Mundo, Tecnologia e Inovação | 1 de fevereiro de 2018

Uso de marca-passo cerebral no tratamento do Alzheimer

Estudo diz que dispositivo pode reduzir o declínio cognitivo
Uso de marca-passo cerebral no tratamento do Alzheimer

Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio dizem que a terapia de Estimulação Cerebral Profunda, ou Deep Brain Stimulation (DBS), através do uso de um dispositivo semelhante a um marca-passo (pacemaker) cardíaco, pode retardar o declínio das habilidades de resolução de problemas e de tomada de decisão nos pacientes com Alzheimer.

O estudo publicado foi publicado no Journal of Alzheimer’s Disease. Os pesquisadores implantaram fios elétricos finos nos lobos frontais de pacientes com doença de Alzheimer para verificar se o uso de um marca-passo cerebral poderia melhorar habilidades cognitivas, comportamentais e funcionais em pacientes com essa forma de demência.

Eles descobriram que o uso de DBS para atingir as regiões do cérebro frontal pode reduzir o declínio geral do desempenho tipicamente visto em pessoas com doença de Alzheimer leve ou precária.

O sistema de estimulação do cérebro envolve a implantação de fios muito finos com elétrodos no cérebro. Estes estão ligados a um gerador de pulso – pacemaker – debaixo da pele da parede torácica. O dispositivo envia estimulação elétrica que melhora as capacidades do paciente ou reduz os seus sintomas de demência. O DBS já está ajudando milhares de pacientes com doença de Parkinson a superar sintomas de tremor, mas seu uso na doença de Alzheimer ainda é muito experimental.

“Os lobos frontais são responsáveis por nossas habilidades para resolver problemas, organizar e planejar e utilizar bons julgamentos”, explica Douglas Scharre, um dos responsáveis pelo estudo e diretor da Divisão de Neurologia Cognitiva no Instituto Neurológico do Centro Médico Wexner de Ohio (EUA). “Ao estimular esta região do cérebro, as habilidades funcionais cognitivas e diárias dos indivíduos com doença de Alzheimer diminuíram mais lentamente em comparação ao grupo que não estava sendo tratado com DBS”.

Os pesquisadores disseram que vão trabalhar com os métodos não cirúrgicos para estimular o lobo frontal, o que seria uma opção de tratamento menos invasiva para abrandar os sintomas da doença de Alzheimer. Apesar de ressaltar as melhorias e eficácia do tratamento, os especialistas afirmam que ainda são precisos estudos que comprovem efetivamente a eficácia do aparelho.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, Alzheimer é a forma mais comum de demência, responsável por 60% a 70% dos casos. A estimativa é de que, no mundo inteiro, 47 milhões de pessoas sofram de demência e, a cada ano, cerca de 10 milhões de novos casos sejam registrados. A doença afeta mais de 5 milhões de pessoas nos EUA. Esse número deverá aumentar para até 16 milhões até 2050, de acordo com a Associação de Alzheimer norte-americana. No Brasil, não há dados consolidados, mas a Associação Internacional de Alzheimer afirma que na literatura há estimativa de que cerca de 1,2 milhão de pessoas sofram com a demência no País, sendo 100 mil novos casos por ano.

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