Estatísticas e Análises | 2 de maio de 2017

Tratamento da fibromialgia prioriza exercícios em detrimento do uso de medicamentos

Diretrizes afetam diretamente os médicos de cuidados primários
Tratamento da fibromialgia prioriza exercícios em detrimento do uso de medicamentos

Ao assinar sua coluna para o Medscape, o professor de medicina da Universidade de Massachusetts, Dr. Jonathan Kay, destacou a fibromialgia e todas as dificuldades encontradas no tratamento, tanto pelos médicos quanto pelos pacientes.

Devido à complexidade da fibromialgia, a European League Against Rheumatism (Liga Europeia Contra o Reumatismo, em português) publicou recomendações para o tratamento desta condição em 2007. No jornal científico Annals of Rheumatic Diseases, em 2016, um grupo de 18 reumatologistas e pacientes de 12 países europeus publicaram recomendações para o tratamento desta condição com base numa extensa revisão e análise dos dados disponíveis.

Dr. Kay explica que os pacientes com a síndrome apresentam dor generalizada, fadiga e sensação de sentir-se desprotegido ao acordar e, muitas vezes, descrevem dores de cabeça e nas extremidades e aumento da sensibilidade ao toque leve. “Ela não é uma doença, é uma condição de vida”, relata.

O professor de medicina também escreve que a condição pode ser um desafio para médicos de cuidados primários, que acabam se frustrando por sua incapacidade de fornecer tratamento eficaz para esta condição.

Novas recomendações

A conclusão mais importante que saiu das recomendações foi que atividades aeróbicas e exercícios de fortalecimento são as mais fortes orientações para tratar a condição. O especialista explica que sempre aconselha o paciente a se tornar mais ativo. Também foram recomendadas outras terapias, como acupuntura, tai chi, meditação e terapia cognitiva.

Curiosamente, os relatórios não recomendam terapia farmacológica, como duloxetina, milnacipran ou tramadol para alívio da dor. Nem baixas doses de amitriptilina, pregabalina e ciclobenzaprina para pacientes com distúrbios do sono. “Evidências para esses medicamentos eram bastante fracas”, conta Dr. Kay.

O médico explica que se um paciente apresenta o sintoma, deve ser aconselhado a realizar um programa de exercícios supervisionados para condicionamento aeróbico e fortalecimento geral. Se o padrão de sono é afetado, é necessário focar na qualidade do sono. Também pode ser iniciada alguma terapia farmacológica, mas certamente não com analgésicos narcóticos ou anti-inflamatórios, que são ineficazes nessa condição.

Kay garante que estas diretrizes afetam diretamente os médicos de cuidados primários que agora serão capazes de tratar os pacientes com esses sintomas, sem precisar de um encaminhamento para reumatologistas, a menos que haja evidência clara de uma articulação inchada ou outra evidência de um distúrbio.

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