Mundo | 13 de abril de 2015

Transfusão de sangue é usada de forma desenfreada segundo especialista

Prática gera bilhões de dólares em gastos
Transfusão de sangue é usada de forma desenfreada segundo especialista

A transfusão de sangue é um importante procedimento que salva incontáveis vidas em todo o mundo. Porém, em um artigo publicado na revista Nature, o uso dessa prática, que custa bilhões de dólares anualmente, é questionada. A autora do artigo, Emily Anthes, colheu evidências para mostrar que o tratamento é caro e pode ser potencialmente perigoso. Além disto, em muitos casos, é desnecessário.

Os benefícios da transfusão de sangue se tornaram popularmente conhecidos após a II Guerra Mundial, quando médicos começaram a adotar amplamente a transfusão, sem testes clínicos, para garantir a segurança do paciente.

Atualmente, algumas instituições estão, aos poucos, coibindo a prática. Em 2009, o Stanford Hospital and Clinics, da Califórnia, gastava anualmente cerca de US$ 6,8 milhões com transfusões. Seguindo uma série de evidências, a instituição mudou o sistema, e sempre que um clínico pedia uma transfusão para algum paciente, o hospital analisava os mais recentes resultados de laboratório. Se os números indicassem que paciente estava saudável o suficiente para sobreviver sem uma transfusão, um aviso online era encaminhado para o profissional, com orientações e solicitando uma nova justificativa para o pedido de transfusão.

O número de transfusões de células vermelhas do sangue caiu 24% entre 2009 e 2013, o que representa uma economia anual de US$ 1,6 milhão apenas em custos de compra. Junto com as taxas de transfusão, caíram a mortalidade, o tempo médio de internação e o número de pacientes que precisavam ser readmitidos no prazo de 30 dias após uma transfusão. Tudo pelo simples fato de fazer os médicos pensarem duas vezes sobre as transfusões. O hospital reduziu custos e também melhorou os resultados dos pacientes.

O mais relevante, no entanto, é que a transfusão de sangue pode causar sérios danos. Embora seja um risco pequeno, é possível receber um sangue infectado, além do fato de um sangue “estranho” poder interagir de forma complicada com o sistema imunológico. Categorizar o sangue em diferentes tipos (A, B, AB, O+ e O-) evitam, mas não eliminam, reações imunológicas perigosas.

Veja mais detalhes (em inglês) na revista Nature sobre algumas diretrizes utilizadas para determinar a necessidade de uma transfusão.

VEJA TAMBÉM