Mundo | 11 de junho de 2015

Uso de omeprazol associado a ataques cardíacos

Pesquisa indica aumento na chance de problemas no coração em até 21%
Omeprazol associado a ataques cardíacos

Medicamentos preventivos que reduzem a acidez do estômago estão entre os mais prescritos do mundo e representam um mercado de US$ 14 bilhões de dólares. Esses Inibidores da Bomba de Prótons (IBP), vendidos no Brasil como Prilosec (omeprazol) ou Prevacid (lansoprazol), podem estar ligados ao aumento de 16% a 21% do risco de um ataque cardíaco, segundo o estudo “Proton Pump Inhibitor Usage and the Risk of Myocardial Infarction in the General Population” da Stanford School of Medicine (EUA) publicado na revista PLOS ONE.

Nos EUA, médicos emitem mais de cem milhões de receitas médicas por ano para estes medicamentos, muitas vezes considerados inofensivos, alerta a pesquisa. Para o principal autor do estudo, o professor adjunto de cirurgia cardiovascular da Universidade de Stanford, Nicholas Leeper, “estes medicamentos não são tão seguros quanto pensamos”.

Estudos anteriores descobriram que o uso dos IBPs apresentaram resultados ruins para pessoas com doença cardíaca, provavelmente por causa de uma interação com clopidogrel, um medicamento prescrito após um ataque cardíaco. Mas este novo estudo examina o risco de ataque cardíaco em pessoas saudáveis.

Os pesquisadores usaram o Data-mining, um método matemático que considera as tendências de grandes quantidades de dados e analisa a utilização dos medicamentos ao longo do tempo. Com base em históricos médicos eletrônicos de quase três milhões de pessoas, e após rastrear minuciosamente bilhões de dados, o vínculo deveria ser considerada uma questão importante, principalmente porque muitos destes antiácidos estão disponíveis sem receita médica. Foi observada, ainda, uma maior frequência de crises cardíacas em pessoas que tomavam os antiácidos IBPs com menos de 45 anos e com boa saúde.

Ao ser analisada outra classe de antiácidos, os anti-histamínicos H2 (como os medicamentos Pepcid, Tagamet e Zantec) não têm relação com um aumento do risco cardíaco, segundo análise dos registros médicos de 2,9 milhões de pacientes. Os anti-histamínicos H2 estão presentes no mercado há mais tempo que os IBPs e são razoavelmente eficazes contra a acidez do estômago.

Outro estudo recente, realizado pela operadora de plano de saúde norte-americana Kaiser Permanente, indicou que o consumo contínuo (por dois anos ou mais) de doses elevadas de omeprazol pode levar a problemas neurológicos graves, como demência e anemia (veja matéria aqui).

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