Sistema de saúde espanhol cada vez mais restritivo
Refém da crise, governo tenta adaptar seu modelo de assistência, adotando medidas de coparticipação.A Espanha de outrora, que viveu um boom econômico impulsionando transformações sociais importantes, apresentava um sistema de saúde exemplar, que serviu de modelo para outros países, principalmente em relação às políticas de acesso à saúde e a medicamentos. Porém, o fornecimento de muitos remédios gratuitamente para a população, com a economia a pleno vapor, gerou silenciosamente um gasto altíssimo aos cofres públicos, que ao chegar da crise, expôs a fragilidade deste sistema que atendia de forma quase que universal seus moradores e visitantes.
Antes da crise, bastava o usuário chegar à farmácia com uma recomendação médica para retirar o seu remédio. Hoje, para conseguir a mesma medicação, a pessoa precisa deixar alguns euros no caixa, em um modelo de coparticipação que ficou conhecido como “copago”. Os idosos devem pagar 10% do valor dos medicamentos, já os demais, terão que arcar com 40% a 50% do valor. Mesmo assim, a falta de dinheiro do governo está deixando muitas pessoas sem remédio. Já existem farmácias espanholas que não possuem remédios para diabetes e pressão alta, consequência da indisponibilidade do governo em honrar a sua parte nesta divisão.
Outra parcela da população atingida é a dos “sin papeles”; como são chamados os imigrantes que vivem ilegalmente no país. Com uma nova determinação posta em prática neste ano, estes continuarão a ser atendidos em centros de saúde, porém ao final do atendimento, serão indagados se possuem ou não condições de pagar pelo atendimento. Tendo condições de pagar, o mesmo deverá ser feito. A tentativa é acabar com os abusos.
Esta medida, porém, pode alcançar pouco resultado na prática, visto que se o paciente relatar que não pode pagar pelo atendimento, a conta ficará para o Estado. Segundo o governo espanhol, entre os “sin papeles”, encontram-se pessoas que vão à Espanha em busca de atendimento através de turismo médico gratuito. Pela primeira vez em muitos anos, o sistema de saúde espanhol busca distinguir estrangeiros e residentes no atendimento público de saúde.