Mundo, Tecnologia e Inovação | 15 de setembro de 2014

As 5 principais razões para a lenta adoção da tecnologia em saúde

Médico colunista da Forbes faz balanço dos debates realizados na conferência MedX
As 5 principais razões para a lenta adoção da tecnologia em saúde

Os avanços da tecnologia na saúde foram muito debatidos na edição de 2014 da Stanford Medicine X (MedX), uma das principais conferência sobre saúde do mundo, ocorrida em setembro nos EUA. O encontro anual, que reúne lideranças, administradores, médicos, acadêmicos e empresários, tem como tradição buscar formas de transformar a saúde através da tecnologia.

Consenso entre os participantes, um dos grandes entraves para essa evolução é o lento e instável incentivo à essa nova realidade. Para resumir esse sentimento de dificuldade, o médico Robert Pearl, colunista da Forbes, publicou uma lista com as cinco principais razões pelo atraso na tecnologia em saúde.

Tecnologia sem objetivos.  Inovação deve começar com os objetivos focados no usuário final (paciente), mas muitas vezes as empresas criam a tecnologia antes de descobrir como melhor usá-la. Dr. Pearl usa as “tecnologias vestíveis” (do inglês “wearable”, como o Google Glass e relógios inteligentes) como exemplos. Os dispositivos são onipresentes nos dias de hoje, mas muitas vezes não fornecem ferramentas necessárias para trazer algum impacto na saúde.

Custo: A indústria busca suporte para melhorar a saúde, mas quer alguém para financiar as pesquisas. O colunista da Forbes também considera que há problemas no modelo de financiamento (chamado fee-for-service) norte-americano. Os médicos não vão adotar novas tecnologias imediatamente, mesmo que elas reduzam gastos, porque os benefícios do modelo de pagamento são baseados em volume e custos de serviços, não na qualidade dos resultados do atendimento.

Computadores como uma barreira. Dr. Pearl diz que os pacientes estão fazendo valer os seus direitos de acessar seus registros de saúde, biópsias e demais documentos, o que gera uma barreira entre pacientes e médicos. Os profissionais poderiam, na visão de Pearl, usar a tecnologia e os computadores para mostrar aos pacientes dados e informações pela tela de um tablet, por exemplo. As empresas precisam criar um mecanismo de dados de fácil utilização, bem como uma maneira prática para os pacientes acessarem essas informações.

Retardar em vez de acelerar. A informação disseminada eletronicamente, além de ser veloz e alcançar o mundo inteiro, ajuda a evitar erros médicos, permitindo acesso fácil a resultados de testes e pesquisas. Por outro lado, a inserção de dados eletrônicos demora mais a ser feita do que um registro de papel. O problema não é apenas o tempo gasto para digitar, mas também o formato estruturado da entrada de dados, que é mais demorado quando o aplicativo impede os médicos de pular etapas ou deixar de fora detalhes clínicos irrelevantes. As empresas poderiam ajudar desenvolvendo softwares que reduzam o tempo para a inclusão de dados.

Tecnologia impessoal.  Segundo o médico norte-americano, os pacientes querem saber suas informações de saúde através de meios digitais, como uma forma cada vez mais comum de gerenciar suas vidas. Os pacientes tornam-se frustrados com um sistema que não acomode essas necessidades e dificulte pesquisas e análises. “Dizer a um paciente que ele tem câncer requer tempo, compaixão e habilidades interpessoais. Esta é a arte tradicional da medicina. Mas descobrir o melhor tratamento é mais uma questão de tecnologia e ciência”, lembra Dr. Pearl.

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