Unimed Porto Alegre lança Linha de Cuidado alinhada ao conceito de Valor em Saúde
Após inaugurar de forma pioneira o Escritório de Valor em 2023, Unimed apresenta sua primeira linha de cuidado desenvolvida em parceria com cooperados, prestadores e pacientes.A Unimed Porto Alegre promoveu na sexta-feira (22), o 1º Summit Internacional de Valor em Saúde. O evento realizado no Instituto Ling discutiu cases de sucesso envolvendo a Saúde Baseada em Valor ou Value Based Health Care (VBHC), em inglês. Porém, a atividade também marcou o início de um novo modelo de gestão e relacionamento desenvolvido em parceria com cooperados e a rede de prestadores. O objetivo é criar linhas de cuidado alinhadas aos modelos já utilizados internacionalmente, porém adaptados à realidade nacional. O portal Setor Saúde esteve presente e conversou com executivos da operadora e com Marcia Makdisse, principal especialista em VBHC no Brasil. No evento também foi lançada a Aliança de Valor em Saúde e a entrega de distinções a hospitais que aderiram ao movimento pela busca de soluções com uso do valor em saúde, juntamente com a operadora.
O Dr. Márcio Pizzato (Presidente do Conselho de Administração da Unimed Porto Alegre) salientou o pioneirismo da cooperativa médica e os objetivos da iniciativa. “A Unimed Porto Alegre está sendo protagonista não só em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, mas no Brasil ao ter implementado um Escritório de Valor. O que significa isto? Nós queremos acompanhar a jornada do paciente integralmente. De preferência, queremos prover ações para que o nosso beneficiário tenha uma boa saúde e que não tenha o infortúnio de ser acometido por uma doença. Mas se por acaso isso acontecer, devemos acompanhar o paciente com o melhor profissional, no melhor hospital, na melhor clínica. E para isto é preciso acompanhar índices e buscar o melhor desempenho em uma determinada patologia. Nossa meta é buscar um desfecho final que seja excelente, possibilitar que o nosso paciente consiga voltar o mais breve possível para a sua casa, para junto dos seus. O processo inicia, na verdade, antes mesmo, na prevenção. Mas nós estamos, de forma ainda mais apurada, olhando a jornada e os desfecho. É importante ter o melhor protocolo para um tipo de cirurgia ou para um tratamento específico, nas mais diferentes patologias.”
“Neste evento trouxemos o Sir Muir Gray,(foto abaixo) uma referência mundial em Saúde Baseada em Valor. Iniciamos um trabalho há cerca de um ano atrás com a doutora Márcia [Makdisse], a maior autoridade no Brasil neste assunto. Ela também está presente aqui no evento para promover este movimento que acreditamos que irá ajudar no processo de transformação do mercado. A nossa primeira linha de cuidado, que já demonstrou ser um sucesso, é destinada a pacientes com dor lombar”, anunciou Pizzato.
“Escolhemos uma área médica específica e estudamos a fundo ela, trazendo junto o prestador. E unimos um grupo de profissionais capacitados para medir o desfecho. O próximo passo é difundir isso. Após esta etapa, avançaremos para uma segunda, terceira, quarta, décima linha de cuidado. Temos consciência de que é preciso ir devagar para poder mensurar da melhor forma o que se tornará um protocolo. Hoje em dia a saúde precisa ser mensurada, caso contrário não chegaremos a lugar nenhum”, defendeu Pizzato.
O CEO da Unimed Porto Alegre Leandro Firme reforçou que a adoção de práticas com enfoque no valor em saúde é uma mudança de paradigma importante para a operadora e para o setor. “A Unimed de Porto Alegre é a primeira operadora no Sul do País a ter um Escritório de Valor. Esse movimento visa fomentar uma mudança de lógica de como se pensa a saúde. A ideia do evento é trazer cases de sucesso de várias regiões, inclusive internacionais. É uma lógica que já é aplicada pelo mundo afora e que a Unimed está adotando de forma estratégica para o futuro da saúde,” destacou Firme.
“Essa mudança de lógica certamente terá um impacto real na rede e dentro do ecossistema de saúde. É um caminho que altera o relacionamento da operadora como fonte pagadora, com a sua rede prestadora e, principalmente, na interlocução com o próprio beneficiário, que são as pessoas que utilizam o plano de saúde”, complementou o CEO da Unimed Porto Alegre.
