linfoma e temos resultados muito positivos”, diz ele. “Além do câncer, estamos realizando um projeto sobre o diagnóstico de tuberculose”, diz ele. “Teoricamente, este teste pode ser aplicado a qualquer tipo de doença”, enfatiza o pesquisador.

Resultados do teste

O novo teste se mostrou claramente mais eficaz durante um estudo realizado com 48 pessoas saudáveis, 48 pacientes com pancreatite e 59 pacientes que sofrem de câncer de pâncreas em estado precoce ou avançado. Facilitou na detecção de mais de 85% dos cânceres.

Porém, é preciso ter cautela. Os resultados do estudo só serão validados após um estudo mais profundo, que pode durar anos, para então obter a autorização da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamento dos Estados Unidos.

Câncer de pâncreas no Brasil

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados no Brasil e por 4% do total de mortes pela doença. Raro até os 30 anos, o câncer de pâncreas possui incidência mais comum a partir dos 60 anos de idade. De acordo com a União Internacional Contra o Câncer, os casos da doença aumentam com o avanço da idade, com maior prevalência entre os 80 e 85 anos e na população masculina. A incidência é de 10 casos para 100 mil habitantes entre 40 e 50 anos e de 116 casos para cada 100 mil habitantes entre 80 e 85 anos.

Com informações do portal New Scientist e The Biodesign Institute. Edição do Setor Saúde.

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