Gestão e Qualidade, Política | 15 de fevereiro de 2018

Sírio-Libanês inicia consultoria no Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre

Hospital gaúcho vive grave crise financeira 
sirio libanes inicia consultoria no Beneficência Portuguesa de Porto Alegre

No Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, ocorreu a solenidade que marcou o início do processo de consultoria que o Hospital Sírio-Libanês (SP) realizará no Hospital Beneficência Portuguesa (RS). A instituição paulista foi escolhida pelo governo federal para ajudar a recuperar o hospital gaúcho. A FEHOSUL esteve presente no evento, com as participações do presidente da entidade, médico Cláudio Allgayer, e do vice-presidente, Pedro Westphalen – atual secretário de Transportes do Estado do Rio Grande do Sul.

Claudio Allgayer acompanhou a atividade

Claudio Allgayer acompanhou a atividade

 

Atualmente, o Beneficência Portuguesa conta com apenas três pacientes e luta para se manter ativo.  A Instituição, de 160 anos e que nos seus melhores momentos dispunha de  200 leitos, acumula uma dívida reconhecida de cerca de R$ 70 milhões.

Segundo o Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), Paulo de Argollo Mendes, as primeiras medidas tomadas para a reestruturação serão divididas em duas partes, “uma de urgência e outra de pleno funcionamento”.

 

Em relação a urgência, Argollo destaca a importancia de não deixar o hospital fechar. “Por isso estamos mantendo 3 ou 4 pacientes, que em termos de saúde pública não tem nenhum significado, mas conserva a estrutura andando”, afirma.

Para atingir o pleno funcionamento, Argollo explica que o hospital está sob processo de auditoria executado pelo Banco do Estado do Rio Grande do Sul para saber qual o real valor da dívida e também negociar, com o próprio banco do RS, um empréstimo. “Pensamos que podemos estar funcionando a pleno em 6 meses”, especula.

O Secretário da Saúde do RS, João Gabbardo, lembrou a importância do Beneficência Portuguesa para o Rio Grande do Sul. “Esse é um hospital tradicional, tem uma localização excepcional e faz parte da cultura do povo do RS. O hospital tem uma história na saúde pública de Porto Alegre. O Estado do Rio Grande do Sul vai fazer todo um esforço para que continue funcionando, seja para atendimento do SUS ou para convênio”, conta.

O presidente do Hospital Beneficência Portuguesa, Augusto Veit, afirmou que a crise ocorreu por falhas administrativas. “Houve falhas de gestão. Efetivamente, não tem o que se discutir. Acrescentando com outros problemas que houveram nos últimos anos. Resumindo, falhas e atitudes incorretas na gestão”, explica.

Veit também diz que é necessário contornar os problemas que já existem, como a cozinha interditada, antes de realizar uma prestação de serviço. “Enquanto é feito os levantamentos da auditoria e consultoria, o hospital deve seguir lutando”, fala.

 

Sírio-Libanês 

O Sírio Libanês é uma das seis instituições do país que integram o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), financiado com recursos de isenção fiscal. Segundo o Diretor-executivo do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Torelly, a instituição paulista fará um trabalho de três meses para atingir um diagnóstico da situação do Beneficência Portuguesa para auxiliá-lo a se reestruturar. “Iremos apresentar para o Secretário Municipal e Ministério (da Saúde) quais sugestões e os próximos passos para a viabilidade dessa instituição”, explica.

Torelly destaca que dois técnicos já começaram a trabalhar e outros profissionais irão acompanhá-los na próxima semana. “Vamos realizar o diagnostico predial, tecnológico, de funcionamento médico e administrativo, além de entender toda a governança financeira da instituição”, conta.

Torelly não arrisca uma previsão para as mudanças. “A gente entende a ansiedade das pessoas, mas, antes da solução, é importante saber qual é a condição do hospital”, explicando, igualmente, que o hospital paulista não tem a intenção de agregar gestão ao seu trabalho, “ não está no escopo do Sirio-Libanês assumir hospitais em outros estados para administrar”.

Abertura de leitos psiquiátricos 

A abertura de leitos psiquiátricos pode ser uma das alternativas para manter o Hospital Beneficência Portuguesa. De acordo com o Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), Paulo de Argollo Mendes, o Beneficência Portuguesa está negociando com o Secretário da Saúde do RS, João Gabbardo, a possibilidade de criar leitos psiquiátricos, já que “são mais fáceis de manejar e podem cumprir a missão de manter o hospital funcionando”.

João Gabbardo acredita que a abertura de leitos psiquiátricos é uma alternativa válida, entretanto não deve ser a única. “30 leitos de saúde mental não sustentam esse hospital [Beneficência Portuguesa]. Essa é uma alternativa provisória, não irá resolver o problema que estamos enfrentando”, declarou.

Westphalen defendeu a importância do acordo e a mobilização de vários entes da sociedade

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