Um dos temas principais do evento foi a cooperação em rede, elemento fundamental para esta nova engrenagem de relacionamento. “A gente busca uma cooperação que nos possibilite sair da lógica da doença, do hospitalismo, para que de fato consigamos focar em uma saúde mais preventiva e resolutiva. O valor em saúde está amparado sobre protocolos que são combinados entre a rede credenciada e a própria operadora. Nesse sentido, buscamos em conjunto reduzir os desperdícios. Hoje a gente sabe que as jornadas dos pacientes não são nada inteligentes, tanto em termos assistenciais como de sustentabilidade. Hoje vemos muitos desperdícios em exames de diagnóstico ou até mesmo em indicações de tratamento que muitas vezes não resolvem o problema do paciente. Isso posterga a resolutividade e custa caro para o sistema de saúde “, pontuou Firme.
Segundo Márcia Makdisse, Sócia-Fundadora da Mak Valor Mentoring e da Academia VBHC e responsável por auxiliar a operadora no processo de implementação do Escritório de Valor, o evento possui um simbolismo importante. “Este evento coroa um trabalho de dois anos para implementar na prática um Escritório de Valor na Unimed Porto Alegre. O objetivo é que a partir desta primeira linha de cuidado, possamos avançar e criar novos modelos baseados em valor. Mas o que significa na prática ter linhas de cuidado baseadas em valor? Significa que eu vou olhar não só para o custo, mas para os resultados em saúde, os desfechos que importam para as pessoas, para os beneficiários. O primeiro passo foi criar essa estrutura de trabalho dentro da Unimed. Eu costumo dizer que para transformarmos a saúde a gente precisa de dois tipos de incentivo. Eu tenho que pagar pelo melhor resultado, ao invés de pagar só por volume para quem presta o cuidado. Eu também tenho que investir na transformação. Levar conhecimento para as pessoas é um dos caminhos para a mudança de paradigma. Trazer conhecimento, demonstrar novas formas de cuidado e apresentar projetos práticos de sucesso para que seja possível evidenciar a todos de que este processo todo é possível de se tornar realidade, não é só teoria”, defendeu Makdisse.
“Nos dois primeiros anos o foco do nosso trabalho foi na criação de redes. A rede para pacientes com dor lombar é o primeiro passo. Fizemos um extenso trabalho para avaliar parâmetros e entender qual é o melhor tratamento. Se for um tratamento fisioterápico, por exemplo, uma rede pronta e treinada em uma abordagem cognitivo-comportamental estará apta a atender quem sofre desta condição. Fisioterapeutas seguem a mesma linha de cuidado, juntamente com médicos especialistas em coluna e conectados conosco. Desde o desenho do modelo, eles integram com outros profissionais a equipe multiprofissional”, aprofundou Makdisse.
A especialista ressaltou a iniciativa da Unimed que pôs em prática o que pode vir a ser um exemplo de modelo de saúde a ser seguido, mais racional, assertivo e menos oneroso. “A Unimed foi a primeira operadora no Brasil a ter um escritório de valor em saúde com todos os elementos que um escritório deste tipo exige. Ela criou a estrutura completa de um escritório de valor em saúde, conduzindo grupos de experiência com pacientes, desenvolvendo novos modelos de interação e novas redes de cuidados baseados em valor. Ou seja, não foi um projeto piloto, mas sim uma solução completa de valorização.”
Conforme Makdisse, no Brasil ainda se trabalha muito com um conceito de rede tradicional, com organizações que trabalham independentes. “Os prestadores que vão entrar para uma rede de valor vão ser medidos pelos mesmos indicadores de performance. E esses indicadores de performance não falam só de custo e processo. Por exemplo, na dor lombar medimos o grau de funcionalidade, quanto você recuperou da sua mobilidade, o quanto você diminuiu a sua dor? Estes indicadores estão atrelados ao modelo de pagamento, ou seja, uma parte do pagamento dos fisioterapeutas e dos médicos está condicionado a atingir esse resultado.”
Um dos desafios, como em qualquer mudança, é o momento de sensibilizar e engajar os médicos. Makdisse diz que a Unimed possui uma vantagem por ser uma cooperativa médica. “Nós selecionamos os médicos que estavam dispostos a participar de uma jornada, dedicar tempo e aceitar um novo modelo de trabalho multidisciplinar e um novo modelo de remuneração. Tem uma máxima em valor em saúde que a gente começa pequeno e escala depois. No caso da linha de Cuidado que estamos lançando , os médicos e os fisioterapeutas participaram desde o começo dessa investigação. “
O próximo passo, conforme a especialista, é expandir o modelo para outras áreas do cuidado. “Vamos ter mais um ano de contrato com a Unimed e a nossa ideia é escalar para os dois lados. Escalar com a própria rede no sentido de criar modelos que podem ser aplicados para outras funções, mas também crescer a rede de parceiros. Isso não vai acontecer no curtíssimo prazo, mas a gente vai começar a olhar outros modelos, porque nem tudo precisa ser rede. Eu posso ter um episódio de cuidado com uma questão mais pontual. A gente está trabalhando em uma rede para idosos, condições agudas, estamos também trabalhando em uma rede para transtorno do espectro autista – TEA. Ontem a gente teve uma reunião com o time, médicos e profissionais das equipes como fonoaudiólogo e psicólogo, já avaliando uma rede de TEA, por exemplo. O nosso plano é consolidar o conceito de rede e abrir essas novas redes para o ano que vem.”
