Estatísticas e Análises | 26 de junho de 2018

Surto de toxoplasmose em Santa Maria pode ter como possíveis origens água e hortaliças

Este é o maior surto da doença no país
Surto de toxoplasmose em Santa Maria pode ter como possíveis origens água e hortaliças

O surto de toxoplasmose em Santa Maria pode ter origem na água da torneira e hortaliças. Nesta terça-feira (26), técnicos do Ministério da Saúde estiveram na cidade para esclarecer as análises realizadas até então. Conforme os profissionais, o trabalho de investigação da origem do surto ainda segue e não há, ainda, a exata confirmação do foco da contaminação. Os embutidos e as carnes suínas foram descartados das investigações.

O surto em Santa Maria de toxoplasmose, uma doença provocada por um protozoário, é o maior já registrado no País. Até o dia 18, foram confirmados 569 casos em laboratório, dos quais 50 em gestantes e sete em bebês que contraíram a infecção ainda no útero materno.

Também foram confirmados dois abortos e três óbitos fetais (com mais de 20 semanas de gestação). Estão ainda em investigação 312 registros. Entre eles, 145 em gestantes, 17 bebês com suspeita de toxoplasmose congênita e um aborto.

Investigação em andamento

Durante a apresentação das possíveis causas do surto, o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Osnei Okumoto, que representou o Ministério da Saúde na ocasião, destacou que foi feito um estudo retrospectivo de todas as informações colhidas em Santa Maria, além de terem sido levadas em consideração os casos de surtos de Toxoplasmose registrados no Brasil e no Exterior.

“Os dados coletados aqui foram encaminhados para o Ministério da Saúde. Sentamos com todos os técnicos, de diferentes áreas, para analisarmos esse material. A probabilidade de encontrar esse protozoário dentro de um alimento ou dentro da água é uma constante em várias partes do mundo. Chegamos a dados que nos direcionam, mas que não dão certeza ainda, dessa possibilidade de a contaminação ser pela água ou pelas hortaliças. Como isso é uma probabilidade, não uma comprovação, seguiremos fazendo pesquisas e análises criteriosas”, explicou Okumoto, não descartando a possibilidade de uma contaminação cruzada.

Ainda durante a coletiva, o Diretor de Inovação, Relacionamento e Sustentabilidade da Corsan, Eduardo Carvalho, afirmou que a companhia segue auxiliando no trabalho de investigação. Segundo ele, além dos procedimentos rotineiros e de controle de qualidade, a Corsan está, nesta e na próxima semana, realizando a manutenção dos 29 reservatórios da cidade, medida que, anualmente, é realizada.

A toxoplasmose

Popularmente conhecida como “doença de gato”, a toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, facilmente encontrado na natureza, que pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a doença pode ocorrer pela ingestão de oocistos – onde o parasita se desenvolve – provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminadas com fezes de gatos infectados; ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro; ou por intermédio de infecção transplancentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriam a infecção durante a gravidez.

O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, ocorre de 10 a 23 dias, quando a fonte for a ingestão de carne; de 5 a 20 dias, após ingestão de oocistos de fezes de gatos. Não se transmite diretamente de uma pessoa a outra, com exceção das infecções intrauterinas.

Sintomas

  • * Febre
  • * Cansaço
  • * Mal estar
  • * Gânglios inflamados

Prevenção

  • * Não ingerir carnes cruas ou malcozidas
  • * Comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água corrente
  • * Evitar contato com fezes de gato. As gestantes, além de evitar o contato com gatos, devem submeter-se a adequado acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da contaminação intrauterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes
  • * Em pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso

 Tratamento

A necessidade e o tempo de tratamento serão determinados pelas manifestações, locais de acometimento e principalmente estado imunológico da pessoa que está doente. São três as situações:

  • * Imunocompetentes com infecção aguda: somente comprometimento gânglionar, em geral não requer tratamento; infecções adquiridas por transfusão com sangue contaminado ou acidentes com materiais contaminados, em geral são quadros severos e devem ser tratados; infecção da retina (corioretinite), devem ser tratados
  • * Infecções agudas em gestantes: devem ser tratadas pois há comprovação de que assim diminui a chance de contaminação fetal; com comprovação de contaminação fetal: necessita tratamento e o regime de tratamento pode ser danoso ao feto, por isso especial vigilância deve ser mantida neste sentido
  • * Infecções em imunocomprometidos: estas pessoas sempre devem ser tratadas e alguns grupos, como os contaminados pelo vírus HIV-1, devem permanecer tomando uma dose um pouco menor da medicação que usaram para tratar a doença por tempo indeterminado. Discute-se, neste último caso a possibilidade de interromper esta manutenção do tratamento naqueles que conseguem recuperação imunológica com os chamados coquetéis contra a AIDS

 

Com informações da Prefeitura Muncipal de Santa Maria. Edição do Setor Saúde.

VEJA TAMBÉM