“Uma coisa bacana que a gente também quer expandir são os grupos de experiência com os beneficiários da Unimed. Quando fomos desenhar a linha da Dor Lombar, conversamos com pacientes que tinham sido operados e pacientes que não tinham sido operados. E ouvimos deles o que para eles funciona na rede, o que não funciona e o que é importante para eles. E isso foi muito, muito importante para nortear o desenho. Vamos manter as discussões de grupos de pacientes nos demais projetos estipulados para a linhas de cuidado, isto é essencial”, explicou Makdisse.
Ao falar sobre a iniciativa iniciada em 2023 (inauguração do Escritório de Valor), o Líder médico do Escritório da Unimed Porto Alegre, Dr. Marcelo Miglioranza, ressaltou que a operadora busca ir além do que usualmente os planos de saúde se propõem a fazer. “A Unimed Porto Alegre tem a premissa de fazer a diferença na vida das pessoas e não ser meramente um plano de saúde. Com base nisso surgiu um projeto estratégico: investir na saúde baseada em valor. O que é afinal isso? Resumidamente é focarmos todo o cuidado no paciente e no que realmente importa para ele. Ou seja, não é meramente oferecer os cuidados de saúde, mas oferecer aqueles cuidados que têm pertinência e que vão resolver os principais anseios do paciente, além de trazer uma melhor saúde. Nós estamos vivendo, na verdade, um movimento de transformação na área da saúde. No exterior este movimento já é bastante desenvolvido. E agora estamos igualmente buscando este processo.”
“O Cuidado de Saúde Baseado em Valor busca mensurar o que está sendo entregue para o paciente, avaliando os desfechos. Com isso oferecemos um modelo de remuneração diferente para os médicos e para os demais prestadores, instituindo bonificações por desempenho e divisão de riscos”, acrescentou Miglioranza.
“Toda transformação para acontecer precisa de um movimento inicial. E dentro de uma organização, a área responsável por impulsionar essa transformação é o Escritório de Valor. É nele que se inicia a mudança cultural dentro da organização. É onde vamos desenhar as linhas de cuidado, onde serão feitos os grupos de experiência com os pacientes para entender quais questões têm que ser melhor trabalhadas dentro da assistência. Por isso, um exemplo ideal para iniciarmos é o da linha de cuidada da dor lombar, um grande problema de saúde. Ela oferece uma limitação funcional para os pacientes. Além disso, gera dor crônica muitas vezes. Os pacientes querem simplesmente poder ficar uma hora na frente da TV, sentado, assistindo a um filme sem ter que se levantar por causa da dor. Ao escutá-los, nós começamos a desenhar uma linha de tratamento para oferecer essa melhora funcional e redução da dor, um tratamento especifico para a condição de saúde deste perfil. Queremos gerar reflexos importante na melhora da qualidade de vida do nosso beneficiário.”
“Essas transformações que nós estamos desenvolvendo na área da saúde poderá transformar também o ecossistema. Faz parte do nosso objetivo introduzir e desenvolver os conceitos e as experiências de valor em saúde junto a massa crítica, entre os profissionais da área da saúde, junto aos prestadores.”
Lançamento da Aliança de Valor em Saúde e distinção a hospitais
No evento também foi lançada a Aliança de Valor em Saúde. “A Aliança é justamente um movimento direcionado para a nossa comunidade. Buscamos envolver todos entes, hospitais, universidades, usuários, pacientes, indústrias, startups…. para começarmos a pensar diferente e a oferecer um cuidado de saúde melhor.”
Os primeiros hospitais parceiros das iniciativas construídas com a metodologia de Valor em Saúde receberam uma distinção da Unimed no evento, são eles: Hospital Divina, Hospital São Lucas da PUCRS, Hospital Mãe de Deus, Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Hospital Moinhos de Vento.
A ideia é valorizar prestadores que apostam na busca de uma transformação da saúde junto com a Unimed. “Muitos pacientes procuram assistência médica relacionando com o que estão sentindo, mas poucos pacientes focam em saber se o prestador, o hospital A, B ou C, o médico A, B ou C, entrega maior valor ou não pra ele? Este reconhecimento é uma forma de valorizar os parceiros que estão nesta caminhada conosco”, finalizou o Líder Médico do Escritório de Valor da Unimed Porto Alegre.
Fotos: Crédito: Cassius Souza.